Ah não, isso não vai prestar. O pior é que eu estou entendendo, eu sei as respostas, lembro tim-tim por tim-tim do gabarito corrigido. Mesmo assim, por precaução, li tudo e realmente a prova é exatamente igual. Principalmente a última palavra da última questão que tinha falha na última letra.
--- Jesus! -- soltei.
--- O que houve, flor? Algum problema?
Quer dizer fora ter ficado em coma por sete anos e estar fazendo a mesma prova que fiz em um universo paralelo?
--- Não, nenhum. É que eu terminei.
A diretora me olhou desconfiada.
--- Certo, mais rápido do que eu esperava, admito.
Apenas olhei-a.
--- Okay, mocinha. Vou corrigir sua prova, não vá embora, ainda nesta manhã teremos o resultado.
Saí da diretoria bem confusa, o pior e que eu não tinha reparado antes porque parecia ser normal, é que tudo ao meu redor está exatamente igual a sempre. Que merda! Como querem me convencer que foi tudo grande sonho se está tudo igual? Fui até o banheiro e até os escritos feitos com corretivo estão exatamente iguais. Meu reflexo no espelho mostra a mesma Pietra que vivi sendo enquanto estava em coma, só que sem ele, sem o Pensante.
--- Ah, isso vai dar merda, muita merda.
Enquanto analisava minha situação e imagem, alguém entrou no banheiro. Acompanhei a garota com olhar, não acreditando. Os óculos, o cabelo curto. Bel!
--- Perdeu alguma coisa na minha cara? -- ela perguntou.
Apenas fiz um 'não' com a cabeça.
--- Então por que ainda está me olhando com essa cara de retardada?
--- Nada... Não se lembra de mim?
Ela me olhou de cima a baixo.
--- Deveria?
--- Ah, caramba! Eu sou a Pietra.
Ela pareceu pensar um pouco.
--- A garota do coma? -- assenti e ela olhou para mim com dúvida -- Por que eu deveria me lembrar de você?
--- Não éramos amigas? -- questionei.
--- Éramos, sete anos atrás.
Respirei fundo e saí do banheiro andando mais rápido que podia mas ela me seguiu.
--- Posso te ajudar em alguma coisa? -- perguntou.
--- Olha, só esquece que eu falei com você.
Continuei andando até a biblioteca que estava fechada e me sentei aos pés de uma árvore que tinha atrás dela. Faltavam dez minutos para hora do intervalo. Certo. Dez minutos até virar alegoria de circo. Coloquei os fones e desliguei minha mente, viajando pela letra da música de olhos fechados, minha vida por um instante voltou a ser como antes, até que foi cutucada no ombro. Mesmo tentando ignorar, a pessoa insistiu e eu tirei os fones e abriu os olhos.
--- Esse lugar é nosso.
--- Ah, claro. Eu estou aqui agora, lamento.
O garoto musculoso me olhou feio. Desculpa se eu estiver errada, mas a última coisa que consigo ser atualmente é pacífica, paciente e controlada. Olhei para o grupo de pessoas atrás dele. Sério? Bad Boys e patricinhas?
--- Olha, queridinha, o que o Tom quis dizer é que você tem que sair daqui.
A garota loira tingida fez questão de dar ênfase no 'você'.
--- Olha, queridinha, o que eu quis dizer é que não vou sair de merda de lugar nenhum! -- minha voz exaltou.
--- Você vai sair sim! -- a baranga gritou.
--- Olha, a não ser que você tenha força o suficiente para me tirar daqui, não pretendo sair de onde estou.
--- Sua estúpida! Você vai me pagar!
--- Eu vou é? -- me levantei olhando-a com todo o deboche -- Olho para você e a única coisa que tenho é preguiça.
--- Claire, pensa bem no que você vai fazer, se a diretora pegar é suspensão na certa. -- uma garota morena interviu.
--- Não Sara, a surra que vou dar nela vai valer o sacrifício.
Não sei como, mas uma risada maquiavélica e sarcástica escapou dos meus lábios. Quando dei por mim, estava em cima da garota socando o seu rosto e repetindo suas palavras.
--- Vai. -- um soco -- Valer. -- outro soco -- O. -- mais um -- Sacrifíc...
Me seguraram pela cintura e me puxaram, ainda consegui arranhar a cara da infeliz.
--- Droga!!! Me solta!!! -- eu estava possessa, estava com tanta raiva que estava me debatendo e grunindo.
--- Se acalma, garota! -- quem me segurava gritou.
Aquela voz. Pedro! Virei meu rosto para encará-lo e ao seu lado estava Lucas.
--- Vocês dois? -- sibilei.
--- Nos conhece? -- Lucas perguntou.
Apenas os encarei calada.
--- Quem é você? -- Pedro perguntou me soltando.
--- Ninguém, não sou ninguém.
Caminhei de volta à árvore e peguei minhas coisas, observando a cara inchada arranhada e sangrando da garota que era socorrida pelo seu bando. Parti rumo à diretoria recebendo ameaças daquela garota insuportável e ignorando completamente.
--- Parabéns, Pietra. -- resmunguei -- Ótimo começo.
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Ordens Macabras do Meu Subconsciente
Teen FictionAcho que essa sinopse deveria começar de outro jeito, mas o problema é que quando se trata da minha vida, nada é normal. Cuidado, esse livro contém alto teor de tosquice e humor de baixa qualidade. Bem baixa. Tipo, bem baixa mesmo. Tudo culpa dele...