Confusão.

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Vitória Falcão.

Estava tão confuso, me ver em outro plano era confuso!

- Vih?

Me ajoelho no chão e fico fitando o nada. Não tinha lógica. Talvez a sensação ruim e algumas vozes me chamando agora fazia sentido.

- Vih! Olha pra mim.

Ela se agacha na minha frente.

- Por favor, deixa eu te ajudar?

Ana Clara.

A Vitória estava chocada, abalada e eu era a culpada. Não me sentia bem em ver ela parada fitando o nada.

- Quer que eu faça algo?

Ela me olha e se levanta e sai do quarto. Agora não vai ser legal. Como vou conversar com ela? Não sou louca a ponto de gritar o nome dela e dizer fica comigo ou me espera Vitória, no meio do corredor do hospital.

Me levanto do chão e saio um pouco apressada.

Ando um pouco e vejo uma Vitória encolhida no chão do pátio. Não sei o que passava em sua cabeça mas não aceitaria ver ela assim.

Sento ao seu lado e sutilmente toco sua mão e faço um carinho. Abaixo a minha cabeça e coloco ela entre as minhas pernas pra ninguém me ver falando "sozinha".

- Vih, bora voltar? Bora tentar concertar as coisas? Por favor...

Falo baixo.

- Ana pode me deixar sozinha? Só um minuto. É que tá tudo tão confuso... Não pensei que ia ser assim.

Ela fala com uma voz mais baixa do que o normal.

Me levanto e olho para ela e digo:

- Vou ir ali tomar um café. Qualquer coisa tu já sabe né?

Aponto singelamente em uma cafetaria e ela confirma.

Me direciono até a pequena cafeteira aconchegante e escolho uma mesa encostada na parede. Peço um café amargo e um pão de queijo.

Enquanto me deliciava do lanche, sinto olhares ao meu redor.

Eu não gostava de que me observasse, era estranho e constrangedor.

Lá pelo quinto pão de queijo sinto alguém sentando ao meu lado. Era um rapaz alto, de cabelos pretos bagunçados e barbá mal feita.

- Oi boa tarde! Sou Mike Tulio. Posso lhe fazer companhia?

Concordo com a cabeça e me ajeito no banco. Sentia seus olhos passearem no meu corpo, como se fosse um caçador analisando sua presa.

E lá estava ele falando de sua banda de garagem "Outroeu", de seus irmãos e familiares que eu nem sabia o que eu tinha a ver com sua vida.

Ao desviar o olhar vejo uma Vitória elétrica lá fora tentando a todo custo chamar a minha atenção. Ela estava tão engraçado pulando e fazendo gestos, que um sorriso bobo não escapou dos meus lábios. Ela era a descrição de abestalhada só pode!

O rapaz me olhava confuso e sem entender do que eu tava rindo. Olho sem graça pra ele e me levanto.

- Olha moço me desculpe mas tenho que ir, foi um prazer em lhe conhecer, um dia nos esbarramos por aí...

- Ok Ana Clara!

Antes de eu terminar a fala ele completa. Segura em minha mão e da um sorriso.

- Pode me dar o seu número?

Ah que ótimo! Agora era só o que me faltava.

Rapidamente eu anoto o número pra ele e saio. Eu não quero ver uma Vitória irritada.

- Desculpas Vih.

Falo baixo e ela fecha a cara e rola os olhos.

- Tenho uma idéia. Mas vejo que tu quer namorar.

Ela fala descaradamente. Não creio! Vitória Falcão com ciúmes? Eu nasci pra ver isso.

Ela sai apressada em minha frente indo de volta para o hospital e entra novamente para o quarto onde "ela" estava.

- Ana beija ela!

Vitória fala aquilo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eu me recuo para trás. Não vou beijar ninguém!

- Por favor... Da última vez que eu lhe beijei você me deu novas sensações.

- Vitória não posso!

- Por favor...

Paro e fito o nada. Eu prometi a ela que ia dar a minha vida se fosse preciso.

- Tudo bem... Não precisa Ana!

Ela vira e já ia saindo do quarto e meu coração se quebra.

- Vih...

Ela para já na porta.

- Volta, eu faço! Lhe prometi que fazeria tudo por tu, e não quero quebrar essa promessa.

Ela ainda de costas solta um suspiro volta e me dá um abraço. Um sorriso e uma fala abafada no meu pescoço.

- Obrigada... Muito obrigada.

Olho pra ela e dou um sorriso.

- Fica na porta e se vim alguém me avisa. Não quero que me chamem de aproveitadora.

Vitória da uma risada gostosa e volta pra porta.

Me aproximo do corpo da Vitória mortal e faço um carinho de leve em seu rosto um pouco machucado e aproximo de seus lábios. Dou uma roçada de leve neles e um sorriso se faz no meu rosto. Logo dou uma leve mordida no seu lábio inferior iniciando um beijo calmo, depois encerrando ele mas sem me afastar muito do rosto da Vitória.

- Vih ela não reage! Não adiantou.

- Beija ela de novo...

- Ah caralho de escada de bombeiro!

Dou um pulo de susto e me afasto da cama. Ouvi a voz da Vitória perto de mim e aquilo me deu um puta susto.

Procuro a Vitória imortal e não a vejo, só vejo um sorriso nos lábios da Vitória da cama. Ela tinha acordado! Poxa!

- Me espera aqui!

- Meu beij...

- Vitória!

Lhe repreendo e saio correndo atrás de um médico. Vitória tá acordada! E é a minha Vitória, preciso de uma ajuda.

A Garota FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora