• TRINTA E DOIS • ANDRÉ

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Sufocado!

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Sufocado!

Estou sufocando, a fumaça negra pairando sobre o apartamento. Está quente e preciso procurar por alguém. Mas não me lembro ou sei quem é. Minhas mãos flexionam como se em busca de algo mas não me lembro exatamente de quem busco.

O calor no lugar é quase opressivo. Deitado de costas no chão, pisco algumas vezes, vejo o teto de mármore branco do nosso apartamento. Puxo o ar com força para meus pulmões e uma imagem me vem a mente.

Minha mãe!

Tenho que encontra - la. Me ergo com dificuldade e corro pelos cômodos quentes ao extremo. Chego a porta do banheiro, está fechada. Bato contra ela, a madeira nem ao menos cede.

- Mãe? Mãe! - meus pulmões assim como minha garganta ardem.

Em um piscar de olhos como se em um passe de mágica, consigo entrar no banheiro tropeçando no processo. A banheira de estilo clássico transborda de água, o líquido em si está escarlate. Há um braço pendurado através dela, uma ferida aberta no pulso. Me jogo ao lado dela com o coração aos pulos, retirando - a da água. Salvo que quando envolvo o corpo em meus finos braços, o rosto que vejo faz - me morrer mil vezes, mas não é o dela.

Pedrinho. Os olhos fechados, a palidez mórbida transparecendo no rosto quadrado. E a evidência de que ali não há mais vida.

- Jesus Cristo! - esfrego meu rosto, com o peito arfando e os pulmões doloridos.

A sensação é a mesma de anos atrás. Quando doia respirar minimamente. Toco meu peito e sinto as marcas elevadas ali, cada ondulação que passou a fazer parte de mim e minha vida, desde aquele terrível acontecimento. Sinto a umidade em meu rosto me põe alarmado. Toco a pele  pouco abaixo de meus olhos, me descobrindo chorando.

Olho ao redor para me orientar de onde estou. A sala não é minha, não vejo Aquiles trotando por entre meus chinelos nem tentando leva - los para sua casa. Pisco algumas vezes me lembrando de que estou na casa de Pedrinho. Como combinamos no domingo enquanto observamos Ella dormir, ontem depois do trabalho nos encontramos. Não fizemos nada demais a não ser somente aproveitar a companhia um do outro, falando sobre nada em questão.

Quase perto das oito da noite, tentei deixa - lo em sua casa com um beijo de despedida mas não aconteceu. Uma necessidade de estar um pouco mais com ele surgiu como fogo consumindo tudo. Agarrei ele ainda dentro do meu carro, a vontade que tinha era de tirar suas roupas e venerar seu corpo como bem merecia. Mas ele assim como eu tem vizinhos, que são muito ativos na cidade. E para não darmos nenhum show gratuito para as pessoas ao redor, decidimos entrar.

Na sala dele estava somente sua mãe com uma Ella bem chorosa. Fui esquecido por uma boa causa por quase três horas. Enquanto Pedrinho que tem se provado ser um pai exemplar bem diante dos meus olhos, tentava fazer a filha dormir. Dona Luana me arrastou para o sofá, onde literalmente fui interrogado. Achei que seria ruim e uma hora ou outra, teria de ser grosso com ela se perguntasse sobre minha infância. O que não aconteceu, ela se mostrou bem interessada em meu trabalho e lhe contei sobre muitos casos em evidência que peguei em Londres. Alguns que foram noticiados aqui, ela bem lembrou.

RENDIDO A ELE - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora