Capítulo 3 - Queria que você estivesse aqui...

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Nina

Inspira,

Expira,

Não pira.

Vai, vamos! Falta só virar a esquina e já estarei em casa. O que foi tudo isso? Por conta de um olhar fixo em minha boca? Só me faltava essa, ter virado uma menina de doze anos tolinha, toda envergonhada porque um menino me olhou de um jeito diferente.

Eu sabia que não era isso, mas ao mesmo tempo, tudo voltou a minha mente, borboletas voavam em minha barriga. Foi estranho sentir aquilo, e tudo o que consegui fazer foi sair correndo.

Correr igual uma louca do filho da minha amiga, nunca foi uma ideia, só aconteceu. Eu podia ter falado que precisava ir embora, podia ter dado qualquer desculpa e ter saído de forma normal. Entretanto, minha voz não saia, eu ia voltar a gaguejar, coisa que nunca mais aconteceu desde que saí daquela cidade.

Por um momento minha insegurança tomou conta de mim, não estava agindo mais em sã consciência e isso seria um grande problema se eu tivesse ficado lá.

Tudo estava tão bem enquanto Ana nos fazia companhia, mas bastou ela sair pra eu sentir meu castelo da autoconfiança desmoronar, tinha ela como meu escudo para aquela intensidade toda. Depois do meu trágico fim de namoro, não consegui me envolver sentimentalmente com ninguém, lógico que as sentia falta de ter alguém comigo, mas ainda não me sentia preparada pra me envolver, havia muita cicatriz em mim e qualquer machucadinho era um risco total.

Cheguei no prédio que morava e o senhor Levi, o porteiro, me cumprimentou. O máximo que consegui foi levantar a mão e dizer um silencioso "oi".

Corri para os elevadores e apertei por diversas vezes o botão, em vão, estava quase desistindo, quando as portas se abriram. Lá dentro uma lágrima teimava em cair, enquanto subia para o último andar. Com a respiração ainda desregulada consegui abrir a porta. Em casa, segura, sozinha!

Um soluço saiu da garganta enquanto todas as lágrimas de raiva caiam em meu rosto.

- Eu tinha que que me desestabilizar logo agora? - questionei-me. - Quando eu pensei que estava tudo bem...

Pego meu celular dentro da bolsa e mando uma mensagem mamãe.

"Mamãe...."

"Oi, minha filha. Como foi sua aula de yoga?"

Quase todos os dias conversava com minha mãe, ela sabia de todos os meus passos, gostava de deixa-lá tranquila, ainda mais depois de tudo o que vivemos juntas.

"Queria muito que a senhora estivesse aqui... " - Digito e assim que é recebida, sua chamada de voz é solicitada, ao atender posso sentir e ouvir sua voz preocupada.

- Filha, o que está acontecendo?

- Acho que tive uma pequena crise de pânico....

- Oh meu bem... não me diga isso, por favor... - ela diz ternamente.

- Sim, mamãe... estava com a Nabia numa padaria, ela havia me convidado pra tomar um suco, porém, ela não me avisou como das outras vezes que o filho dela viria...

- Certo. E o que tem demais nisso, querida? Talvez ela quisesse que você o conhecesse para que se tornassem amigos... Você precisa ter amigos da sua idade, minha querida.

- Mas, eu já tenho o Antônio e a Mariana, mamãe.

- Eu sei, querida... mas, nunca é demais...

- Eu sei, mas o problema maior não foi ele aparecer lá.

- Qual foi, filha?

- Ele me encarou intensamente, fixou seus olhos em meus lábios, era como se eu o estivesse vendo em minha frente... Me lembrei da nossa primeira vez, mãe... E tudo o que eu mais quero é esquecer, esquecer!!! - digo angustiada, enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Onde foi que me perdi? [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora