Capítulo 35

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Millie usava um vestido rosa pálido, trazia no pescoço um colar com um pingente de coração. Estava sentada em um banco em uma praça. Ela olhava para os casais de namorados, andando de mãos dadas, sentia seu coração doer.

"Nossa, que megera eu sou, desde quando ver as pessoas felizes me faz sofrer?"

Os olhos da menina vagaram pela praça. Ela então olhou para o céu, estava repleto de estrelas, sorriu.

As estrelas sempre a faziam sorrir, mas agora seu sorriso era triste. As estrelas sempre a faziam lembrar.

"Eu queria, queria que você estivesse aqui comigo, mas você não está, não é? Mas será que é certo, eu deixar que outro alguém esteja? Será que é certo?"


Brown sorriu.


Acho que foi isso o que você sentiu, não foi? Aquele dia quando estava me esperando na praça, talvez estivesse fazendo para si mesmo essas perguntas. Talvez estivesse se perguntando se é certo permitir que alguém esteja ao seu lado quando você na verdade desejaria que fosse outra pessoa.

Não posso culpa-lo pó amar outra pessoa, da mesma forma como Jaeden não pode me culpar. É doloroso, mas acho que você já sabe disso, nós dois sabemos.

Droga, não consigo parar de pensar em você.

É engraçado, como eu ainda converso com você. Sabe, eu te conheço tanto que até te imagino aqui, respondendo as minhas perguntas, me chamando de boba. Eu até posso sentir o teu cheiro. Não posso deixar de rir. Acho que isso é loucura.

 Será que amar é isso, tornar-se louca?

Se for, bem, então eu te amo.


Sabe o que mais me dói, é que foi perfeito. Não me dói tanto o fato de ter acabado, não me dói tanto o fato de que o que você sentia era diferente do que eu sentia por você. Mas dói porque foi perfeito, não foi comum, não foi legal, não foi mais um. Foi perfeito.

Às vezes eu penso que não queria, não queria que tivesse sido perfeito, porque aí seria fácil. Seria fácil te esquecer, mas como eu posso?

Sou tão você que às vezes sinto falta de mim


- Demorei muito?- Jaeden perguntou assim que se aproximou da menina.

- Não, eu acabei de chegar.

- Que bom- o rapaz sentou-se no banco ao lado de Millie- Você já sabe que amanhã será o eclipse da lua?

- Eu sei.

- Pensei que poderíamos ir juntos.

A castanha não respondeu.

- O que aconteceu?- o Lieberher mudou o tom de voz, parecia apreensivo.

- Não sei. Que dizer, eu sei. Mas...

- Mills?- fez a amiga volta os olhos para ele- Está tudo bem. Pode falar comigo, lembra?

A castanha sorriu e o nervosismo evaporou-se. Tudo daria certo no final.

- Eu acho que nunca vou saber expressar o quanto você é importante para mim. E não apenas porque nos conhecemos desde crianças, mas porque você é uma das melhores pessoas que eu já conheci na vida, você é o meu grande amigo.

Os olhos da menina encheram-se de lágrimas.

"Eu não pensei que seria tão difícil, não queria que fosse. Queria poder saber quais são as palavras perfeitas que não magoam, mas talvez essas palavras não existam. Palavras perfeitas, sentimentos perfeitos"

- Você também é muito especial para mim, Millie.

- Sabe, seu eu pudesse eu queria poder abrir o meu coração e te guardar lá dentro, para sempre.

- Mas você não pode, não é?

"Que droga! Não eu não posso. Se pudesse, juro que nesse instante iria te amar, amaria sua presença, seus olhar. Você é tão perfeito que me sinto a maior das tolas por não ser perfeita para você. Talvez o Finn também se sinta tão tolo quanto eu"


- Não, eu não posso. Você disse que queria estar ao meu lado quando minhas lágrimas cessassem, mas hoje eu percebi, que mesmo que as lágrimas não caiam mais, não que dizer que elas não existam mais. Hoje eu percebi que não podemos exigir o amor de ninguém, nem sofrer por nosso amor não ser correspondido. Podemos apenas amar, e viver intensamente o nosso amor.

- E se ele não for correspondido?

- Continuaremos a vive-lo intensamente até que ele se consuma por si próprio. Como o fogo que não é alimentado, que queima, mas depois, bem depois apaga sozinho.

"É o que eu estou fazendo e é o que vou fazer enquanto esse amor existir em mim, vive-lo intensamente até que se extinga, e se torne como uma velha ferida. Que cicatriza, que nos marca, mas que, um dia, para de doer e se torna apenas lembrança".

- É uma teoria bonita, mas acho muito triste.

- Talvez, mas acho que ninguém "lá em cima" se lembrou de dizer que tinha de ser alegre. Mas sabe, a partir do momento que você ama, sem exigir nada em troca... Bem, não é mais tão doloroso assim, se torna apenas um sentimento que aquece o coração.

O Lieberher olhou para o céu, estava repleto de estrelas.

- Você é diferente e eu gosto disso. Gosto de você, porque, bem, acho que não tem porquê. Mas eu disse que queria estar ao seu lado quando as lágrimas parassem de cair, e acho que foi o que fiz, não foi?

Secou as lágrimas que desciam pela face da menina.

- Foi – Millie sorriu.

- Bem, então eu acho que eu fiz tudo o que eu me propus a fazer. Eu odiaria pensar que fiz sofrer a pessoa que mais quero ver feliz.

- Jae..

Ele se levantou.

- Quer que eu te leve em casa?

A castanha se levantou, ficando de frente para ele.

- Não, acho que eu queria caminhar um pouco sozinha.

- Está certo, mas não se esqueça...

- ... não preciso ser sozinha, você sempre será o meu grande amigo!- a menina completou sorrindo

- Sempre.

Eles se despediram, foram caminhando em direções opostas.

- MILLE!

Jaeden berrou fazendo com que a menina se voltasse para trás.

- Eu te amo! E acredite, eu vou te amar intensamente, até que esse amor se torne apenas um sentimento que aquece o coração e até que esse cálido sentimento se torne apenas uma amizade eterna.

Ele disse isso e voltou a caminhar, a Brown permaneceu olhando o rapaz se afastando, cada vez mais e mais. Ela sorria, agradecida pelo sentimento que o rapaz nutria por ela e feliz por ele ter entendido suas palavras.

- Será uma amizade eterna.

minha estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora