Capítulo 37

7 0 0
                                    

R AINBOW ENTROU NO MEU QUARTO E ME ENCONTROU CABISBAIXA . Senti um saquinho de gelo ser colocado em minhas mãos, que estavam repousadas no colo.
— Coloque isso no rosto.
Fiz o que ela mandou, como um autômato. Nem lágrimas eu tinha mais. Esvaziei o reservatório no chuveiro. Abri as comportas e em um determinado momento cheguei a me confundir com a água, sem saber se estava tomando banho com água do chuveiro ou com as minhas lágrimas. Okay, exagerei. Mas assim era eu.
— Quer me dizer o que aconteceu?
— O que você viu? Ou o que você supõe que aconteceu?
— O idiota tentou fazer maldade com a irmã de Mike e você tentou dar uma de Mulher-Maravilha e foi arrebentar a porta para impedir — Rainbow disse. Em seguida, me deu uma ombrada de leve.Cumprimento típico de irmãs.
— Tipo isso. Eu estava tomando um refrigerante de boa, daí vi o panaca subindo as escadas com a Clarice meio apagada. Eu segui os dois. Nesse meio-tempo, liguei para o Storm.
— Boa sacada.
— Pois é. O idiota abriu a porta, porque ao contrário da Mulher-Maravilha, eu não consegui entrar arrebentando a coisa toda, mas teria sido massa — falei e Rainbow riu baixinho. — Daí ele me puxou pra dentro do quarto. Rolou uma troca de insultos muito doida, ele me deu um tapa bem dolorido… — Suguei o ar quando coloquei o gelo. — Cara, essa porra dói!
— O tapa?
— Não, o gelo. Espera, o tapa também. Mas o gelo está competindo para ver se dói mais.
— Exagerada.
— Então… aí eu tentei descobrir se ele tinha abusado da Clarice, continuamos a troca de farpas e levei mais um tabefe. Mano, ele bem que podia ter batido do outro lado, mas não, ele bateu no mesmo. Daí, o que estava doendo passou a doer mais ainda. E foi quando ele ficou louco e começou a rasgar minha roupa, como se fosse o Wolverine — falei.
— O Wolverine é um herói e é um gato. Essa comparação foi muito chata.
— Tá. Como se fosse… o Dentes-de-Sabre — corrigi.
— Melhorou. Ele é vilão. Minha irmã era nerd entendida dos esquemas dos X-Men .
— Aí você sabe os detalhes que eu já não sei. Como vocês chegaram e tal. — Certo. Mike e Thomas estavam chegando aqui, bem na hora que eu estava perseguindo o Storm, descalço, para ir em seu socorro. Ao ouvir o nome de Mike, meus olhos delataram a tristeza que eu estava sentindo.
— Eeei…
— Você viu como ele me tratou, Rain? Ele nem sequer olhou pra mim direito.
— Deve ter alguma explicação, Sunny. Talvez ele tenha surtado de preocupação com a Clarice. Pode ser. Bem. Enfim… muito provavelmente. Rainbow se remexeu e pegou um frasco de dentro do bolso da calça.
— Tome duas cápsulas.
— Está fazendo faculdade de Medicina ou Farmácia agora? — zombei. 
— Cala a boca. Você vai acordar com dor no corpo. Isso vai te garantir uma boa noite de sono, pelo menos. — Rainbow beijou minha cabeça e deitou a dela no meu ombro. — Amanhã tudo vai se esclarecer.
— Okay.
Eu esperava que sim. E esperava que a mágoa também não cultivasse como um fungo pérfido dentro do meu coração.

                              MIKE 

Clarice estava pálida, e não queria conversar com ninguém. Nem mesmo vovó Bridget conseguira extrair dela o que realmente aconteceu. Ela só disse que não chegou a acontecer nada com suas partes femininas. E que Max tinha lhe dado um copo de bebida. Só. As dúvidas que eu sentia não foram sanadas. Eu queria saber se Sunny tinha algo a ver com a história. Queria ir à casa dela, saber como ela estava. Meu corpo ardia de vontade de checar, com minhas próprias mãos, meus lábios, minha pele, se ela estava bem. Se aquele maníaco não a havia machucado mais do que o que pude notar. Merda! Merda! Eu nem ao menos chequei minha garota.

Como você está, Sunny?

Mandei a mensagem e esperei uma, duas horas… nada de resposta. Era muito bem feito pra mim. Amanhã eu tiraria a história a limpo.

Sunshine Onde histórias criam vida. Descubra agora