Capítulo 45

181 26 11
                                    

Ela teve um ímpeto de se atirar em seus braços, depois de toda aquela semana sem vê-lo e do medo de que ele tivesse partido para junto de Iris, mas se conteve... Não pode, no entanto, prender o sorriso que se formou em seus lábios 

"Ele voltou"

- Finn, meu amigão onde você estava?- Jack saiu correndo para cumprimentar o amigo, mas foi impedido por Noah que o segurava pela gola da camisa, quase o enforcando.

- Depois você fala com o Finn, Jack!

- Mas Nozi, eu...

- DEPOIS!- e começou a arrastar o Grazer, antes porém se voltou para os amigos que assistiam a cena tentando segurar as gargalhadas- E vocês dois, pelo amor de Deus, se acertem.

Finn e Millie ficaram observando os amigos se afastarem, até não poderem mais ouvir os protestos de Jack, voltaram-se para se encararem.

- Oi - o cacheado sorria

- Oi - ela não sabia porque, mas tinha vontade de sorrir também, e de chorar de alegria. Não que tivesse algum motivo além da própria vontade.

- Como que você está?

- Tô bem. Você sumiu...

Até mesmo para Millie, suas palavras soaram débeis. Mas não sabia mais o que dizer

- Eu tinha algumas coisas que precisava fazer.

- E fez?

- Ah sim... Eu fiz. Por isso estou aqui!

A garota olhou para ele com um olhar de interrogação, e como não disse nada ele continuou

- Estou aqui porque precisava te entregar uma coisa.

Ele pegou a mão de Millie e virou a palma para cima, onde depositou uma pequena caixinha que tinha tirado do bolso

- O que é isso?- ela sorria

- Ué- ele deu os ombros- Abre e você vai ver.

Ela abriu a caixa e soltou uma exclamação quando seus olhos pousaram no que havia lá dentro. Pousado em uma pequena almofada de cetim azul escuro um pingente em formato de estrela reluzia.

Millie segurou com cuidado o cordão de modo que o pingente balançava suave pelo ar.

Era uma estrela, pequena, com quatro pontas maiores e quatro menores as intercalando de modo que formava uma estrela de oito pontas, feito do que parecia ser algum tipo de cristal

- Finnie, é... é...é... lindo!

- É para você.

- Mas, porque?

A jovem agora mal podia conter as lágrimas que se acumulavam em seus olhos

Finn pareceu corar um pouco antes de responder.

- Bem, você disse.. disse que só poderia voltar a acreditar nas estrelas no dia que as alcançasse, então bem... Por isso eu arrumei dois empregos essa semana, um de manhã e um à tarde... Aí, bem... aí... Eu queria muito poder te dar as estrelas.

Brown ouvia a tudo perplexa. Lembrava-se do dia em que disse ao amigo, pelo telefone, que voltaria a acreditar nas estrelas quando pudesse toca-las.

- Finn, eu... aquilo que eu disse... Você não precisava. Não devia ter faltado às aulas por causa do que eu disse... Era apenas uma brincadeira.

- Não, não era uma brincadeira. E você sabe e eu sei! E eu fiz o possível e pela primeira vez eu lutei e batalhei para conseguir o que queria. E o que queria, e o que mais quero, é que você possa voltar a acreditar-ele fez uma pausa, antes de continuar com uma voz hesitante- Você acredita? Acredita nas estrelas?

Millie desviou os olhos do pingente que ainda balançava. Olhou fundo nos olhos do rapaz diante dela, não pode mais conter as lágrimas que rolaram mornas por sua face.

Ele estava cansado e abatido, mas, no entanto, nunca lhe parecera tão lindo!

Ela mexeu os lábios, mas a voz não saiu, parecia que as palavras tinham ficado presas fazendo arder à garganta. Ela fechou os olhos, não suportava ver o olhar ansioso do cacheado pela resposta, e como se precisasse fazer um esforço tremendo para que a voz abandonasse a garganta falou.

- Acredito... Eu acredito. Eu acredito!!!

Conforme as lágrimas rolavam, agora livremente, as palavras saíram, primeiro como um desabafo do fundo da alma, depois como um suspiro sincero, por fim com um grito de alegria que finalmente é libertado

Wolfhard sorriu, puxou Millie para junto de seu corpo e a suspendeu em um abraço enquanto a rodava no ar.

Brown esperava que ele a beijasse, ansiava por esse beijo, mas ao invés disso ele a colocou no chão e ficou sério.

- E preciso... preciso te falar uma coisa.

- Fale - a castanha estremeceu mas manteve a voz calma

- Sabe, parece estúpido e eu sei que é. Mas... Sabe, dia desses eu estava na internet e encontrei um desses textos idiotas que as pessoas escrevem para que as outras fiquem suspirando ao ler.

- Mas o que...

- Por favor, me deixe terminar- ele pediu, tinha medo de que se parasse não conseguisse falar tudo e continuou- Bem, era um desses textos tosco, mas algo me chamou a atenção: Ele dizia que as pessoas podem entrar na sua vida por uma razão, por uma estação ou por uma vida inteira... O texto é longo, mas resumindo diz que as pessoas quando entram na sua vida por uma razão o fazem para te ensinar algo ou a ver alguma coisa, às vezes te fazem chorar ou sorrir, mas elas vão embora.

Ele respirou fundo e a garota sentiu esse suspiro atravessar-lhe a alma 

"Será que eu entrei na sua vida por uma razão?"

- As pessoas que entram em sua vida por uma estação o fazem para compartilhar algo com você. Compartilhar risos, lágrimas, elas vão estar ao seu lado, mas é só por uma estação, então vão partir.

Eles se olharam profundamente. Brown tinha vontade de perguntar o que ela representava para ele, mas não ousou. Ele pediu que não o interrompesse e ela não poderia fazer o contrário, conhecia bem essa angústia de quem precisa falar de uma só vez.

- Você entrou na minha vida por uma razão - essas palavras atravessaram o coração da garota que, no entanto, permaneceu em silêncio- ... você me ensinou a lutar por meus sonhos, me ensinou a acreditar nas estrelas e naquilo que eu trago dentro do meu coração. Você me ensinou a olhar para dentro do meu coração, e eu nunca... nunca vou ser capaz de te agradecer por isso. Mas você permaneceu ao meu lado, por uma estação dividiu comigo uma alegria que eu nunca tinha sentido na vida e que acredito não poder descrever em palavras, mas a verdade...- ele suspirou ainda mais fundo dessa vez- A verdade é que eu te quero por uma vida inteira. Não sei o que o futuro me espera, ou o que vai acontecer amanhã, só sei que eu não quero saber se você não estiver ao meu lado.

Millie abaixou o olhar para o chão. As lágrimas não permitiam mais que ela distinguisse as folhas que se amontoavam aos seus pés, mas ela sorria. Um sorriso pálido que foi crescendo em seu rosto conforme absorvia as palavras que tinha acabado de escutar.

Ela olhou para Finn e ele viu que não havia mais lágrimas nos olhos que ele tanto amava.

A primeira estrela surgiu no céu.

minha estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora