Capítulo 31 - Mudança

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Carmen

Foi estranho receber a minha filha no fim da tarde com os olhos inchados e uma pequena mala, eu esperava por ela só daqui algumas semanas. Tentei conversar com ela, mas foi irredutível e não abriu a boca nem pra conversar e muito menos comer. Estava estranhando sua atitude infeliz já que na formatura estava tão feliz e sempre em nossas ligações ela estava sempre tão pra cima, radiante.

Quando ela chegou correu para o meu colo e pediu para que eu não perguntasse nada, respeitei, mas como uma boa mãe liguei imediatamente para Ana Beatriz. Nós tínhamos nos tornado amigas. Soube de tudo, da perda do amigo deles e do desencontro com Caio, que envolvia uma ex-perseguidora.

Logo saquei o estado da Li e precisei intervir, não queria vê-la novamente no fundo do poço, sem viver sua vida e amando. Ela merecia ser feliz...

- Filha, você precisa se alimentar... - digo, entrando em seu quarto com uma bandeja recheada de tudo o que ela mais gosta de comer.

- Não quero, mamãe.

- Você tá parecendo o Mateo fazendo birra, por favor... Levante-se já dessa cama e venha comer. - coloco a bandeja em cima da mesa, no canto do quarto, abro as cortinas e janelas. - Olha que dia lindo, filha... vamos aproveitar que está um dia quente e sair com o Mateo.

- Eu, eu, eu... - Mateo entra correndo no quarto da irmã e pula na cama, sendo acolhido pelos braços da Li. Ela amava esse irmão e o sentimento era recíproco.

Deixo os dois sozinhos e saio do quarto, ela precisava de carinho e Mateo tem pra dar e vender.

*

Ainda não havia contado nada a ela, sei que precisava respirar, mas estava realmente preocupada com minha filha. Ela já estava passando do limite. Ela mal comia, mal levantava daquela cama e ainda pra ajudar toda manhã passava mal com enjoos e vômitos. Eu teria que dar um choque de realidade nela, era isso o que as mães faziam quando preciso.

Assim que Mateo dormiu, pedi para que meu marido ficasse de olho nele caso acordasse. Eu precisava ter uma conversa séria com minha filha. Bato na porta e entro, já é de noite e apenas a luz do abajur ilumina o pequeno quarto.

- Mãe, eu quero dormir... – ela me diz com o edredom cobrindo a cabeça.

Sento na ponta da cama e acaricio seus pés por cima da coberta. Estou prestes a quebrar um pouquinho mais o coração dela.

- Falei com a Ana de novo hoje.... – Começo. – E o Caio me ligou.

Ela senta na cama e me encara. Seu rosto está tão abatido e magro. Minha filhinha. Sofrendo de novo.

- Eu não entendo, mãe. Não entendo! A gente estava tão bem e ele... – ela suspira. – Ele só me usou, eu fui um brinquedo. Ele me usou e foi embora, ficou com aquela mulher – diz entre lágrimas e soluços. – , nem esperou um dia e já estava na cama com ela...

- O Heitor morreu.. – Digo de uma vez, não dava mais pra ouvi-la se martirizando por uma coisa que não era real. Ela me olha com os olhos arregalados. – Ele morreu, teve uma parada cardíaca, ou duas, não sei, não entendi essa parte direito. Naquela noite, na sua colação. Ele morreu e Caio correu até o hospital e...

- Mentira! – Ela sussurra. – Mentira! – Agora está gritando. – Ele é forte, é saudável. Heitor não morreu, não pode ser verdade. Não. Não.

Agarro minha filha e a abraço com força. A seguro firme em meus braços enquanto ela chora e diz palavras soltas, sem sentido.

- Calma, calma. Respira, meu amor, respira. Calma...

Onde foi que me perdi? [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora