Capítulo 1- Um tijolinho por vez...

788 50 2
                                    

Nina

Quando decidir voltar ao Brasil, uma das minhas maiores motivações foi a minha segunda profissão, que sempre foi o meu maior sonho. E claro, precisava estar à frente da administração das padarias.

Cursava pedagogia pela internet, em uma faculdade que permitia que eu residisse aonde quisesse enquanto fosse teoria, mas o estágio seria obrigatório no país. Não fiquei triste como imaginei muitas das vezes,mas, claro, no início essa ideia me aterrorizava, tinha medo de encontrá-lo, mas bastou conversar com minha psicóloga e pude entender que eu tinha que decidir entre enfrentar o meu medo ou viver correndo para os braços da "mamãe", como ela dizia.

Claro que minha mãe ficou um pouco insegurança com aquela minha animação em voltar para o Brasil, mas logo sua preocupação se dissipou e estávamos procurando cidades que eu pudesse residir, iniciar uma nova vida. Ela me deu total apoio e quando eu me sentia ansiosa e melancólica em ter que voltar e viver sozinha, ela simplesmente me abraçava e dizia que eu não estava só. Eu acreditei, e agora eu estava finalizando meu penúltimo semestre de pedagogia, faltava apenas 6 meses para eu me formar e enfim exercer essa profissão tão grandiosa. Que infelizmente é tão desvalorizada em nosso país...

Não vou dizer que foi fácil o caminho que percorri, mas consegui me livrar dos monstros que me amedrontavam e seguia de cabeça erguida. Como eu estava no interior e as padarias que o papai havia me deixado eram na capital, optei por vendê-las e abrir uma na cidade em que estava, juntamente ao meu sócio. Amigo de anos luz dos meus pais, senhor Frederico, um grande empresário que havia abandonado a capital para viver no interior. Assim assumimos o controle da melhor padaria da pequena cidade, mesmo sem ninguém me conhecer, já que eu era coadjuvante daquele lugar. Apenas me inteirava da administração, fazendo o que precisava, e ia somente naquele local para me deliciar com os melhores pães e guloseimas.

Já fazia um bom tempo que estava de volta, apesar de tudo nunca foi o meu desejo viver pra sempre na Itália, amava meu país e gostava da minha nova cidade. Era difícil pra eu me relacionar com as pessoas, vivia sozinha e a maioria das vezes minha melhor companhia foi minha mãe através do Skype, apenas depois de um tempo que fui melhorando esse meu lado, graças a mamãe e minha terapeuta que fazia consultas online.

Onde me orientava e dava excelentes conselhos para que eu saísse mais, frequentasse lugares quais eu me sentia confortável e, foi aí que conheci alguns poucos amigos, mas os que eu tinha ao meu lado, era como diamantes brutos e as levaria pra sempre comigo.

Como eu fazia faculdade pela internet e apenas o estágio presencial, não conhecia muitas pessoas naquela cidadezinha, então optei por procurar alguma coisa que eu gostasse. Não foi uma tarefa rápida e acabei me frustrando novamente. Mas em uma dessas buscas inconstantes achei um espaço de corpo e mente e simplesmente achei o meu lugar ali.

Adorava quando tinha aulas de yoga, me sentia conectada com o meu interior, claro que pilates também era uma das minhas aulas favoritas já que era uma junção de mente, alma e coração. A maioria do pessoal da turma já eram de idade, mas não me importava com isso, me sentia super confortável. Às vezes até me convidam para o encontro mensal da turma e em alguns eu fui. Foi estranho estar rodeada de pessoas mais velhas, conversas paralelas e me sentir incluída, mas precisava ter aquele convívio para voltar ao mundo real.

Não podia viver trancada em casa, ser amiga só de uma pessoa, precisava me libertar e permitir.

E assim minha vida era dividida entre meu momento em casa estudando para meu tcc, estágio e aulas de yoga e pilates. Para alguns isso até parece pouco, mas para minha mente inquietante, estava de bom tamanho.

- Ei, Li... Como foram suas notas? - Mariana, minha amiga, pergunta enquanto caminhamos para o refeitório da escolinha. Assim como eu, ela também estava fazendo estágio, porém sua classe era diferente da minha já que fazíamos rotações.

Onde foi que me perdi? [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora