A Garota Fantasma

Sem saída.

Ana Clara Caetano.

Eu a olhava incrédula. De onde ela apareceu? Ela me fitava também. 

Ela era uma moça linda. Era alta, cabelos caramelo cacheado, e o óbvio ela era albina. Seus olhos me chamava a atenção, eram verdes cor mel, mas ao aprofundar e olhar bem eles, não tinha esse tom de cor, era indecifráveis, nunca vi essa cor de olhos antes.
   
- Quem é você?

Pergunto novamente. Ela se mexe e levanta a sua mão.  Eu estava louca, com toda certeza eu estava imaginando uma pessoa em meu quarto.
   
Ela faz um "oi" com as mãos e depois da um sorriso. E meu pai, que sorriso. Logo mais ela some do meu campo de visão, "do meu campo de visão", pois Wolf ainda olhava pela direção a onde eu a vi.

Pisco várias vezes para ter a total certeza de não estar delirando.

- Você ainda tá aí né? O Wolf esta te observando? Apareça novamente.

Tola? Sim eu era, por conversar com algo da minha imaginação.

Mas por qual motivo o Wolf ainda fitava o lugar onde ela estava?

Algumas pessoas dizem que os animais enxergam além dos nossos olhos. Será que é por isso que Wolf fitava o nada? Ela existia? Ela inda estava alí?

- Calma Ana Clara. É só a sua imaginação que Wolf adaptou também.

Falo comigo mesmo. Mesmo sentido agora uma nova presença.

- Olha... Eu posso estar doida, que é o caso. Mas você mexeu de mais comigo. Apareça novamente para mim?

Vitória Falcão.

Estava com muita raiva. De mim e do cachorro. Ele não parava de me olhar e aquilo me entregava. A garota não parava de perguntar se eu existia, quem era eu e tudo mais. Só que eu não quero manter contato com mais ninguém. Já aconteceu isso, eu já me apaixonei por uma garota desse plano. Fizemos comunicação de várias formas. Ouve um tempo em que ela conseguia até me ver sem precisar de eu me esforçar ou ser na madrugada. Mas quando eu fui inventar de toca-la, a moça desmaiou na hora e depois de quatro dias ela foi a óbito. Até hoje pra mim isso é um mistério. Nunca ousei a tocar em nenhum ser vivo e fazer comunicações. Tanto tempo vagando e eu nem se quer sei o motivo de eu ainda estar no plano terrestre.

- Ei. Última vez. Se você realmente existe e está aqui, faça uma comunicação ou apareça pra mim.

Sua voz era calma e ao mesmo tempo desesperada. Eu não vou fazer comunicação, não mesmo!

- Já vai!

Ouço ela gritar do quarto pra alguém lá na sala. Mas oras, ela não morava sozinha?

Me direcionei a porta que por graças estava aberta -E antes que me falem se eu não atravesso paredes...  Não! Eu não atravesso paredes, eu não tenho esse dom, meu único dom mesmo é adivinhar tudo e fazer as coisas ficar em câmera tartaruga...-  e antes mesmo que eu passo na porta pra ir para a sala, uma moça entra com tudo no quarto abraçando a garota que eu conheci no parque.

- Que demora. Tive que invadir o quarto.

- Me respeita Luana. Você que demorou.

Ela da uma risada.

- Que clima de velório é esse mana? Tá com cara de que viu um fantasma.

Ela debocha da garota que eu conheci no parque. Mas num é que ela viu um fantasma?

Fico rindo da situação e da pergunta. Tão inocente, mas tão certo.
  
Mas aí eu me lembro. Luana? Será que era sua namorada? O que aquela pirralha tá caçando aqui? E o que ela é da garota?

- Não é nada não Luana. Fica na sua.
- Tá sua grossa. E anda logo Ana Clara, tô com pressa. Como eu tenho uma irmã chata. Tenha dó.

Elas discutiam. Por um lado agora eu sei que o nome da moça linda alí é Ana Clara, e pro meu alívio a moça que acabou de chegar é só a irmã dela. Mas pera! O que eu tenho a ver se ela é irmã ou não da moça chamada Ana? Ah não Vitória! De novo não.

Aproveito a brecha e saio do quarto e vou para a sala esperar elas abrirem a porta da sala pra eu me mandar daqui. Passei dos limites...

- Pronta né?

- Sim!

Ouço elas conversando.

E sem eu perceber e me dar chances de reagir, elas vão até a porta e sai. Eu estava plantada lá no meio da sala. Me apresso a sair mas a porta é fechada. Droga! Como eu vou sair agora?

Olho pro lado pensando em derrubar algo no chão pra chamar a atenção da Ana. Mas ela pensaria em ser o Wolf e não adiantaria em coisa nenhuma. Penso em eu mesma abrir aporta, só que sinto que aqui é cheio de câmeras, e não seria normal uma porta abrir e fechar sozinha né?

Volto puta da "morte" (obs: seu eu falasse puta da vida ia ficar mais engraçado do que puta da morte kkk) pro meio da sala e vou pro quarto. Wolf estava deitado na cama da Ana. Eu resolvo a me contentar com a situação e me sento lá também. Afinal, não sei que hora eu irei ficar plantada aqui nesse quarto esperando a moça se divertir.