A noite escura oprime a alma e o vento geme solitário, a névoa cega meus caminhos e a penumbra oculta todos os sentidos, onde ninguém vê e ninguém sente. Os passos eram lentos e o galho já morto partiu-se ao meio, o sopro gélido da brisa dança pela minha pele e um arrepio intenso corre pela coluna. Não deveria estar aqui, não agora.
Agora é perigoso, aqui é perigoso. Mas quando não foi? Sempre, ela sempre foi segura. Segura ou perigosa? Ambas. E me diz por que a floresta chora? Está sozinha e eu não fui visitá-la. Eu não pude voltar, a sombra negra ainda está a solta e pode vir atrás de mim a qualquer momento. Preciso ir, ir embora daqui. Não! Ela está chorando por mim, precisa de mim, a floresta.
A alma corre vazia, traça os troncos finos em alta velocidade, a folha se estilhaça ao sentir meus pés a esmagando e o vento sopra mais forte em meu rosto pálido. Um grito de dor, tão alto que a floresta se calou apenas para ouvi-lo, o grito só podia se ouvir com o coração e os sombrios pensamentos me paralisaram. E corri outra vez, sem parar e sem rumo, atrás do grito dolorido. Mas devagar, se deslizar pelos lugares escorregadios vai cair e não levantará mais, procure guarida ache repouso. Não há refrigério ou resto de esperança.
O vulto me achou, não vai conseguir fugir. És fraco e incapaz, e ele é grande e sorrateiro. Veio até mim rapidamente, era aterrorizante sentir que estava tão próximo e que em segundos seria pego. E então eu corri, suando frio, com as mãos geladas e o peito subindo e descendo pela respiração intensa. A grama parecia estar movediça, minhas pernas eram cobertas pelo breu e meu próprio medo me asfixiava para dentro do chão.
A salvação. Onde achar? Que rumo tomar? Questiona minha alma sem sossego, com corpo em desalento. Quando o último feixe de luz sobrou em meio à escuridão, meu grito por misericórdia esvaziou todo o meu pulmão. A sombra de Aokigahara sorria diante o meu martírio e toda a aflição que corria em minhas veias e olhos. E por um segundo eu pude sentir o gosto da morte.
A noite naquele lugar me matou diversas vezes em diversas formas, mas a causa era sempre a mesma. A sombra. O vulto. Quando menos imaginei, ela tocou em mim e isso queimou minha pele como mármore do inferno e naquele segundo o meu grito foi ainda mais alto.
🌔
— Eu estou aqui! Estou aqui! - Jungkook me pressionou assustado contra o seu corpo quente. - Jimin! Se acalme, já passou, foi só um pesadelo.
O corpo dizia o contrário, a mente me mandava fugir agora mesmo e o mais rápido possível para longe. Olhei em volta e tudo pareceu tão perigoso ali. As mãos tremiam como o coração, as palpitações eram aceleradas e a têmpora escorria suor. Aquilo não foi um pesadelo, foi um aviso.
— O que foi? - Jungkook penteou meu cabelo molhado para trás e secou meu rosto com um lenço. - Você ficou tão agitado de repente e começou a gritar agonizante.
— Não foi nada. - Disse estas três palavras quase como um eco sem consciência.
— Como nada?! Eu só quero te ajudar Jimin! - Exclamou já ficando irritado.
— E-Eu só não quero falar sobre isso Kookie. - A voz tremeu tanto que quase foi impossível de compreender a fala, meu choro foi intenso e apavorado.
— Oh, me desculpe! Não quis falar desta maneira com você. - O Jeon me envolveu em seus braços e em seguida acariciou com cuidado todo o meu rosto. Até tentou fazer minhas lágrimas pararem, mas era impossível.
— Eu não quero dormir, não quero voltar pra lá. - Pressionei os dígitos em sua camisa e molhei a mesma ainda mais.
— Vamos ficar acordados por algum tempo, não tem problema. - A voz suave falou baixo próxima do meu rosto escondido. - Quer alguma coisa?
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INCÓGNITA • pjm✕jjk
FanfictionNão é uma leitura para qualquer um. Park Jimin, o ômega da Colônia das Névoas que minutos antes de uma reunião que poderia decidir o futuro do seu casamento, é surpreendido por algo bizarro dentro da floresta. Lute pelo amor. Jeon Jungkook, o alf...
