ENTREI NO LAGO E M IKE IMEDIATAMENTE ME OLHOU COM OLHOS brilhantes e extremamente predatórios. Nossa... eu tinha lido algo daquilo em um livro de romance hot um dia desses. Ele se aproximou e eu ri baixinho, pensando que ele mais parecia uma cobra d'água, sorrateira e calma, numa aproximação silenciosa. No andar da carruagem, era melhor não fazer nenhuma referência a cobras naquele local, ainda mais pelo vulto que eu podia divisar nas bermudas dele. Okay, eu tinha dezessete anos, mas não era uma tapada total nesse quesito. Podia nunca ter transado com um garoto, nem nada, mas basicamente quem deu todas as dicas fortes para Rainbow sobre os garotos fui eu. E olha que ela deveria ter sido minha mentora, pela ordem natural dos fatos. Mas, enfim, mudemos o animal sorrateiro e coloquemos um crocodilo pronto a me comer. Droga. A referência da comilança do animal também poderia ter um duplo sentido sexual não intencional naquele momento crucial. Quando Mike parou à minha frente, eu podia jurar que eu estava tremendo. Quando ele ergueu os dedos e passou no meu rosto, eu podia jurar que a mão dele estava tremendo. Então éramos um estranho caso de um casal de adolescentes com Parkinson precoce, ou as emoções estavam à flor da pele de tal maneira que estava sendo difícil manter tudo disfarçado. - Você está com medo, Sunny? - ele perguntou. Estranhei sua pergunta e engoli em seco.
- Na-não, Mike. - E era a mais pura verdade.
- Então por que você está tremendo como uma folha?
- Porque está frio? - Tentei disfarçar o desconforto.
- Posso te abraçar? Que raio de pergunta era aquela? Ele sequer precisava perguntar. Podia já chegar com tudo e para mim estaria bem. Eu acenei afirmativamente, porque a língua travou. Mike puxou meu corpo para junto do seu e o frio foi embora na hora. - Puta que pariu... - ele amaldiçoou baixinho no pé do meu ouvido.Comecei a rir, porque, mesmo não sendo nada romântico, foi a coisa mais fofa que ele poderia falar para demonstrar seus sentimentos. Eu poderia usar de suas palavras para externar os meus. Ergui meus braços e enlacei seu pescoço, ouvindo a respiração afiada que ele deu imediatamente. Seus braços firmaram ao meu redor como tentáculos que nunca tivessem a pretensão de me deixar sair. Mergulhei minha cabeça no lado de seu pescoço, pois, quando o enlacei, imediatamente meu corpo foi erguido, já que a água tem desses efeitos impertinentes. Para manter o pudor, eu me abstive de enlaçar sua cintura com minhas coxas, então as mantive quietinhas, para baixo, mas na altura que meu corpo estava agora, e, com Mike nos puxando para mais fundo no lago, eu estava à sua altura. O que foi um lugar perfeito para o encaixe do meu rosto no vão do seu pescoço, bem como o dele no meu. Éramos como uma peça engraçada de um quebra-cabeça. Ou um lego aquático. Estáticos. Nem um nem outro querendo se mover muito, com medo de quebrar a magia do momento. Eu podia sentir a excitação de Mike contra o meu corpo, e aquela noção surrealista de que eu poderia fazer aquilo com ele trouxe um sentimento tão prazeroso ao meu corpo que eu podia jurar que gemi baixinho. Ou talvez tenha sido um gemido de Mike o que ouvi, ao pé do meu ouvido, o que trouxe arrepios intensos ao meu corpo.
- Sunny?
- Yeap?
