Capítulo 29 - Dopado

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Nina

Ficar aquele momento com a minha amiga e o seu bebê foi maravilhoso, claro, tirando a parte em que Haroldo tentou se aproximar. Mas sabia que corria o risco quando colocasse meus pés naquela cidade, não gritei e muito menos chorei, estava anestesiada, Caio tinha feito em mim um estrago horrível e ouvir as palavras de Haroldo já não me machucava mais como antes. Haroldo já não me desestabilizava mais, foi estranho ficar na frente dele e não sentir nada...

Depois que matei a saudade da minha amiga e mimei muito o Miguel, vim direto para um hotel próximo ao aeroporto para descansar. Assim que cheguei no hotel desliguei meu celular e fui direto para a cama, um turbilhão de sentimentos havia passado sobre mim aquele dia e tudo o que eu mais queria era descansar. Estava chegando no aeroporto Internacional e ao pensar na importância que algumas pessoas têm na minha vida acabei me lembrando do Caio. Seu olhar vivo em cima de mim, seu carinho e sua atenção... Não consigo acreditar que tudo tenha mudado tanto em menos de 24 horas.

Como uma tola deixo que uma pontada de esperança me atingir e, se tudo isso fosse um grande mal entendido? E se eu estivesse fugindo da minha felicidade?

Pego meu celular e ligo mais uma vez para Caio. Com o pedido silencioso para ele me impedisse de fugir. A chamada é atendida e ouço vozes ao fundo, porém não consigo compreender muita coisa.

- Caio, Caio... - digo esperançosa.

- Vem Caio, deixa isso aí. Aí meu Deus! - ouço Vanessa falar e estremeço. - Ai meu amor você está impossível hoje, heim... - estava me martirizando mesmo.

A ligação cai e meu coração se quebra dentro de mim. A quem eu queria enganar? Ele estava com ela.

Ouvir tudo o que eles estavam fazendo, foi como se uma lança fincasse meu peito, marcando minha memória e assim, eu nunca mais me permitiria pensar nele com carinho, fui ingênua demais.

Olho para meu reflexo na tela do celular apagada. Meus olhos grandes, não combinando com meu rosto miúdo. A boca carnuda demais, grande demais. O cabelo praticamente me escondia. E agora uma marca roxeada embaixo dos olhos, dizendo a todos que eu não dormi direito.

O que ele todo imponente, importante, gato ia querer comigo? Eu realmente fui só uma conquista. A garota que não ficou de quatro por ele de imediato. É isso que fui, apenas um desafio.

Aquele sonho tinha virado pesadelo. Precisava sair desse país urgentemente.

*

Caio

Sinto como se tivesse sido atropelado por um caminhão, um não, vários. Minha cabeça está pesada demais e não consigo nem me levantar. Tento abrir os olhos e o máximo que consigo é abrir um olho e fixo meu olhar no teto.

Meu quarto. É o lustre do meu quarto. Viro devagar a cabeça para o lado e vejo meu criado mudo. Forço abrir mais os olhos e consigo enxergar melhor, eu estou no meu quarto.

Minha boca está seca, tento engolir a saliva, porém parece que minha garganta está toda arranhada. Eu pareço de resseca. Parece que fui dopado e estou acordando dos efeitos agora.

Do.pa.do.

"Dá alguma coisa pra ele Eduardo, Eduardo vai, dopa ele, olha como ele está". Uma voz grita na minha cabeça, uma vaga lembrança. Eu conheço essa voz, eu já ouvi, mas a lembrança é vaga, distante.

Forço para lembrar e então minha cabeça começa a girar. O que aconteceu? Uma pontada de dor atinge minha cabeça e meu olho se fecha pela intensidade da dor.

- O que aconteceu? – pergunto.

Lembro-me da colação, na pizzaria, que Nina dirigiu majestosamente meu carro. Lembro da gente no apartamento dela, de nós nos amando no tapete da sala. Sorrio com essa lembrança. Lembro de carrega-la adormecida até sua cama e de eu ir beber água na cozinha, até meu celular tocar... A voz histérica do outro lado, da enfermeira chefe me chamando. Do meu coração disparado. Lembro dela falando o nome dele...

Onde foi que me perdi? [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora