• CULPA • 14

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Em meio a escuridão conseguia ouvir sons abafados que pareciam vozes, infelizmente não era possível identificá-las. Senti uma espécie de plástico gelado e mole sendo posto em minha região nasal e bucal. Uma brisa penetrava meu nariz e dançava em meus pulmões, sentia minha consciência voltar. Minhas pálpebras pesavam toneladas, mal conseguia erguê-las. É impossível mexer qualquer membro, estava paralisado.

Então, em meio o breu do meu subconsciente uma névoa azul iluminou minha mente. A névoa dançava e aos poucos ia criando uma forma, era um rosto. Nix, me lançando uma piscadela com um sorriso bonito e sumindo lentamente.

De repente algo perfurou meu braço, era uma dor suportável, uma agulha adentrava minha pele e em seguida um líquido gélido infiltrou minhas veias. Meu corpo relaxava, até demais e novamente eu apagava.

[...]

Duas vozes atormentavam meu sono profundo, tentei abrir os olhos e mexer os braços, por incrível que pareça consegui. Meu corpo inteiramente doía, apoiei o cotovelo na cama e fiz força para levantar. Não conseguia abrir os olhos, por isso esfreguei as pálpebras e finalmente abri levemente. Ainda estava tudo embaçado, era difícil identificar aquelas duas silhuetas próximas a minha cama. A luminosidade do recinto aquecia minha pele e me cegava levemente.

— O que houve?

— Meu amor, você está bem?

Aquela voz era familiar com certeza a conhecia, ainda estava muito atordoado e as ideias não fluíam perfeitamente em meu cérebro. Finalmente voltei a enxergar, as manchas tomavam forma e conseguia ver quem era.

— Jisoo! - Meus olhos brilharam ao ver o rosto de minha amada amiga.

Abracei-a e senti o aroma de vinho tinto que exalava em seus cabelos castanhos. O calor do seu corpo me aquecia, finalmente minha alma entrava em pacificidade. Coloquei meu queixo em seu ombro e deitei ali em seu abraço. Notei a presença de mais alguém e abri os olhos ainda nos braços de Jisoo.

— Você? O que faz aqui? - Resmunguei.

— Essa não era reação que esperava. - Jungkook tinha um tom calmo.

— Veio aqui ver se estava morto? - Retruquei irritado.

"— Afinal, o que ele queria aqui? Manter o acordo e a boa imagem de alfa perfeito que ele sempre impôs?"

— Qual é o seu problema? Como pode dizer coisas assim? - A voz do alfa agora se alterou, ele franzia o cenho e se levantava.

— Vai dizer que do dia pra noite você se preocupa comigo?! - Estava furioso, até em meus momentos mais íntimos ele não me deixava em paz.

— Inacreditável! Não consegue mesmo reconhecer o que as pessoas fazem por você! - Mal acordei e já discutia com Jungkook aos berros.

— Ah me desculpe, muito obrigado por vir conferir se estava morto ou não! - Bradei alto.

— Ridículo! Me recuso continuar nesse lugar e sofrer tanta humilhação.

Jisoo assistia tudo em silêncio, extremamente assustada acompanhando nossas trocas de ofensas como em um jogo de ping pong.

— Não seja por isso, vá embora! - Nossos gritos poderiam ser ouvidos pelo corredor.

Jungkook caminhou até a porta, girou a maçaneta e fechou a porta com furor, fazendo um estrondo alto ecoar por todo o quarto. Fitava a porta com os olhos em chamas enquanto cerrava os punhos.

— Argh! Jisoo, como pode deixar esse alfa ficar aqui?

— Ji você entendeu errado, não é o que parece! - Ela dizia com a voz ainda recuada.

INCÓGNITA • pjm✕jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora