• UM • PEDRO

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Enquanto Lucas grita suas razões para não adotarmos uma criança, o encaro firmemente

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Enquanto Lucas grita suas razões para não adotarmos uma criança, o encaro firmemente. Acabamos de sair do cinema, o clima entre nós estava tão bom, mas foi só eu tocar no assunto após ajudar uma menininha perdida a encontrar os pais e ele simplesmente surtou. Meu rosto queima, vergonha domina meu corpo, estamos no meio do estacionamento, como é fim de semana o movimento é grande, Lucas gesticula, grita e de surpresa soca a lataria do seu carro, bem perto de minha cabeça. Pulo de susto, ele parece se arrepender, mas estou cheio dele. O empurro com todas as minhas forças e saio marchando estacionamento a fora.

- Eu ainda não terminei Pedrinho!

- Vá se foder! Eu terminei, terminei com tudo. Me esquece.

- Vamos conversar. - corre atrás de mim, segura meu braço. Puto da vida, saio do seu aperto, empurrando seu peito com minhas duas mãos. Surpreso com o movimento brusco, ele cambaleia alguns passos atrás.

- Agora você quer conversar? Ou será que vai gritar e xingar como um maluco aos quatro ventos?

- Eu te amo! Espera, vamos só conversar.

- Eu vou para casa. Assim que você estiver mais calmo, aí sim vamos conversar.

- Não!

- Sim! - gritei sem paciência, fiz sinal para um táxi que vinha ao longe.

Assim que o táxi parou, não hesitei. Pulei dentro dele, passei rapidamente o endereço do meu porto seguro. Deitando minha cabeça no banco de couro, fechei meus olhos me permitindo relaxar.

Não era a primeira vez que Lucas protagoniza uma cena dessas, ele sempre quer ter razão, falar mais alto do que eu e fora a falta de respeito, todas as vezes eu tentei relevar mas não dessa vez. São cinco anos nessa corda bamba. Quando ele estiver mais calmo e pronto para ouvir, vamos conversar. Se ele não estiver na mesma linha de pensamento que eu, não será possível continuarmos nessa relação.

Sou arrancado dos meus pensamentos assim que o taxista toca meu braço, olho através da janela do táxi para a casa que cresci e passei os melhores momentos de minha vida. Trazendo muitas lembranças alegres. Pago ao taxista, que é um dos amigos de minha tia. Ele me oferece um sorriso terno dizendo para mandar um abraço para tia Lu. Subo as escadas recém restauradas com o coração aos pulos e necessitado de um abraço. Antes que eu alcance o último degrau, Hulk sai disparada em minha direção, o cão vira - lata quase sem pêlos, resultado de óleo quente que jogaram nele, me lambe, late e corre ao redor de minhas pernas.

- Sentiu saudades de mim foi? - acaricio sua única orelha. Um ronronar suave flui a partir dele. Os olhinhos escuros fixos em mim, alegria genuína pode ser vista neles.

E pensar que ele foi tão maltratado antes de chegar até mim. Os antigos donos organizavam brigas de cachorros. E para se livrar desse grande garoto jogaram óleo quente nele, quando ele perdeu a luta contra um Pitt Bull. Quase morreu mas como é um guerreiro, sobreviveu indo parar em um abrigo, do qual fugiu semanas depois. O encontrei na beira da estrada, sedento e faminto. Nunca mais saiu do meu lado.

RENDIDO A ELE - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora