Capítulo 29

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O KAY , OKAY ... EU ESTAVA NERVOSA PRA CARAMBA . Estava achando
que o Mike não se lembraria de forma alguma que em dois dias seria meu aniversário. Eu estava prestes a completar dezoito anos. Eu e Storm, aquele intruso pentelho, que nem teve a competência de ter um útero só pra ele.
— Sunshiiiiine! — Storm deu um grito no pé do meu ouvido.
— Nooossa! Eu estou aqui do lado, Storm. Não precisa gritar. Que coisa. Rainbow entrou na cozinha, deu um tapa na cabeça do bocó e pegou uma garrafa de água na geladeira. Recostou-se ao balcão e me olhou afiadamente.
— E aí? O que está programando? Tentei me fazer de desentendida.
— Como assim?
— Deixa de ser tapada, Sunny. Ela está se referindo ao dia glorioso onde eu e você brilharemos em nossos tão aguardados dezoito anos. — Storm enfiou uma colherada inteira de panqueca na boca. — Eu já sei o que vou fazer: vou jogar boliche com Justin e Jake. Duplo J. Tanto amigo pra eu fazer, eu tinha que fazer logo dos meus melhores, aqueles que começam com a mesma letra… droga. Storm era muito besta. O que tinha uma coisa a ver com a outra?
— Eu não sei, Rain. Pensei em talvez… sei lá. Eu não queria confessar que meu desejo mesmo era passar aquela data ao lado de Mike. Queria que ele me levasse pra sair, sei lá. Um jantar, um passeio épico. Uns amassos no sofá…Comecei a rir sozinha, porque teria que ser no sofá da casa dele, claro. Meus pais não eram dados a festividades da sociedade capitalista. Quando eles comemoraram seus aniversários, passaram sempre à luz do luar, debaixo da influência da natureza e tenho certeza de que eu e meus irmãos fomos produzidos em alguns desses arroubos sentimentais e comemorativos. Eca. Então, a mãe até perguntou se eu queria um bolo, mas recusei. Se fosse pra ter qualquer coisa, eu preferia uma pizza. Como eles odiavam pizza, e eu sei que minha mãe se recusaria a fazer bolo de chocolate, querendo introduzir alguma substância doida e natureba, acabei optando por… nada.
— Deixa de ser boba. Vai fazer como eu, é? Que sequer comemorei? — perguntou.
— Bom, você comemorou com o seu namorado. Acho que está de bom tamanho isso.
— Eca. Lá vem esse papo nojento e desnecessário de vocês duas. Por que sempre que vocês começam um assunto, tem que terminar em “homem”? — Storm perguntou revoltado. Olhei para o meu irmão e joguei um pedaço de biscoito nele.
— A conversa não está terminando em homem.
— Ah, não? Já prevejo o diálogo: “Ai, Rainbow… eu queria muito comemorar com Mike… porque, sabe? Ele é meu namorado… e a gente podia sair e dar uns amassos e eu seria como a cereja do bolo de chantilly” — Storm disse, imitando minha voz, que não teve absolutamente nada a ver, então ficou muito ridículo, e ainda colocando as mãos sob o queixo e revirando os olhos. Rainbow cuspiu a água que estava bebendo na hora. Bem em cima do Storm. Muito bem feito.
— Eca, Rainbow! Que nojo! Você cuspiu em mim, porra?
— Você veio com essa fala tosca e ridícula e eu não me aguentei, Torm. Desculpa… — disse rindo. Ela estava derramando lágrimas de tanto rir. — Eu não falo assim — retruquei e bebi meu suco —, e também, para sua informação, não usaria essa frase chula que você criou. Achei muito batida. Seria muito mais criativa. Eu queria ser a cereja do bolo de chantilly de Mike. E daí?
— Sunshine Walker… o que essa mente criminosa está tramando? — Rainbow perguntou.
— A minha? Nada. Eu não queria contar que meus planos eram proibidos para menores. E eram muito particulares. Naquela mesma manhã eu havia me debulhado em lágrimas e palavras atropeladas, tamanha a confusão que se passava na minha cabeça.

Querido diário fofo, Estou muito, muito, muuuuito confusa. E eu detesto me sentir assim, dessa forma. Já escutei todas as faixas da Demi, da Selena e também de Joe Jonas. Estou poluindo minha mente até mesmo com Justin Bieber, me acabei com Ed Sheeran e agora estou numa fase Edge e superdark, entregue aos cuidados de ninguém mais, ninguém menos que 30 Seconds to Mars. Confesso que o Jared me tirou o chão por um instante… acho que sonhei com ele. Isso pode ser considerado adultério no namoro? Pois bem… Estou escrevendo tudo isso nem sei o porquê. Talvez porque eu esteja… confusa? Estou às portas dos dezoito anos, sentindo-me quase uma anciã. Okay, exagerei. Mas estou assim… sentindo as entranhas se remoerem. E não, diário fofo, não estou com nenhuma espécie de infecção intestinal que poderia estar causando esse efeito devastador no meu corpo. O que sinto é uma vontade muito imensa de estar com o Mike. De uma forma assim… ui, que vergonha escrever isso, quer dizer, é quase como “falar” isso pra você, certo?Mas é meio perturbador… Então, onde eu estava? Aqui. No precipício. Estou no precipício. Não sei o que fazer. Não sei o que decidir. Não sei onde fincar meus pés. Ou minhas mãos… Bem, minhas mãos querem se fincar naqueles abdominais salientes e divididos que ele tem. Grudar naqueles bíceps avantajados e, quem sabe, agarrar uns chumaços daquele cabelo sedoso. Estou me sentindo meio tarada, diário fofo. Tipo, meio não. Inteiramente tarada. Estou querendo muito fazer algumas coisas com Mike. Coisas indizíveis. Coisas que tenho vergonha até mesmo de confessar aqui, em nosso recinto secreto. Eu sei que você sempre me deu liberdade de contar tudo, mas é meio estranho chegar assim, na maior cara dura e falar: oi, tudo bem, diário fofo, estou muito a fim de dar pro Mike … Ops! Droga! Escrevi essa merda! Ops! Desculpa! Ah! Que saco! Cadê um corretivo, quando mais preciso dele? Tá. Estou muito abstraída. Vou ouvir Coldplay. The Smiths. Nossa, peguei até um álbum das antigas do meu pai, do Elvis Presley. A gente se fala depois.Não se esqueça. O que está escrito aqui, fica escrito aqui. Tipo aquela parada de Vegas.
Sunny.

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