Um Casamento Por Vingança

Capítulo 3

Eleanor narrando

Fico concentrada no meu papel e no meu lápis tentando pensar em algo para poder debruçar. Olho para os lados e vejo a minha melhor amiga com cara de safada olhando atentamente para a tela do seu celular.

- Para de ver pornografia sua safada. - digo e ela me olha com cara de desentendida e depois finge estar ofendida.

- Pornografia? Logo eu a santa Jacqueline? - diz ela e eu rio.

Estamos agora na minha sala, estou a tentar criar algum vestido para um evento, e a senhora Phillips, nossa cliente assídua encomendou um vestido e deseja um modelo exclusivo para o sábado e hoje já é quarta-feira e ainda não criei o vestido, pois não consigo encontrar uma inspiração.

- Deixa esse celular e me ajuda, Jaque.- choramingo e ela vem até mim.

A Jacqueline é a minha melhor amiga, ambas temos uma paixão incondicional pela moda então criamos esse ateliê, ou empresa Elline (uma mistura de Eleanor e Jacqueline) que dia após dia está crescendo e já queremos até lançar a nossa própria linha de moda, mas uma coisa de cada vez.

Eu e a Jacque estudamos moda na Itália, e eu sou formada em design, nos conhecemos lá e viramos amigas logo uma vez que éramos as duas nova iorquinas. Assim que regressamos decidimos logo montar a nossa própria empresa e hoje somos sócias. A nossa empresa vai bem, e não é pelo facto de eu ser filha de Raymond Cross, um dos magnatas do ramo das jóias que a Elline tem vindo a crescer, e sim por nosso mérito.

Mas não vou negar que no princípio, usei o meu sobrenome Cross para atrair alguns clientes, mas só no princípio, hoje em dia nem preciso dizer de quem eu sou filha pois o meu trabalho já é reconhecido. Já fechamos parceria com a Cartier, Valentino e Dior, não tarda, fecharemos com a Chanel.

Eu sou estilista, estou com 25 anos de idade e sou eu que desenho as roupas, e de vez em quando a Jacque me ajuda, como hoje, pela minha falta de inspiração. Ela é consultora de imagem, estuda o perfil do cliente, define o seu estilo e que tipo de roupa o mesmo deve usar, tem a mesma idade que eu e é muito talentosa.

Já vestimos famosas como Cara Delevigne, Camila Cabello e Miranda Kerr, temos vindo a crescer e se tudo correr bem seremos capa da revista W Magazine este ano.

- Eu já disse que deves te focar naquela vaca da senhora Phillips, como ela é toda siliconada, deves fazer um vestido que valorize os seus seios avantajados e não precisa deixar ela nua apesar de que ela gosta de se mostrar. - explica e vai fazendo um esboço de mais ou menos como deve ficar o seu vestido, e eu assinto captando toda a informação.

Ela se refere assim a senhora Phillips, pois ela já é uma mulher de idade e fez muitas plásticas e colocou silicone no bumbum, nos seios e sabe se lá mais onde, ela quer sempre aparecer então faz de tudo para mostra. É rica, pois é casada com um milionário no ramo dos transportes.

Alguém bate na porta e nós gritamos para que entre e entra o Billy, é o meu assistente mas eu o tinha dispensado pois ele precisava de cuidar da tia que está doente.

Ele é gay, e só tem ela na vida, como sua família. Billy tem os seus 20 e poucos anos, formou-se recentemente em designer de moda e tem me ajudado muito como assistente, ele cria a parte técnica dos meus desenhos e nos actualiza sempre sobre as tendências até porque ele ainda está com a sua mente fresca.

- Oh meu bem, como está a tia Dana? - pergunta Jacque o abraçando.

- Não era pra você ter vindo hoje - digo.

- Ela já está melhorzinha corações, obrigado, mas eu vim mesmo avisar que a sua mãe, Elly, está uma fera porque você não atende o celular. - diz ele e eu fico aterrorizada, eu estou trabalhando e estou sem inspiração então quis me abstrair de coisas que possam me atrapalhar como o celular.

- Ela está aí fora? - Jacque pergunta e o Billy nega, me tranquilizando.

- Não não, ouvi lá na recepção, já vinham te avisar e preferi ser eu mesmo porque já vinha vos cumprimentar. - explica ele e senta no sofá entrelaçando as pernas uma em cima da outra.

- Obrigada, querido vou falar com ela agora. - digo digitando o número da minha mãe e ela me atende depois de alguns segundos de espera.

- Oi mamãe, eu estava trabalhando.-digo.

- Eu sei querida, você não faz outra coisa. - ela diz quase gritando, e o Billy e a Jacque riem, pois eles vivem dizendo isso e que eu devo curtir mais a vida, mas eu prefiro ficar no meu cantinho.

- Eu liguei pra avisar que temos um jantar importante pra o teu pai e ele quer a família reunida, aliás só falta você filha. - diz ela, meu pai e essa mania dele de nos juntar com os seus negócios, sempre que ele quer fazer alguma parceria ele acha bom verem que a família dele é perfeita.

Eu vivo com a Jacque, num apartamento enorme e ao mesmo tempo suficiente pra nós duas, bem no centro da cidade. Trabalhamos juntas sim e achamos que seria óptimo vivermos juntas também pois assim uma tem a outra pra qualquer coisa. Tal como eu, a Jacque também queria ser independente e juntas somos imbatíveis.

- Está bem mamãe, amanhã posso tentar sair mais cedo do trabalho e vou directo pra aí.

- Amanhã? O jantar é pra hoje querida. - Hoje?

- Como assim pra hoje? - pergunto.

- Foi um convite de última hora querida, até eu me zanguei com Ray mas é que é muito importante, você sabe como ele quis sempre fazer parceria com a Johnson Jewellers. - ela diz.

Eu lembro que foi um dos mais difíceis empresários que o meu pai teve que lidar, um dos maiores concorrentes do meu pai. Lembro também que ele tinha conseguido e depois alguma coisa deu errado e apareceu no jornal também sobre a morte do senhor Johnson e da sua esposa, agora me surpreende o facto dele tentar a pareceria.

- Entendi, mas eu pensei que ele tivesse desistido. - digo.

- Você sabe como o seu pai é cabeça dura, e agora parece que o filho do Anthony Johnson assumiu a presidência, então nada está perdido.- explica.
- Filha eu preciso preparar o jantar, ainda não escolhi o que será servido e nem a minha roupa, a sua irmã está em casa da Tracy...e seu pai diz que quer todo mundo...aqui está um caos.- reclama minha mãe e eu tenho até dó dela por ter que preparar tudo as pressas, ela é muito perfeccionista.

- Tenho um jantar hoje e nem sei o que vestir.- reclamo e Jaque e Billy me olham com cara de desdém.

- Agora a estilista não sabe o que vestir. - diz Jaque.

- Coração, com esse teu corpão eu botava qualquer coisa que já ficava logo uma diva, ai que inveja de vocês meninas. - diz Billy nos fazendo rir.

Deixo o vestido da senhora Phillips pra depois e tento pensar o que vestir.

- É um jantar de negócios? - Jacque pergunta e eu assinto.

- Será praticamente um jantar de negócios então acho que devo estar um pouco formal, ou social, porque tenho que fazer o papel da filha perfeita para impressionar os convidados, até porque suponho que o tal filho do senhor Johnson trará sua esposa e seus filhos.

- Que chato, bancar a filha perfeitinha é um horror.

- Conversa de velhos e sobre negócios é mais ainda. - digo e eles riem.

Os dois ficam me dando dicas do que vestir e me dizem pra fazer conversa com a esposa ou senhora Johnson, para que possamos fazer suas roupas, tudo porque eu disse que essa empresa lida com jóias e é uma das mais influentes. Esses dois são tão interesseiros, vou ter que virar amiga da senhora por dinheiro.

A que ponto cheguei!

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