A lua estava alta no céu.
O eclipse em breve iria se iniciar.
Millie sentada no peitoral da janela do seu quarto com as pernas para fora, observava a sombra que se projetava sobre a lua pálida. Ela ia para o morro de onde sempre gostava de ver as estrelas, mas nesse dia teve medo... Medo de encontrar Finn lá. Medo de ter que encarar a realidade da qual não poderia fugir por muito tempo: ouvir o que ele tinha a dizer.
Respirou fundo ao pensar que talvez amanhã não tivesse como fugir.
E se ele dissesse que Iris e ele voltaram?
E se dissesse que queria voltar a ser seu amigo?
E se dissesse que tudo foi um erro?
Não, não podia suportar ouvir nada disso!
Por isso fugia tola e covarde, até ter coragem para encarar a verdade.
"Talvez estejamos vendo as mesmas estrelas agora"
***
Finn estava sentado no peitoral da janela da sala com as pernas para fora observava a sombra que começava a cobrir a lua. Ainda pensava nas palavras que Millie tinha dito na redação, na última ligação de Iris...
Pensava na Brown dizendo que estava namorando com Lieberher e, no entanto, permanecendo tão distante dele.
"O que isso representa, afinal?"
Tinha medo, medo de ter esperança e por tudo a perder.
"E se não representar nada além do fato que eu realmente não compreendo as mulheres?"
- No mundo da lua, priminho?
A sala permanecia escura. Finn permaneceu calado por alguns segundos antes de suspirar profundamente e falar:
- Pelo jeito você ainda não aprendeu a bater na porta!
Não precisava se virar apara ver quem era. Apenas seu primo possuía um tom de voz tão irônico assim.
- E pelo jeito meu pobre priminho continua com dor de cotovelo. Realmente algumas coisas não mudam.
Gaten acendeu a luz, iluminando toda a sala, jogando no chão as roupas que estavam no sofá, sentou-se esticando as pernas sobre a mesinha de cabeceira.
- E por falar em não mudar: Quando você vai arrumar essa bagunça? isso parece um lixo!
- Os incomodados que se retirem.
- Ótimo, meu priminho adorado, agora porque não para de olhar para essas estrelas e finge que tem um pouco de educação.- Gaten começou a se irritar com a imobilidade de Finn que permanecia olhando o céu- Que diabos você tanto vê afinal?- e vendo que o primo não respondia continuou- Corpos celestes?!
- Gaten... Eu vejo muitas coisas quando olho para o céu, mas com certeza não são corpos celestes.
- Ah é? Não sabia que tinha um primo vidente ou poeta. Então me diga, meu primo, o que você vê?
- Ah, pelo amor de Deus! Essa pergunta de novo não!- Finn respirou fundo e se acalmou, antes de continuar- Sabe, durante muito tempo eu não via nada quando olhava para o céu, era apenas vazio. Depois olhar para o céu me fazia sofrer, pois me lembrava alguém que nunca era capaz de estar ao meu lado. Então, houve uma época, que olhar as estrelas me mostrava que eu não estava mais só... Pois tinha alguém que sempre compartilhou as estrelas comigo.
- E hoje?
- Hoje eu percebo que fui um tolo que não percebi o quanto essa pessoa é especial na minha vida, e hoje eu não a tenho mais junto a mim. Foi ela que me ensinou a olhar as estrelas.
- Interessante... Mas porque você está parado aí como um idiota ao invés de estar atrás dela?
- Você não entenderia. Ela não acredita mais. Não acredita mais nas estrelas, por minha causa! Ela... ela... devia me odiar... Eu me odeio!
O silêncio tomou conta do local.
- Gaten?- pela primeira vez Finn encarou o primo, mas que, no entanto, encarava inexpressivamente as estrelas.
- Você é um idiota. Sempre foi e eu acredito que sempre será. Você era um idiota quando estava com a Iris, e se tornou um sentimentalista banal com a Millie. Mas, acho que isso é aceitável. Não esperava muito além de você, mas o que eu acho pior é que você sempre agiu como um maldito covarde que sempre esperou que alguma coisa fantástica acontecesse. Você nunca lutou por nada, porque acha que merece alguma coisa? Você realmente acha que merece as estrelas se nunca for capaz de lutar por elas?
Matarazzo se levantou e caminhou até a janela, ficando ao lado do primo.
- Cale a boca. Você não sabe de nada...
- Sei que você aprendeu a olhar as estrelas, e agora ao invés de esperar por sonhos que venham até você espera por estrelas que caiam do céu. Sabe, Finn, eu nunca olhei as estrelas, nem parei para pensar no que elas representam para mim. Mas se algum dia eu encontrasse alguém que me fizesse olhar para o céu e ver algo além de corpos celestes... Eu juro que traria essa pessoa para mim. Nem que para isso, tivesse , eu mesmo que tocar as estrelas, ou cria-las com minhas próprias mãos.
Gaten deu um leve tapa na cabeça de Finn, antes de sair da sala e apagar a luz, deixando o jovem exatamente como ele estava antes.
Mas, não, ele não estava mais como antes. Algo havia mudado.
Seus olhos brilhavam e ele sorria
"Eu vou te fazer acreditar nas estrelas de novo, nem que para isso eu precise alcançar as estrelas. E vou te trazer uma de presente. Eu juro!"
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minha estrela
Fanfiction"Sabe, Finn, algumas pessoas são como estrelas. Você olha para elas e sabe que jamais poderá alcança-las, mas olhar para elas já te faz feliz. Você sempre foi a minha estrela. Eu olhava para você e já era feliz. Nunca sonhei em te alcançar. Te amei...
