Capítulo 47

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A sala estava escura, sendo iluminada apenas pela luz fraca que vinha da televisão e, às vezes, pelo relâmpago que rasgava o céu denunciando a tempestade que se seguia lá fora.

- Millie, quer parar de me bater cada vez que dá um trovão?! Isso foi engraçado no começo, mas já está começando a me encher

Finn tentava segurar o riso ao ver a namorada se encolher no sofá e esconder a cabeça embaixo da coberta, ao mesmo tempo em que o apertava com força em um abraço.

Já fazia um tempo que eles estavam namorando, e ele não podia pensar em nada que gostasse mais do que esses dias bobos em que ficavam apenas juntos, debaixo das cobertas vendo séries em um dia de chuva.

Às vezes ficavam em silêncio, mas o silêncio era bom. Era um desses silêncios em que você não precisa procurar coisas idiotas para falar, pode apenas ser feliz por estar ao lado da pessoa que você ama, sem se preocupar em ter que dizer alguma coisa.

O cacheado olhou para a garota que abaixava a coberta vagarosamente como se quisesse se certificar que estava tudo em ordem apesar do trovão. Se alguém lhe contasse jamais imaginaria que pudesse ser feliz em um domingo de chuva sem nada para fazer. Mas isso parecia que fora há muito tempo.

- Ah, ta, desculpa se meu medo te incomoda- ela disse com uma voz indignada- mas pode deixar que eu e meu medo vamos embora

- Ok- ele tentava a todo custo segurar o riso

- Ok?- a indignação na voz da menina desapareceu dando lugar a incredulidade

- Ué, se é o que você quer... Pode ir

- Então eu...eu... eu...

A frase não pode terminar de ser dita, um forte trovão mais uma vez ecoou pelo céu, fazendo com que Millie mais uma vez se encolhesse no sofá e Finn explodisse na gargalhada

- Você é mal!

Millie lançou uma almofada na cara do rapaz que ainda não conseguia parar de rir. Ele se desviou da almofada, deixou cair no chão o pacote de batatas que ia abrir, e abraçou fortemente a garota que agora ria de seu próprio medo

- Se quiser eu posso te distrair e fazer você esquecer do trovão...- Finn não pode disfarçar o malicioso brilho no olhar

- Ah... E você faria isso por mim?- a voz da menina era um misto de ironia e dissimulada ingenuidade

- Vai ser difícil, mas... O que eu não faço por você?

Os beijos que se seguiram foram repletos que carinho e paixão. Os trovões passavam despercebidos pelo casal.

- Tem alguém batendo na porta- Brown tentou falar apesar de seu fôlego ter sido tomado pelo beijo

- É o trovão.

- Trovões não batem na porta

-Mills, não é nada demais...

- Finn Wolfhard!

O rapaz desistiu da tentativa de beijar a namorada e foi abrir a porta amaldiçoando em pensamentos quem quer que fosse. Ele abriu uma brecha da porta mas foi suficiente para entrar um rapaz de cabelos cacheados e olhos castanhos profundos. Estava ensopado, exceto na cabeça, protegida por uma sacola plástica de supermercado

- Fala amigão, a chuva me pegou no meio do caminho, ainda bem que eu estava perto da sua casa - Jack falou e foi entrando na sala.

- Beleza, agora que já me disse isso pode ir embora- Finn ainda mantinha a porta aberta.

- Finn, deixa de ser mal educado- Milie já tinha se levantado

- Nossa como está escuro aqui- Jack disse acendendo a luz- Millie, você por aqui?!

minha estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora