• QUINZE • PEDRO

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Meus pensamentos estavam divididos

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Meus pensamentos estavam divididos. Uma parte deles estava ansiosa por encontrar o menino que terá um lugar especial em meu coração daqui por diante. A outra descansava nas imagens que se repetiam uma e outra vez de nossos beijos. Os que troquei com André ontem a noite. Aqueles lábios. Suspiro baixinho ganhando um olhar atravessado de meu pai. Sufoco uma risadinha quando ele bufa, pois na certa já sabe o que aconteceu ontem a noite. Tia Lu foi bater cartão em sua casa hoje cedo, entregando o relatório completo para minha mãe. E adivinho que teve que ouvir tudo, até os detalhes que minha ilustre tia inventou.

Com as janelas abertas, o vento bagunça meus cabelos que se soltaram do coque feito minutos antes assim que sai do museu. Layla e Gilberto me abraçaram transbordando de alegria me desejando toda a sorte do mundo e no fundo eu realmente precisava dela. Me inclino em direção ao painel e coloco uma música para tocar baixinho. Os acordes acalmam um pouco minha alma.

Meu pai faz mais uma curva, me olha de lado. Pigarreia levemente.

- Então? Tem algo para me dizer pai? - seus amplos ombros se movem sob a jaqueta preta.

- Talvez!

- Vá em frente! Sou todo a ouvidos.

A música tem seu fim, assim como o movimento do carro gradativamente.

- Você e o sobrinho do Mika, o que há entre vocês?

- Nada realmente! - digo a verdade. Não temos nada, no momento.

- Mas pensa em ter? - reviro meus olhos, pensando no quão falante meu pai está hoje.

- Mas vocês ein? Parece que combinam as frases. - deito minha cabeça em seu ombro, decidindo ser sincero como ele sempre me incentivou a ser.

Olhando em direção a avenida praticamente vazia, deixo que ele escolha as palavras que vá me falar enquanto eu discorro sobre minha situação com André. Um sorriso simples brinca em meus lábios quando me lembro do quão próximos somos, mesmo que não tenhamos o mesmo sangue. Ele é meu pai. O meu biológico também faz parte da minha vida, no entanto não temos tanta intimidade quanto tenho com esse homem sério ao meu lado.

- Nos beijamos ontem! - ele engasga com o ar, arrancando um bufo meu.

- O que?

- Jesus pai, enfiei a língua na goela dele. Está bom assim?

- Não seja irônico comigo!

- Tudo bem! Mas voltando, nos beijamos. Gostei muito, quis arrancar as roupas dele mas minha tia, Manu e seu precioso filho, estavam na janela nos assistindo como se fôssemos uma novela. - papai balança a cabeça negativamente, um mínimo sorriso brinca em seus lábios cobertos pela barba. - Mas não nos vejo um relacionamento pai.

- Por que? Você é um bom rapaz, lindo e alegre. Quem não iria querer um relacionamento com você?

- Parece a mamãe falando sabia?

RENDIDO A ELE - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora