Capítulo 5 - Vai que vira uma lembrança boa...

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Nina

Era como se os nossos destinos estivessem nos pregando uma peça, e cada nova peça nos encaixassemos perfeitamente.

Foi um alívio ver um rosto familiar no hospital, mais ainda quando recebi aquele abraço e pude sentir aquele toque protetor, enquanto seus dedos apertavam minha carne.

Me senti protegida por um momento. Não conhecia esse homem de barba rala, me sentia até precipitada, talvez até atropelaria os bois com a carroça, mas quanto mais nos conhecíamos eu já o queria em minha vida e queria participar da dele.

Parecia uma adolescente, eu seu... Eu nunca acreditei em amor à primeira vista, depois do que passei então, não acreditava mesmo, porém algo nele me fazia acreditar que ele era diferente.

Mesmo assim, me sentia nervosa, sabia que não poderia dar tudo de mim a alguém que conheci a pouco tempo.

Tudo era diferente dessa vez, ele não escolheu por mim ou bebeu seu café apressadamente pois tinha muito trabalho. O que provavelmente era verdade, enquanto estava comigo pilhas de problemas deviam se acumular em sua mesa.

Porém em nenhum momento demonstrou interesse em outra coisa a não ser em nós dois. Eu não estou acostumada a nada disso, o último homem que me tratava como igual e de forma especial era meu pai, já que com o meu ex parecia que eu sempre estava correndo atrás dele. Era uma estrada longa que ele andava tranquilamente e eu sempre atrás tentando acompanhá-lo, pelo menos era assim que ele me fazia sentir.

Depois de perceber tudo que vivi, hoje sei que não era uma relação saudável, eu tinha cedido demais, por insegurança e inocência, e ele aproveitou disso para me deixar de lado. Na cabeça dele eu nunca iria embora, estaria sempre a sua disposição.

Nesse tempo em que estive fora e que pude finalmente colocar minha vida em ordem, por mim mesma, decidi por não me envolver com nenhum homem emocionalmente. Não vou dizer que tive meus encontros, tenho minhas necessidades também e quando podia, saía para me divertir, mas era apenas por uma noite e o companheiro concordava. Mas, diante desse homem todo o meu autocontrole ia por água abaixo.

Caio é o oposto de tudo que um dia eu vivi, onde eu poderia ser eu mesma, podendo até ditar o ritmo. Ok, estava com meus pensamentos muito tumultuado e já não sabia o que pensar a não ser viver... E ao lado dele era impossível não querer ter ele por perto e desejar que meus dias tivessem sua presença e sua energia boa. Mas com certeza ele teria uma fila de fãs.

Nina! Repreendo-me. Sem insegurança, você também é bonita, inteligente e quando quer é até engraçada, não subestime seu poder garota! Mentalizava tudo isso enquanto conversávamos.

Ele me contou um pouco da sua rotina no hospital, sobre sua paixão pelo trabalho, o que me deixava ainda mais encantada.

Já tinha conhecido outros médicos, que ao contrário dele, só pensava no dinheiro, não olhava os pacientes como o amor da vida de alguém, como o pai ou mãe de alguém, era quase máquinas frias. Caio era apaixonado pelo que fazia e tenho certeza que humanizava todos os serviços prestados no hospital.

Dentro da lanchonete tocava uma rádio bem baixinho, quando começou a tocar Henrique e Juliano.

"Não me olha assim que eu vicio só de imaginar
Minha boca na sua, já tô doido pra provar
Nem rolou o primeiro beijo, mas tem tanta química
Que não dá pra explicar nem na tabela periódica"

Enquanto a música soava pelos alto-falantes espalhados pelo ambiente, acabei cantando junto. Até porque era fã daquela dupla e sempre ouvia essa música duvidando que atrações como essa, a que eles cantam, existisse e olha eu aqui sentindo as mesmas coisas.

Onde foi que me perdi? [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora