Capítulo 48

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Bem, eu concordo que, algumas vezes, Finn não acha que a felicidade deva ser tão compartilhada assim... Mas, ele está se acostumando!

Se acostumando... Engraçado isso: Como nos acostumamos a pessoa que está ao nosso lado.

Será que eu sou a mesma que era antes de ter vivido tudo isso?

Será que o Finn é o mesmo?

Não sei... Mas acho que o amor tem uma surpreendente capacidade transformadora. Em um momento somos senhores de nossas vidas, de nossos sonhos. Conhecemos cada mísero sentimentos que bate em nossos corações.

Então Ele surge... 

Talvez se irrite com a nossa soberba em acharmos que somos realmente senhores de nossas vidas. Ele nos faz rir ou chorar, nos leva por caminhos que muitas vezes não queremos ir, nos joga na cara que não sabíamos em verdade quem éramos, e então, apenas então, ele se apresenta: o Amor!

Um dia nós acordamos acreditando saber quem somos, mas então o Amor surge em nossas vidas, muda nossos conceitos e quando nos deitamos, nesse mesmo dia, percebemos que já somos outra pessoa.

Ainda acredito que o amor potencializa o melhor que há em nós.

Mas acho que o Finn e eu não fomos os únicos a serem arrastados e transformados por essa estranha magia do Amor.

O telefone tocava estridentemente.

Millie fechou o livro no qual estudava aborrecida e olhou para o aparelho que parecia disposto a não parar de tocar.

- Será que só eu ouço o telefone?- Ela berrou em direção a porta do seu quarto que estava aberta

- Millie, minha filha, atende o telefone! Eu estou ocupada

A garota revirou os olhos enquanto pensava em uma dúzia de respostas mal criadas e caminhava em direção ao aparelho

- Alô?

- Millie?

- É sim. Quem está falando?

- Bem, não me admiro por você não reconhecer a minha voz, imagino que eu seria a última pessoa que você pensaria que iria te ligar algum dia...- a voz feminina do outro lado da linha pareceu divertidamente sincera. Brown reconheceu aquela voz.

- Iris?

- Bem, vejo que a dica da última pessoa que te ligaria funcionou.

- Não, não foi isso... É que... apenas agora eu reconheci a sua voz- a castanha parecia realmente desconcertada

- Não precisa se preocupar... Eu entendo.

Elas ficaram em um pesado silêncio que se arrastou por cerca de 10 segundos, mas, naquele momento, parecia uma eternidade. Cada uma no telefone sem saber o que dizer, podendo até mesmo sentir a pálida respiração da pessoa que estava do outro lado da linha

- Bem, talvez você esteja se perguntando porquê eu te liguei e como eu tenho o seu telefone

- Confesso que essas perguntas passaram pela minha cabeça- Millie sorriu e aos poucos o nervosismo foi desaparecendo de sua voz

- Bem, é que quando eu ainda estava com o Finn eu peguei seu número no celular dele- a garota estranhou o nítido tom de confissão presente na voz de Iris

- E porque você fez isso?

- Vai parecer tolice, e o pior é que eu sei que é uma tolice absurda, mas... Naquela época eu vivia perseguindo meus sonhos e o Finn sempre me falava de você, e de como você sempre esteve ao lado dele. E bem, eu sentia muita raiva de você por isso. E bem, peguei seu telefone mesmo sabendo que não iria te ligar, mas eu precisava saber, entende, precisava saber alguma coisa de você... Será que isso soa tão idiota para você quanto é para mim?

Brown riu

- Não, sinceramente não... Até porque, eu também peguei seu telefone quando você e Finn namoravam. Acho que eu queria ter alguma coisa sua, saber alguma coisa de você... Acho que, na época, foi a minha tola forma de vingança, saber algo sobre você e que você não saberia de mim.

- E eu podia te ligar...- a voz da loira soou perversamente divertida

- E eu podia te passar um trote...

-...ou desligar na sua cara quando atendesse

As duas agora riam ao telefone, pensando em todas as tolas vinganças que planejaram fazer, mas que nunca fizeram. Apenas ter o poder de faze-las já parecia o bastante. Quem ouvisse a conversa pensaria que sempre foram amigas.

- É... Acho que você estava certa afinal quando disse que, talvez, fossemos parecidas. Bem, e isso me leva a outra pergunta que você deve estar se fazendo: Porque eu te liguei?

- E eu gostaria muito de ouvir a resposta

- Vou ser sincera: Liguei para te agradecer.

- Me agradecer? Mas o que... o que eu fiz?- ficou confusa com as palavras de Iris. Não se lembrava de já ter feito algo pelo ela pudesse agradecer.

- Será que é mesmo possível que você sequer faça ideia?- fez uma pequena pausa- Bem, você lembra naquele dia, na rodoviária em que me pediu para ficar ao lado do Finn? Você me pediu para faze-lo feliz. Você o amava e abriu mão dele, sem mágoas, sem ressentimentos, sem autopiedade, apenas me pediu: Faça-o feliz porque eu não posso faze-lo. Lembra-se disso?

minha estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora