• QUARENTA E TRÊS • PART II ANDRÉ

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A passos lentos, Gustavo se aproxima de onde estou

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A passos lentos, Gustavo se aproxima de onde estou. Sua atenção fixa em mim, em seus olhos há tantos sentimentos. Culpa, arrependimento, raiva, vulnerabilidade. Deus olhos são um emaranhado de emoções que tornam a cor deles em um aspecto tempestuoso. Suas mãos estão em seus bolsos, dianteiros. Os cabelos claros revoltos, parecendo que foram bagunçados a todo o momento. Indico o sofá para que se sente mas ele nega rapidamente. Eu dou de ombros, não me sentando também. Prefiro ficar de pé, me viro de costas tomando respirações profundas em busca de calma.

Sua curta mas muito reveladora conversa por telefone pisca em minha mente. A ideia de que tinha uma irmã que nem ao menos conheci é demais. Sufocante e esmagadora. Eu teria mais alguém em minha vida, não seria só eu contra o mundo. Uma ideia me acerta com força, abro meus olhos que nem percebi ter fechado, enfrentando - o.

- Você a traía? - o rosto tão parecido com o meu, se amassa em terror se tornando pálido. Piscando duas vezes, me encara como se não me conhecesse.

- Não.

- Não acredito em você.

- E você tem todo o direito mas nunca traí sua mãe. Brigávamos muito. Mas o motivo do nosso casamento ter fracassado foi pelo meu excesso de trabalho. Estava tão focado em trabalhar e ter muito dinheiro que acabei deixando de lado aquilo que mais amei: minha família.

- Família...- pondero lentamente. - Algo que só fui ter uma noção morando com meu tio. O homem que foi mais meu pai que você.

- E eu vou ser eternamente grato a ele por estar lá por você, quando não pude.

- Quantos anos ela tinha?

- Dezoito. - solto uma risada sem humor. Fechando minhas mãos em punhos, louco para bater em algo.

- Dezenove.

- Como?

- Eu tinha dezenove anos quando ela nasceu. Não era nenhuma criança, tinha o direito de saber de sua existência.

Ele nada responde, permanecendo fitando algo no canto da sala. Os olhos se perdem no que acho ser uma lembrança.

- Conheci a mãe dela em um cruzeiro. Era a primeira vez que tirava férias em um longo tempo. Você estava estudando ainda mas já mostrava garra e desenvoltura. Se lembra que te liguei e que não trocamos duas palavras pois a distância entre nós era muito maior do que pensava. Nos primeiros dias eu ainda trabalhei em minha cabine mas no quarto dia, decidi me diverti um pouco.  - agora quem ri sem humor é ele. Continuo com os pés plantados perto da janela. - Quando a vi pela primeira vez, eu acho que me encantei. Ela tem olhos azuis, cabelos loiros quase pálidos na altura dos ombros, sua figura é esbelta e até perfeita para uma mulher da idade dela. Não foi difícil começar um diálogo, muito menos partir para o sexo. Ela nunca me disse que era casada. Não perguntei também. Ela desapareceu no dia seguinte, sem um adeus ou nota qualquer. Nove meses depois, recebo um e - mail com a imagem de um bebê recém nascido e apenas uma frase. "Ela é sua." Juntamente com um número para contato. Ainda atordoado, liguei imediatamente. Quando ouvi sua voz, eu soube que a menina era minha.

RENDIDO A ELE - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora