Capítulo 16

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E NTRAMOS NO CARRO , LOGO DEPOIS DE O FILME ACABAR E MIKE JÁ FOI DIRETO AO CASO.
— O que aquele garoto quis dizer com aquilo, Sunny? — perguntou na lata.
— Melhor, reformulando a minha pergunta, quem é aquele idiota? Revirei os olhos sem que ele percebesse e respirei fundo.
— Então… o Max estuda comigo — falei rapidamente.
— E tivemos um pequeno desentendimento na escola, recentemente.
— Hummm — ele resmungou e me olhou de esguelha. Sentei-me de lado no banco, olhando para ele.
— Olha, Max foi um dos garotos que me chamou para aquele baile, mas eu recusei o convite e fui com Tyson — ignorei o rosnado de Mike — e, sempre que posso, ignoro suas investidas e tal. Daí, nos esbarramos no corredor da escola e ele deixou escapulir que foi ele que me deu a bebida lá naquela festa… A freada brusca quase me jogou no painel do carro, se eu não estivesse de cinto, mas, como estava meio de lado, acabou fisgando meu pescoço.
— Ai!
— Desculpa. O quê? — Mike perguntou e, quando viu que eu estava esfregando o pescoço, parou o carro no acostamento. — Eu te machuquei? Desculpa, Sunny. Deixa eu ver. Desculpa.
— Okay, Mike. Eu estava mal posicionada. Ele passou a mão suavemente pelo meu pescoço e olhou diretamente nos meus olhos. A irritação ainda brilhava e agitava as íris azuis, deixando-as intempestivas. — Repete o que você falou, por favor — pediu, mas em momento algum parou de acariciar meu pescoço. Ai, por favor… daquela forma eu não conseguiria pensar direito.
— Ele soltou — enfatizei com as aspas —, sem querer querendo, que sua chegada repentina na festa estragou os planos dele e tal. Depois, quando conversei com Tayllie, descobri que uma das razões pelas quais ela e Jamylle detestam Max é porque ele fez isso ano passado, numa festa, com Jamylle. Mike parou a mão que me acariciava.
— Ele já fez isso? Com sua amiga? E o que aconteceu? — A corrente de perguntas me deixou tonta. Engoli em seco e lambi os lábios que podia sentir ressecados.
— É… ele… ahnn…
— Sunny…
— Ahnn…
— O que você não está me contando? Eu sabia que estava transpirando. — Eles tiveram algo lá.
— Algo… lá?
— É. Tipo… transaram, e Jamylle não se lembrava de nada no dia seguinte — falei e podia sentir meu rosto arder.
— Porra, Sunny! Mike me assustou quando se virou bruscamente de frente para o volante e deu um soco bem dado ali. Ainda bem que não foi na buzina, ou teríamos alertado o Estado de Nova Jérsei inteiro.
— Se eu não tivesse chegado a tempo, provavelmente era o que iria acontecer com você, Sunny!— falou alterado.
— Bom, talvez fossem os planos dele, mas Tayllie estava de guarda. — Tentei contemporizar.
— Tayllie não seria páreo para um cara que quisesse fazer qualquer coisa com você, ainda mais se ele já fez isso antes — falou irritado.
— Ele poderia ter arranjado qualquer desculpa pra tirar sua amiga de perto, já pensou nisso?
Bem, eu não tinha pensado naquilo. No momento não pensei, porque, obviamente, estava apagadaça. Então, vamos ignorar o episódio. E não pensei depois, porque não tinha esmiuçado tanto quanto uma cena de perícia criminal.
— Certo. Mas não aconteceu, Mike. Você chegou a tempo e evitou o pior. Mike afundou a cabeça nos braços. Ele estava respirando pesadamente.
— Poooorra.
— Mike?
Nada de resposta.
— Mike?
Estava começando a me preocupar. Será que ele tinha dormido? Entrado em algum estado zen? Entrado em coma? Será que engasgou com alguma casquinha de pipoca? Teria sido abduzido? Será que tinha se teletransportado para a casa de Max para lhe dar uma surra? Nossa, eu estava lendo muito livros sobrenaturais e paranormais. Credo. — Miiiiike?
— O que é, Sunny? — falou com a voz abafada, já que a cabeça ainda estava enfiada no vão formado pelos braços. — Fala comigo.
— Estou tentando me acalmar para não ir caçar esse filho da puta e dar uma surra no merdinha. Quando Mike levantou o rosto, seus olhos estavam com a promessa de um guerreiro viking. Ui. Foi sexy pra caralho. Se não fosse assustador. Espera… não assustador pra mim, eu estava com medo de ele se meter em encrenca por causa do bundão do Maxwell.
— Esquece isso, Mike. O Storm já deu uma dura nele no corredor, no dia que o idiota me acossou — falei e percebi que não tinha contado esse detalhe ainda. Mike franziu os olhos e me olhou atentamente.
— Ele te acossou?
— Aahnn… então… no ato do esbarrão…
— Sunshine…
— Ai, meu Deus, Mike… já falei o que tinha pra falar. — Cortei o assunto e me virei de frente.
— Storm sabe o que esse merda fez? — Mike perguntou em tom cético. — Não. Não sabe e eu não contei. E não queria que ele soubesse — falei e me virei de novo para Mike.
— Eu não quero Storm envolvido em problemas no time de futebol, Mike. — O que esse idiota fez é grave, Sunny.
— Eu sei, mas vou ficar atenta agora — falei seriamente.
— Não vá se meter em problemas também, Sunny — falou e me olhou desconfiado. Okaaaay. Eu não ia me envolver em problemas. Ou melhor… não procuraria os problemas por conta própria. Eu não teria culpa se eles aparecessem assim… repentinamente.
— Quer ir lá pra casa um pouco? — perguntei, tentando mudar o foco da conversa. Pensei com meus miolos que, se Thomas era um frequentador assíduo do quarto de Rainbow, eu bem que poderia apresentar o meu, assim como quem não quer nada, ao Mike.
— Storm não vai encrencar? — perguntou rindo.
— Só se ele descobrir — respondi no mesmo tom.

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