• VINTE E TRÊS • PEDRO

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Não podendo me conter nem um minuto a mais, dou passadas largas através da sala

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Não podendo me conter nem um minuto a mais, dou passadas largas através da sala. Desviando aos poucos da mesinha de centro de momento em momento, onde tenho meu notebook aberto, pelo qual trabalhava arduamente minutos antes. O som de meu telefone tocando, ressoou por todo o ambiente e antes que o rock pesado acordasse minha bebê que dormia faz pouco mais de vinte minutos, atendi sem ao menos olhar de quem se tratava. E claro que a notícia que recebi me teve quase explodindo em mim mesmo.

- Diga novamente! Acho que não ouvi com clareza! - a euforia que explodia em meu interior é contagiante, minha amiga e muitas vezes conselheira nos tempos vagos, gargalha alto do outro lado. Posso imaginar seu rosto redondo estampado por alegria e seus olhos castanhos claros quase se fechando mediante seu sorriso largo.

- Ouviu sim seu bobo! Mas como queira. - pigarreia levemente e já até sei o que vai fazer. Sua voz agora grossa ataca meus ouvidos. - Eduardo gostou de você. Quando foi entrevistado pelo técnico faltou pouco te colocar em um pedestal. O juiz analisou tudo e na semana que vem, poderá passar algumas horas com ele!

- Mentira!

- Verdade seu lindo! Dudu amou te conhecer.

- Nem sei o que dizer!

- Só concorde com o horário e dia, esteja lá para nosso menino!

Tentando conter meu sorriso, paro no centro da sala. Meu primeiro encontro com Dudu vindo em flashes em minha mente. O sorriso contido no início, a maneira que segurou firmemente a mão de Raquel como um bote salva vindas, suas bochechas coradas, o olhar afiado em minha direção, sua doce voz, nossa conversa leve mas ao mesmo tempo reveladora. Tudo vem sobre mim como uma onda forte, açoitando meu corpo com toda a força possível lançando - me contra as rochas.

A vulnerabilidade explícita em sua voz em alguns momentos durante nosso diálogo, seus traços ainda crus riscados sobre o papel branco, o ser solitário traçado naquele desenho, seus dedos magros mas firmes. Sua figura diminuta mas ainda assim forte me envolveu de um jeito. É como se ele tivesse sido feito exclusivamente para mim.

Para ama - lo, cuida - lo e instrui - lo com todo o meu amor no caminho da vida, que em muitos momentos não é fácil.

- Parece um sonho sabe? - digo distraidamente.

- Não é, acredite! Como vai a pequena?

- Oh, linda e saudável! Acha que Dudu ficaria com ciúmes dela? - exponho minha preocupação, a qual tem pulsado como uma ferida aberta tem dias.

- Não acho que isso aconteça! Sua intenção no início era de somente adotar uma criança na faixa etária concernente a de Dudu. Mas creio que Deus quis colocar essa pequena jóia em suas mãos também, só se permita viver o amor deles. Crianças tem muito amor a oferecer você sabe sim?

- Muito, são seres tão inocentes!

- Que precisam ser cuidadas e não feridas! Por isso amo meu trabalho e não me vejo fazendo outra coisa que não ser guardiã dessas crianças.

RENDIDO A ELE - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora