• II - 2 •

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O grande salgueiro sem folhas.

Caminho mais.

Viela vazia.

Mais um pouco.

Mercado de pulgas de Aiyu.

Quase lá.

As ovelhas de pelagem castanha.

E então? Onde você está?

— Min! - Exclama a voz atrás. - Jungmin, estou aqui.

Antes que pudesse me virar, senti seus braços me envolverem afoitos e o vapor em sua boca resvalou minha orelha. O que ardia em minhas bochechas era frio, mas com toda certeza Lee Minho contribuía para tal ardência.

— Obrigado por vir. - Sussurrou abraçado em mim, tocando a ponta avermelhada e gélida de seu nariz em minha nuca.

Nosso silêncio caloroso me permitia refletir sobre o que acabara de fazer.

— Meus pais vão me matar. - Disse preocupado com o futuro, mas no segundo seguinte percebi que soou muito bobo.

"Que tipo de primeira frase é essa que se fala para alguém que acaba de se encontrar? Ainda mais ele. Aish, só pode me achar um idiota."

Minho me soltou devagar e esperou que eu me virasse para então responder o que divagava.

— Não vamos pensar nisso agora, temos tempo até eles notarem. - Ele tentou amenizar meu nervosismo e preocupação como pôde, e mesmo que sua mão tremesse mais do que nunca, seu esforço era notável. - A confeitaria do Sr. Ling é ali do lado, venha!

Sua destra macia pela luva me puxou rápido e pelo ladrilho corremos. A fuligem das minas de carvão se misturavam com a alva neve, por isso o cheiro forte de carbono no ar era incômodo.

Enquanto corríamos, sorria feliz em saber que estávamos juntos. Nossos pés formavam várias pegadas por onde passávamos, e eu só pude perceber isso pelo nervosismo que serpenteava minha pele e me forçava olhar para trás a todo instante. Típico momento em que o coração acelera por estar com quem gosta, suas mãos suam, sua atenção parece retardar, tudo a sua volta passa a ser notável e os pequenos detalhes são validados como importantes. Eu diria que isso não passa de um mero reflexo do nosso cérebro, que é muito astuto, capaz de criar distrações para que então o tolo do nosso coração se acalme.

— Seu pai é realmente bravo. - Afirma Minho despertando meus devaneios e ganhando imediatamente minha atenção.

Seus olhos correram para longe de mim, não era algo agradável de se lembrar.

— E Sayuri é mais forte do que eu. - Sua última fala carregava uma pitada de vergonha.

— Você sabe bem o porquê.

— Por que mesmo?

— Ela é lúpus, esqueceu? - Rimos espantando o clima desconfortável.

— Ah, você tem razão. - Disse Lee enquanto ajeitava sua touca de lã. - Todos em sua família são lúpus, não é?

— Sim, mais ou menos. Meu pai Jeon Jimin não nasceu lúpus, mas pelo o que vimos na cerimônia de aniversário ele se tornou um.

— Nix?

Aquele nome era altamente secreto, meus pais obrigaram cada um de nós a jamais falar sobre ela com ninguém. Infelizmente Lee Minho me ouviu cochichando por ai o nome dela e descobriu aos poucos de quem se tratava, mas ele prometeu não contar para ninguém, então mantinha a confiança em seu silêncio.

INCÓGNITA • pjm✕jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora