Capítulo 28

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Finn estava em pé no parque. 


Diante de si uma vista maravilhosa: o sol estava se pondo, banhava o céu de rosa, a marina completava o cenário com tons de azul.

Millie, como sempre, estava atrasada.


Ele estava perdido, não se lembrava mais de quem era, do que queria. Sabia apenas que queria se livrar desse estranho sentimento que parecia tornar seu coração pequeno e triste.Sim, seu coração estava pequeno e batia apertado. Ele trazia nos olhos lembranças antigas e recentes, e de repente se via obrigado a escolher entre elas. Se via obrigado a decidir entre um amor que ele sempre amou e outro que ele agora aprendia a amar cada dia mais e mais.


 Mas isso era justo?

Queria poder sumir. Desaparecer. Não precisar escolher. Queria apenas voltar a paz de seus sentimentos, mas não podia voltar.


- Adivinha quem é?


O garoto teve seus olhos tampados por duas delicadas mãos, atrás de si uma voz feminina o fez sorrir.


- É o meu sol.


Millie riu e soltou o rapaz, que ao seu virar foi recebido com um beijo. Beijo esse que ele retribuiu de forma apaixonada.


Finn trouxe Millie para perto de si, como se quisesse guarda-la dentro de seu peito. Ele explorava o sabor da pele na menina, como se quisesse decora-lo. Ele a beijava como se fosse a última vez.


- Nossa, tudo isso é saudade?- a castanha disse quando recobrou o fôlego.


O cacheado não disse nada, apenas olhava para a garota diante dele.


- O que foi?- ficou séria, sabia que algo estava errado.


- Precisamos conversar- a voz dele soou baixa e triste, provocando um arrepio na garota.


Os dois andaram até um parquinho com brinquedos de crianças ali perto, os dois sentaram-se nos balanços e ficaram observando o por do sol.


- Eu adoro estar ao seu lado. Simplesmente não sei explicar o que é, só sei que me traz paz- Finn olhava para o por do sol, mas trazia a imagem de Millie diante de seus olhos.


A Brown abaixou a cabeça, sabia aonde aquelas palavras iriam chegar. Seus sentimentos eram muito diferentes. Ela trazia paz para Finn, mas o que ela sentia por ele era amor.


- Mas eu sei o que é isso? Não sei- Finn deixou a cabeça cair por sobre os ombros, olhava agora para o chão, mas não via mais nada, seus olhos cheios de lágrimas embaçavam a sua visão- Eu juro que.. que eu queria saber. Mas eu não sei.


As lágrimas do cacheado rolavam, ele sempre tivera vergonha de chorar na frente de outras pessoas, mas não se importava de chorar na frente de Millie. Ela tinha os olhos cheios de lágrimas, mas tentava sorrir, um sorriso triste, enquanto olhava para o céu, seu coração se apertava dentro do peito. Queria poder parar o tempo, queria impedir que essas palavras terminassem de ser pronunciadas, mas não podia... E isso a fazia sorrir, sorrir de tristeza. Sorrir diante do desespero que se abatia em seu coração e do quanto sentia-se incapaz, impotente diante dessa situação, do fim.


- Eu não acho que seja certo. Que seja certo eu e você... a gente-não conseguia falar, simplesmente não podia- Não acho que seja certo eu... estar com você sem saber o que...O Wolfhard parou de falar ao sentir a mão de alguém tocar-lhe ombro, ele olhou para frente e viu Millie, ajoelhada diante dele. Ela tocou-lhe de leve os lábios com a ponta do dedo indicador, como que pedindo que ele se silenciasse.


Ela chorava.


- Droga, eu não queria chorar...- a menina riu, enquanto que as lágrimas desciam por sua face.Finn sorriu para ela, enquanto que secava as lágrimas que desciam pela face da menina.


- Sabe, Finn, algumas pessoas são como estrelas. Você olha para elas e sabe que jamais poderá alcança-las, mas olhar para elas já te faz feliz. Você sempre foi a minha estrela. Eu olhava para você e já era feliz. Nunca sonhei em te alcançar. Te amei sem perceber, acho que o tempo foi irônico comigo, um dia me deparei com essa verdade, com esse amor que habitava dentro de mim e eu sequer tinha me dado conta. Eu te amo tanto Finn, que nunca desejei ficar ao seu lado. Te amo como quem ama estrelas.


- Millie, eu...- tentou falar, mas a garota não permitiu. Ela precisava falar. Precisava falar tudo de uma vez, do contrário, sabia que não teria mais forças.


- Eu queria muito, muito faze-lo feliz, mas eu sei que a minha estrela ama outra pessoa. Mas Finn, você não precisa ficar apenas olhando estrela, esperando ela voltar. Você está no céu ao lado dela. Se você lutar, você alcança.


- Eu não sei o que eu quero alcançar...


- Bem, nisso eu não posso te ajudar- a menina se ergueu ficando em pé diante do rapaz de que fez o mesmo- Queria poder te ajudar, te fazer feliz...


- Você me faz muito feliz


- Sabe de uma coisa, Finnlard? Eu só quero que você seja feliz. Queria que fosse ao meu lado, mas se não pode, se não sabe, eu confesso que ficarei satisfeita se quando olhar para o céu, ver que a minha estrela brilha mais do que todas as outras. Que está feliz, mesmo que não seja ao meu lado.


Ela então deu um leve beijo nos lábios do cacheado.


- Eu te amo, bebê. Mesmo que você seja apenas uma estrela que eu olho e sou feliz por saber que existe. Eu te amo, mas não te cobro nada, não quero nada em troca. Só saiba que eu te amo...


Dizendo isso ela virou as costas e saiu correndo. O sardento queria ir atrás dela, mas não teve coragem, seu coração pesava tanto que parecia prende-lo no chão. Novamente se sentou no balanço, a noite já havia caído mas no céu não havia nenhuma estrela.

- Eu fui um tolo... Eu perdi você, meu sol. Meu Deus, o que foi que eu fiz?


O Wolfhard agora se via impotente diante de sua vida, havia ensaiado falas, pedido de perdão, despedidas. Esperava por lágrimas, brigas, raiva. Tudo o que ele conhecera com Iris.


Mas como esperar por isso? Como podia esperar por essa declaração, tão sincera, tão despretensiosa.


- Você é a maior de todas as estrelas que eu já vi, Millie. A maior.

minha estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora