Desespero.

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Vitória Falcão.

- Amor tô indo!

Grito da sala avisando a Ana que estava indo pro trabalho. Era tarde de quinta feira. Estava toda animada com os passos dados. A casa, o trabalho, os bebês. Só faltou casar oficialmente.

Mas foi tudo muito rápido. Em dois meses, dois meses pra tudo isso acontecer. Não arrependo de nada, tá tudo bom muito bom e lindo. Como minha mãe fala uma mulher de família.

- Vih o sr. Carlos está chamando tu na sala dele.

Dou um sorriso. Lucas ultimamente está sendo um incrível amigo. Gosto muito da companhia dele.

- Só deixa eu terminar de limpar isso aqui.

Aponto para a minha câmera. Ele concorda e sai.

Termino de arrumar minhas coisas e me levanto do banco do corredor do estúdio.

Ah, Esqueci de me dizer a vocês como é por aqui no estúdio onde eu trabalho. É bem incrível. No início tem uma porta de vidro de duas partes. Ao lado esquerdo a recepção onde Lucas fica, ao lado direito um bebedouro pequeno com suporte na parede. Seguido de um corredor onde a cinco salas, duas de cada lado do corredor e uma no fundo. Ao lado da sala do fundo há uma escada dando acesso ao segundo andar, lá a mais salas, são três andares. Que até então só descobri o primeiro e o segundo. Esses dias que estava de bobeira olhei o mapa daqui, e pelo que dizia o último andar é para sessão de fotos de modelos e tals. O segundo são salas como as daqui de baixo, gerenciandores e montadores de fotos. Salas de edições.

Chego na porta do Carlos e bato. Assim que eu recebo autorização entro.

- Olá Vitória! Sente-se.

Ando até a cadeira a sua frente.

- Andei olhando o seu desempenho e sua vontade desse emprego. E também eu gostei muito daquelas fotos aleatórias que você tirou. Queria lhe promover de cargo. Queria você não só como a fotógrafa da estação de inverno, como a fotógrafa das meninas do mês que vem para uma revista de modas. Você aceitaria?

Meu coração chega acelera. Promovida de cargo caralho.

- Mar é claro sr.Carlos.

Ele da um sorriso e eu retribuo com outro.

- Creio que semana que vem já vamos começar a sessão de fotos, é só uma antecipação, preparando as meninas. E então com isso, resolvi arrumar um espaço só seu, quando você vem fica lá na recepção esperando, e complica tu mexer nas suas coisas lá.

Ele se levanta e vai até um porta chaves ao lado do armário e pega uma chave e me entrega.

- Sala 08 segundar andar. Arrumei ela lá para tu. Ten tudo que tu precisa.

Ele se levanta e faz um gesto para eu acompanha-lo. Subimos a escada e fomos até a sala que seria minha daqui para frente.

- Ela é bem espaçosa. Tem essa mesa aqui, o computador e a impressora, um armário para você guarda suas coisas e pastas, Essa outra mesa aqui é para por sua câmera e mochila. Mas pode arrumar do seu jeito. Pode por coisas aqui também, é tua sala. Vou deixar você hoje livre para arrumar a suas coisas aqui.

Dou um sorriso e balanço a cabeça concordando.

Ele entrega a chave e sai me deixando ali. Olho e vejo que realmente precisa arrumar essa sala.

Abro gaveta por gaveta do armário analisando tudo. O armário vai ficar aqui mesmo no fundo.

Vou até a mesa maior e principal e puxo-a para o lado direito, encostando-a na parede.

Depois de algumas horas arrumando aquele lugar por fim termino. Armário ao fundo, mesa normal no canto da parede esquerda ao lado do armário e em baixo do ar-condicionado, a mesa principal ficou encostada na parede direita, um pouco perto da porta. E em sua frente uma cadeira de couro e atrás a minha de rodinhas.

- Até que enfim!

Me jogo na cadeira de rodinhas olhando  para a sala.

- Tá faltando algo...

Penso.

Olho em volta e dou um sorriso. Vou até a minha câmera e passo as fotos dela para o computador que agora era meu. Depois disso imprimo a foto da Ana Clara que eu tirei.

Olho para a foto e dou um sorriso. Aquele bico lindo e os olhinhos caídos.

Pego a fita que estava na gaveta de baixo da mesa e colo a foto de Ninha na parede ao lado.

Dou um sorriso. Agora sim! Era só eu olhar para o lado que eu iria ver a razão dos meus sorrisos bobos.

Estava ouvindo Hymn for the weekend- Coldplay, até a música ser interrompida pelo toque do meu celular e a foto minha e de Ana Clara ocupar a tela .

- Alô? Amor?

- Vih? Tá ainda no serviço?

- Sim! Por que?

- Não estou me sentindo bem... Estou sangrando.

Ouço ela gemer e reclamar de algo.

Sinto meu coração errar uma batida com a resposta.

Me levanto rapidamente e saio da minha sala.

- Já estou a caminho

Ela não me responde. Olho pro celular e não está mais na chamada. Droga!

- Lucas eu preciso ir embora, minha mulher está passando mal, vou leva- la no hospital.

Falo desesperada.

- Tá Vih, eu falo para Carlos.

Concordo e saio indo para o carro.

O caminho até lá foi desesperador. As minhas mãos tremia e eu estava muito preocupada.

- Ninha?

Chamo e não obtenho resposta. Vou para o quarto e não a encontro, olho ao lado e vejo a luz do banheiro ligada.

- Hey...

Me abaixo vendo a Ana sentada no chão. Ela estava pálida e com muito sangue em volta.

- Tá doendo Vih!

Ela faz cara de choro e eu seguro a sua mão.

- Doendo? Onde amor?

- Minha barriga.

Como não sabia o que estava acontecendo resolvo leva-la ao hospital.

- Vem vamos pro hospital!

- Não consigo... Não consigo me levantar.

Ela começa a chorar. Põe a sua mão na barriga e faz cara de dor.

Passo delicadamente um braço por trás de suas coxas e o outro na suas costas. Levanto-a e vejo o seu short de malha todo sujo.

- Vih...

Olho para ela.

- Não quero perder os nossos filhos. Não podemos perder!.

- Não, não vamos perder, não vamos perder ninguém.

Levo ela até o carro e coloco-a deitada no banco do passageiro. Volto pra casa rapidamente pego o meu celular a chave do carro e saio.

- Aguenta aí. Jázim vamos chegar...

Pego a sua mão e faço um carinho de leve nela.

Erros arrumo depois. ♥

A Garota FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora