Capítulo 18 - Diferente

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Nina

Eu tenho que deixar o passado ir embora, mas sei que é uma longa jornada. Preciso confiar em Caio e deixa-lo me conduzir nessa dança de atração e amor.

Sabia que estava indo rápido demais, mas as coisas com ele caminhavam diferente e sentia que podia confiar nele.

Chega! Eu mereço ser feliz. Mesmo que para isso tenha que "tirar o curativo de uma vez". Vai doer! Só que passa e assim fico livre para viver o que o destino traçou para nós.

- Caio... - Ainda estava aninhada em seus braços – Preciso confessar tudo. Colocar para fora. Acho que assim, consigo deixar as coisas fluírem...

- Não precisa se precipitar, Nina – Caio me interrompe. – Agora eu te entendo. Posso esperar o tempo que precisar para ter você por inteira. Não digo apenas carnalmente... eu espero até você conseguir se jogar de cabeça no nosso relacionamento.

- Relacionamento... – acabo pensando alto.

- Sim! Não estou ficando com você, Nina. Não estou querendo só cama ou tirar uma casquinha, como dizem. – Ele beija minha testa. – A gente se gosta, pequena! Eu sei, você sabe... quero passar mais tempo com você, quero poder te tocar não importa onde vamos estar...

- Isso é ir rápido, lindo! – Levanto a cabeça e o beijo, já que estava sentada apoiada em seu peito musculoso. Eu entendia a contradição entre ter calma e querer mais. – Por isso preciso que você me conheça. Eu não sei se vai me querer sabendo que sou toda remendada.

- Eu quero você até do avesso.

Me afastei de Caio, sentei de forma a ficar de frente a ele, coloquei uma perna de cada lado do tronco. Caio fez o mesmo e ficamos frente a frente. Ele segura minha mão e olha dentro do meu olho.

- Eu... – suspiro com pesar. – Eu só percebi que era um relacionamento abusivo depois de muita terapia lá na Itália. – Desvio o olhar dele, não quero correr o risco de ver algum tipo de sombra em seu olhar. – Quando se está dentro desse tipo de relação, é difícil conseguir denominar. Você me entende?

- Claro Nina, entendo!

- Depois que minha mãe se mudou, eu fiquei sozinha com ele. Pensava que as coisas iriam melhorar. Mas só pioraram. Engraçado que na frente dela, ou de meus amigos, ele era sempre carinhoso e prestativo. Isso só me deixava confusa. Nas poucas vezes que consegui desabafar, ninguém acreditava em mim, diziam que eu estava cobrando muito dele, ou que estava sensível por estar sozinha na cidade.

Olho para a queda d'água, lembrei de todas as vezes que mamãe ou Olivia, minha amiga, não acreditaram em mim. Não posso culpa-las, Haroldo era muito manipulador e um excelente "ator".

- Acabava justificando as atitudes dele para mim mesma. Sabe? Eu comecei a pensar que ele fazia o que fazia por algum motivo.

- Essas justificativas, só fazem com que, monstros como ele, tenha mais poder. – Caio diz, seu olhar ainda estava cravado em mim e seu tom de voz era baixo. – Não imagino como conseguiu passar por isso sozinha Nina...

- Eu também não. – Dou um pequeno sorriso para ele. – Mas ele não conseguiu manter a máscara por muito tempo. Em algumas visitas, mamãe começou a estranhar meu comportamento. Ela me questionava, mas eu já achava tudo normal.

Caio aperta minha mão e acaricia com o polegar meus dedos. Me sinto segura. Sei que ele está me entendendo e não vai me tratar diferente.

- Eu não conversava mais com estranhos. Por diversas vezes, tive que demitir excelentes profissionais, da rede de padarias, apenas porque ele achava que estavam dando em cima de mim. Minhas roupas ele que escolhia e também como deveria usar meu cabelo. – Fechei os olhos. Estava doendo vomitar todo meu passado, só que eu tinha que fazer. Lembrei das horas gastas no cabeleireiro, para me tornar uma desconhecida no reflexo do espelho, para agrada-lo. - Eu não era mais eu. Me tornei uma marionete, tentando em vão, me encaixar na vida dele.

Onde foi que me perdi? [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora