- Está bom assim?
- Hum... não. - fazendo um quadrado com suas pequenas mãos, tenta me enxergar através delas. Os olhos castanhos escuros me fitam com admiração.
Coloco ambas as minhas mãos sob meu queixo, fazendo questão de colocar um beicinho em meus lábios, o que acabou arrancando uma gargalhada alta e sonora dele.
- Assim?
- Sim! Sim!
- Tudo bem, só não demora muito. Vou acabar sentindo câimbras nos braços.
- Juro que não vou demorar. Só falta seu braço tio Pedrinho.
Rindo silenciosamente, passamos um pouco mais de tempo sentados na mesa redonda com quatro cadeiras azuis, da lanchonete. O lugar estava abarrotado de pessoas mas não pensei duas vezes em entrar aqui quando Dudu, olhou para a fachada e pediu quase implorando por batatas fritas. Confesso que eu tinha a intenção de negar, pois não eram nem cinco da tarde. O certo seria leva - lo para um café da tarde, mas ele pediu com um jeito tão manhoso que me convenceu.
Do nada a sensação de estar sendo observado me acerta com força. O frio subindo pela minha espinha me paralisa por um instante. Saindo de minha posição, olho freneticamente para todos os lados, ao meu redor as pessoas comem e conversam animadamente. Há um casal em uma mesa no canto que se não estivessem em um local público, com certeza chegariam aos finalmente. Mas não vejo ninguém de estranho ou aterrorizador.
- Olha tio Pedrinho! Gostou?
- Adorei! - passo meus dedos pelos traços imaturos mas que contém tango amor que me sinto tocado profundamente.
Olhando para o perfil do menino que conquistou meu coração assim que nossos olhos se cruzaram, agora que seu desenho está pronto. Se encontra completamente focado em afundar suas batatas no molho de queijo e comendo - as com desejo. Ele realmente parecia estar com muita vontade de come - las.
- Posso levar para casa?
- Você quer? - seus lábios se expandem em um sorriso completo. Limpo com suavidade o canto de sua boca com o guardanapo que há no suporte sobre a mesa.
- Claro. Esse também vai para o cantinho do Dudu. - seu rosto parece se iluminar como um parque de diversões.
Mais uma vez olho ao redor quando novamente sou atingido pela sensação de estar sendo espreitado. Deve ser algo de minha cabeça, o lugar está abarrotado de gente, muitos podem estar uma vez ou outra observando a mesa onde estamos.
- Aqui! - destaca o papel do caderno. Esse é o terceiro caderno de desenho que compro para ele. Dobro calmamente sua mais nova obra de arte, coloco dentro de minha bolsa. - Quero sorvete tio Pedrinho!
- Já não consumiu gordura demais?
- Só hoje!
- Me disse isso duas semanas atrás.
- Só queria um pouquinho. - faz biquinho. Beijo seus cabelos fazendo sinal para o funcionário. - Não diz para sua tia Raquel!
- Eu juro!
Em menos de dez minutos, o funcionário do lugar que tem nos atendido desde que chegamos, coloco diante de meu filho uma cesta com sorvete de vários sabores. Há tanta calda de chocolate e muitas jujubas. Meio hipnotizado acompanho cada movimento dele. As vezes calda cai em sua blusa e vejo que não vai ter jeito. Raquel saberá que ele tomou sorvete novamente. Quando ele termina, é hora de voltarmos. Pago o que consumimos e ainda saio com o número de telefone do funcionário que nos atendeu durante o tempo que passamos lá. Confesso, ele é bonito mas ele chegou tarde. Meu coração já foi tomado.
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RENDIDO A ELE - COMPLETO
RomancePrimeira capa by: Patrizia Evans Segunda capa by: Kathy A Spin - Off de Campos de Esperança Sinopse temporária André Lins, chega a Campos de Esperança para ocupar o lugar do tio doente. Para ele seria somente por um tempo. Não estava a procura de am...