- Eu vou beijar você. Okay. Espera. Eu acho que nem ao menos cheguei a responder adequadamente. Apenas ergui minha cabeça do casulo de amor onde eu me encontrava, para deparar com os lábios quentes de Mike diretamente sobre os meus. Puta que pariu. Agora sim a expressão quase saltou da minha boca. Diretamente para a dele. Mike podia ser tímido para expressar em palavras muitas coisas, mas nunca para externar seus reais sentimentos.Não. Para aquilo nunca. Ele não deixou dúvidas sobre o assalto que estava fazendo à minha boca. E que beijo fenomenalmente fantástico estava sendo aquele. Sei que usei de uma hipérbole e redundância gritante na mesma frase, mas foda-se. O que eu queria era gritar para os quatros cantos do planeta que Mike Crawford era o melhor beijador do lugar e que, no momento, ele estava centrado na minha boca. Eu podia sentir suas mãos apertando minhas costas de maneira firme, mas uma delas ergueu e segurou firmemente minha nuca. Uau. Eu achava aquilo sexy pra caramba. Um homem segurador de rosto, agarrador de cabelo, daqueles que mantinham o pescoço da garota cativo durante o beijo. Muitas feministas podiam achar aquela a expressão máxima da dominância machista, mas eu achava sexy. Mike estava me derretendo com um beijo. Um beijo apenas. Não estava rolando nenhuma espécie de movimentação rumo ao avanço de outras bases corporais, com mãos bobas vagando, nem nada. Ele estava concentrado em simplesmente me degustar com sua boca.E eu devolvia o favor, porque era uma garota muito bacana e gentil assim.Ri contra seus lábios, atraindo sua atenção. Ele interrompeu o beijo e me olhou, com um sorriso nos lábios agora inchados, exatamente como os meus deviam estar.
- O que foi?
- Um pensamento besta meu. - Não quer compartilhar? Neguei enfaticamente, rindo e escondendo a cabeça em seu pescoço.
- Porra, garota. Você me desmonta aos poucos, você sabe, não é? Eu me abstive de dar a resposta, concentrando-me nas sensações deliciosas de estar nos braços dele.
- Okay. Vamos nadar. Acho que você já foi aquecida por enquanto. E eu também. E acho que já fervemos a água. Além do mais, penso que aquela família pode estar um pouco perturbada pela nossa presença aqui... Creio que estamos soltando fumaça - ele disse rindo. Quando disse aquilo, o aloprado simplesmente pegou meu corpo flácido de puro prazer e deleite e me jogou no meio do lago. Desprevenida como estava, era óbvio que eu acabaria bebendo muita água nojenta no processo. Levantei do fundo do lago parecendo a Medusa, já que os meus cabelos estavam agora espalhados por todo o meu rosto, como cobras. E lá estávamos nós de novo, com a imagem de cobras naquele cenário tão perturbador. Bom, na pior das hipóteses, eu poderia estar me assemelhando também àquela louca Samara, do filme O Chamado . Aí a imagem seria realmente aterrorizante. Persegui o garoto, e passamos um tempo fantástico, o tempo todo trocando beijos ora ardentes, ora castos e singelos. Quando saímos do lago e fizemos nosso pequeno lanche, Mike me colocou deitada na toalha no chão, com minha cabeça apoiada em seu colo. Seus dedos faziam carinho durante todo o tempo em meus cabelos, ou no meu rosto.
- Eu preciso ir embora amanhã, logo após o almoço - ele disse rapidamente. Senti meu corpo congelar. - Como saí mais cedo, deixei um trabalho inacabado. Preciso chegar e ter tempo de finalizar.
- Claro - disse e me sentei rapidamente. - Você não devia ter tido esse trabalho todo por conta disso, Mike. Bastava que tivesse me ligado, sabe? - falei.
- Se tivesse sido sincero desde o início, ou enviado uma mensagem, dizendo que não queria que eu fosse com ninguém, ou o porquê, eu teria dado um jeito. Teria até mesmo deixado de ir. Ele colocou o dedo sobre meus lábios, silenciando-me.
- É exatamente isso que não quero que você se veja obrigada a fazer, Sunny: deixe de cumprir os protocolos ou queime as etapas que acontecem nessa fase da sua vida, para que não haja arrependimentos à frente.
- Mike, não poderia haver arrependimento se o que estou vivendo com você me traz mais felicidade do que supus poder ter - falei com sinceridade. Ele me beijou brandamente.
- Você quer sair para comer um hambúrguer hoje?
- Claro. Saímos daquele passeio divertido aos risos, nos enfiamos ainda molhados em nossas roupas e voltamos para a minha casa.Mike resolveu me deixar à porta, sem que Storm percebesse o rumo de onde tínhamos vindo, ou o que planejaríamos mais à frente. Eu estava andando nas nuvens de algodão ainda. Quando entrei em casa, tomei um banho quente e creio que fiquei o tempo todo com um sorriso estúpido e abestado no rosto. Pode até ser que eu tenha cantado no chuveiro aquela música superfofa da Christina Perri, A Thousand Years ... e isso me fez sentir uma vontade enorme de assistir Crepúsculo de novo. Eu duvidava que Mike toparia assistir comigo, ainda mais se soubesse que eu tinha um crush eterno pelo Edward Cullen, mas fazer o quê... Eu poderia assistir sozinha pelo Netflix do meu celular, enquanto esperava a hora passar até sair com ele de novo mais tarde.MIKE
Quando cheguei em casa encontrei Clarice fazendo seu dever de casa e disfarcei meu desconforto óbvio em estar mais do que excitado pelo passeio no lago, com Sunny. Okay. Alerta de hormônios loucos e em polvorosa.
- Ei, bestão. Vamos assistir alguma coisa hoje? - Clary perguntou. Senti uma pontada de culpa.
- Desculpa, Clary. Tenho um compromisso.
- Com Sunny Walker? - ela perguntou e deu uma risada conhecedora.
- O que você sabe sobre isso, sua enxerida? Sentei à mesa da cozinha e peguei um de seus cadernos de estudo. Eu sabia que ambas estudavam na mesma série. Elas se formariam aquele ano, mas acho que não compartilhavam nenhuma matéria, ou Clarice nunca comentara aquele fato antes.
- Eu sou uma irmã muito atenta, seu bundão. Muito esperta e sagaz.
- Sei. E desde quando?
- Desde sempre. Você sabia que ela nunca namorou ninguém esse tempo todo em que você esteve fora? Aquela parcela de informação foi tão substancial que chegou a acelerar meu coração.
- Sério? Mas ela sempre sai com alguns garotos...
- Ah, Sunny sai à beça mesmo. Sempre está nas festas da equipe de futebol às sextas-feiras. Mas nunca a vi se embrenhar com ninguém... Rabisquei alguma coisa no caderno da minha irmã e disfarcei a onda de entusiasmo que senti.
- Então... vocês estão juntos ou o quê?
- Por que a pergunta?
- Ah, pelo amor de Deus,Mike. Segunda-feira o assunto da escola vai ser o resgate épico que você fez no baile da escola. Eu temia que aquilo pudesse acontecer. Mas por um lado até seria bom, certo? Deixaria os outros urubus que poderiam estar cobiçando Sunshine saberem que ela já estava completamente comprometida com alguém. No caso, comigo.
- Bom, estamos caminhando para isso.
- Você gosta dela, não é? - Clary continuou a linha investigativa. - Yeah, Clary. Gosto.
- Que bom. Eu gosto dela também, Mike. Ela é superbacana. E você também, apesar de ser um chato às vezes.
- Que bom que você aprova, maninha - eu disse com ironia. Levantei e dei um beijo na cabeça loira da minha irmã mais nova.
- Vou descansar um pouco, okay? Qualquer coisa você me chama - falei enquanto subia as escadas que levavam para o meu quarto.
- Okaaay. Depois de um banho longo, onde meus pensamentos vagavam para as formas perfeitas de Sunshine, me permiti dormir um pouco para arrefecer os sentimentos turbulentos que aquela garota despertava em mim.Sunshine Walker estava fazendo com que eu suspirasse como um adolescente apaixonado. E a quem eu queria enganar? Eu estava apaixonado mesmo.
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Sunshine
Teen FictionEntre as irmãs Walker, Sunshine sempre foi conhecida como a mais descolada e de personalidade expansiva. Sempre se sentindo à sombra da irmã mais velha, Rainbow, tão certinha e centrada, Sunny fazia questão de manter uma imagem de que na verdade não...