OKAY ... ESTAVA ME SENTINDO MISERÁVEL . ENQUANTO SUGAVA O canudinho, degustando a bebida dos deuses, depois de ter comido mais de cinco cookies e um brownie e, por favor, julguem-me, eu estava nervosa, irritada, puta, chateada… eita… só usei adjetivos semelhantes para ilustrar meu estado de espírito… Enfim, eu estava muito brava com a situação, mas talvez estivesse mais decepcionada comigo mesma. Estava aí a razão para o Mike ficar ressabiado em um possível namoro comigo, certo? Eu agi como uma criança. Foi uma atitude infantil mesmo, típica de alunos do Ensino Médio e yaaaay!
Eu era uma aluna do Ensino Médio! Olha que legal! O que criava um mar de distância da maturidade de Mike e a minha ingenuidade e falta de sabedoria em lidar com uma merda daquele nível. Um, eu não soube administrar o meu ciúme. Uma garota adulta seria mais racional e não tiraria conclusões de maneira precipitada, certo? Ela agiria numa boa, como se nada tivesse acontecido e tal; dois, eu devia ter aberto logo o verbo. Dito assim: “olha, não gostei da loira, ela pinta o cabelo, não é natural, é meio fake , quem é?”. Teria sido mais verdadeiro e honesto, né? Mas eu fiz isso? Não. Eu me calei e fingi que não era nada e ainda inventei uma desculpa boba; três, eu simplesmente vomitei as minhas próprias inseguranças em cima do Mike. Aqueles eram conflitos que EU precisava resolver, não ele. Merda. Suguei o canudinho com mais força e não saiu mais nada. Droga. Seria o terceiro latte que eu pediria. No primeiro copo, o rapaz educado e fofo tinha escrito Sunshine, só. No segundo, ele colocou Sunny e uma carinha feliz. Por um momento acho que ele piscou pra mim e pode ser que tenha sido mais enfático na sua admiração. Eu acho até que fiquei vermelha como um pimentão. E isso era raro. Quando levantei para solicitar o terceiro, ele já deu um sorriso conhecedor e passou a mão pelo cabelo escuro, dando uma piscada irreverente em sequência.
— Sunny… mais um? — perguntou.
— É. Por favor. — Acho que meu tom desanimado foi percebido.
— Por que o abatimento, garota? Uma beleza como você não pode ficar assim… Fiquei envergonhada de novo.
— Ahh, obrigada.
— Esse é por conta da casa, okay?
— Sério? Não precisa… sério mesmo…— Fiquei mais sem graça ainda.
— Sente-se lá. Eu vou levar pra você. Oh. Uau. Tá bom. Acho que eu ia me permitir aquela regalia, né? Afinal, era meu aniversário. Yaaaay! E eu estava passando aquela data especial como? Sozinhaaaaa! Uhuuuuu! O universo era uma bosta. E era tão bosta que, quando o bonitinho do balcão trouxe o copo de latte pra mim, Mike chegou bem na hora. E, para piorar, o cara paquerador não tinha se contentado em colocar o meu nome escrito no copo apenas. Ele tinha anotado o número do telefone dele logo abaixo. Dylan. Bonito nome. Mas acho que o Mike não gostou. Ou, pelo menos, o olhar que ele deu para o cara foi bem revelador de seus verdadeiros sentimentos. O Dylan cascou fora e voltou para o balcão, não sem antes dar uma piscada às costas de Mike. Ele era atrevido e destemido. Mike era um pouco mais forte que ele. Poderia dar uma surra tranquilamente. Mike se sentou bruscamente à minha frente e me olhou de cara feia.
— É isso?
— É isso, o quê? Ele arrancou o copo da bebida que eu estava degustando, da minha mão, e olhou atentamente de mim para o copo, e novamente para mim.
— O quê? — repeti a pergunta.
— Você sai, some, não atende a porra do celular, se enfurna aqui e ainda fica dando mole para o cara, é isso? — perguntou e ele estava bem chateado mesmo. Comecei a rir. Todo o chocolate dos cookies e do brownie estava começando a fazer efeito com aquela parada da cafeína. Associado aos mililitros de bebida láctea fantástica que consumi, estava me deixando sonolenta. Pilhada, mas sonolenta. Tipo, como se eu estivesse curtindo um barato,sabe? Peguei meu celular e conferi o visor. Seis milhões de ligações não atendidas e mensagens espocando no visor. Ui. Acho que deixar no silencioso não foi uma boa ideia. E acho que deixar no fundo da bolsa, preferindo ouvir o iPod a toda altura no ouvido, também corroborou pra isso. Cheguei o corpo para frente e falei, olhando bem nos olhos azuis lindos de Mike:
— Eu não estava dando mole para o Dylan — pirracei. Mike pegou todos os copos e olhou um por um.
— Não? Sunshine . Okay. Profissional. Sunny . Começou a querer ficar íntimo… — falou e seu tom irônico me irritou pra caralho. — Sunny flower, que porra é essa? Mais um Me liga ?!
— Mike, eu não tenho culpa se o cara quis testar a tinta da caneta e achou que escrever um pouco mais no copo seria divertido… — Eu também sabia ser irônica. Tinha a melhor professora de todas: Rainbow. Mike amassou os dois copos anteriores e seus olhos soltavam faíscas. Naquele momento, vi que ele tinha acabado de colocar uma caixinha de presentes em cima da mesa. Com todo aquele tumulto de copos, nem tinha percebido a intrusa por ali. Meu coração acelerou.
— Vamos lá. Você quer conversar aqui, na presença do Dylan , o curioso, ou podemos voltar para o meu apartamento e conversaremos lá? —perguntou. Dei de ombros e recolhi minhas coisas, levantando-me em seguida. Mike deu uma última olhada para Dylan, pobre coitado, e colocou um braço sobre meus ombros, guiando-me para fora do local. O carro dele estava estacionado logo adiante. Entrei muda e saí calada. Quando voltamos ao apartamento, sentei no sofá e cruzei as mãos no colo. Como se fosse tomar uma reprimenda.Porém, antes de levar o esporro, já preferi me antecipar e assumir a merda.
— Olha, me desculpa, tá? Eu fiquei com ciúme e surtei num modo psicótico, daí eu não soube lidar com a coisa toda e… foi isso. Pensei besteira, falei besteira… enfim — assumi. Até me senti mais leve depois. Ufa. Mike sentou-se à minha frente, numa repetição de mais cedo.
— Você surtou porque me viu com a Sally, é isso? — perguntou.
— E eu lá faço ideia do nome da fulana, Mike? Não sei e não quero saber! Também não sou tão evoluída assim para querer fazer amizade com as suas amigas universitárias, especialmente as que você fica de conversinha ao pé do ouvido! — desabafei. Nossa! Estava me sentindo entalada com aquilo na garganta. Mike começou a rir.
— E pode parar de rir de mim, tá? Eu sei muito bem que sou apenas uma adolescente imatura e blá-blá-blá, mas não tenho domínio sobre esses sentimentos! E você também não, pelo jeito! — continuei o desabafo. — Já que chegou todo possessivo, só faltando mijar ao redor da mesa onde eu estava sentada no Starbucks!
— Nossa… seria nojento. E bem anti-higiênico. E a vigilância sanitária poderia fechar o estabelecimento. E eu ainda poderia ser preso, por atentado violento ao pudor — zombou. De todas as coisas que ele poderia falar, eu não esperava aquilo. Daí, comecei a rir. Foi mais forte que eu.
— Sunny, a garota, Sally, é uma colega de aula — ele disse e colocou a mão na minha boca quando quis interromper. — Veja como eu falei. COLEGA. Não é minha amiga, não é nada minha. Fazemos uma matéria juntos, só isso. Cruzei os braços e fechei a cara, emburrada.
— Você agiu muito mais suspeitamente do que eu, Mike. — Você sabe o que eu estava falando pra ela?
— Não. Não tenho ouvido biônico — respondi de maneira malcriada.
— Eu estava mandando exatamente ela tirar a mão de cima de mim e parar de procurar motivos para fazer trabalhos em grupo, sendo que eu já tinha feito todos os meus e até mesmo já tinha entregue ao professor. Já tem um tempo que ela queria que eu participasse de um grupo de leituras, mas eu me recusei. Daí, todas as vezes que a aula acabava, ela vinha ao redor, tentando fazer com que eu aceitasse. Hummm…
— Eu estava puto, na verdade. Aquela não foi uma conversa ao pé do ouvido, como você pensa que viu. Os olhos veem e interpretam o que querem, Sunny.
— Então isso serve pra você também — retruquei. — Você me viu dando mole ou conversa para o cara do Starbucks? Foi a vez de ele ficar envergonhado.
— Não. Não vi. Me desculpa.
— Okay.
— Agora que estamos explicados, você poderia me dizer o que veio fazer aqui? Neste dia de hoje? — insistiu. Revirei os olhos.
— Ai, Mike. Que saco. Eu queria passar o dia com você. Que coisa. Pronto. Satisfeito? Mike sentou ao meu lado e me puxou para o seu colo. — Ainda não. Mas vou ficar. — Com as mãos no meu rosto, puxou minha boca para um beijo doce, a princípio, depois se tornou escaldante. — Feliz aniversário, Sunny. O aniversário pode ser seu, mas eu que ganhei o presente. Nossa… que romântico!
— Mesmo eu tendo estragado uma boa parte do dia? — perguntei.
— Você não estragou. Você só trouxe um pouco mais de emoção. Eu quase fiquei louco atrás de você. Perdi o treino. — Ah, não, Mike! Me desculpa! — Agora eu estava me sentindo mal. — De toda forma, eu mataria o treino por você, Sunny. Nós só perdemos algumas horas preciosas onde poderíamos ter ficado juntos, em vez de separados. Beleza. Eu sabia que tinha melado aquele plano também. — Eu sei. Desculpa.
— Para de se desculpar. Eu que peço desculpas também. Olhando pela sua ótica, acho que eu teria reagido de maneira muito pior — admitiu.
— Hummm…
— Agora, olha aqui — se remexeu, mesmo que eu ainda estivesse no seu colo, e retirou o pacote de presente que eu tinha visto sobre a mesa no Starbucks —, esse presente é seu.
— Achei que tivesse esquecido em cima da mesa do Starbucks.
— Então você prestou atenção no embrulho, não é? — brincou.
— Depois que você amassou os copos e jogou fora, ficava meio difícil não ver esse pacote todo dourado com laços vermelhos. Mike me abraçou e beijou meu pescoço, atrapalhando o processo de abertura do presente.
— Deixa eu ver! Para!
— Continua aí. Eu continuo aqui — falou e passou o nariz pela lateral do meu pescoço. Quando consegui abrir a embalagem, quase tive um pequeno infarto, porque um fone de ouvido da Beats, sem fio, rosé, liiiiindo, estava bem diante dos meus olhos.
— Ahhhhhhmmm! Meu Deus! Que lindoooooo! — falei, extasiada. Só deu tempo de jogar a caixa num cantinho e pular no pescoço de Mike, que não caiu no chão porque já estávamos sentados, mas ele caiu pra trás no sofá, e eu caí por cima, e aí foi um Deus nos acuda, porque uma coisa puxou a outra. Eu comecei a encher o Mike de beijos de agradecimento e felicidade plena, mas aquilo evoluiu para algo muito mais visceral e cheio de cosquinhas em lugares indevidos. Mike segurou um punhado dos meus cabelos e ergueu minha cabeça, fazendo com que eu olhasse diretamente em seus olhos. Aquele mar azul estava agitado, como se uma tormenta estivesse passando por ali. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Mike me beijou para me deixar sem fôlego. Um daqueles beijos tórridos que vemos no cinema. Outro dos tantos com que ele sempre fazia questão de me presentear e ensinar ao meu corpo a ter saudade e ansiar desesperadamente. Quando nós dois éramos apenas gemidos, o som da porta se abrindo nos alertou para a presença de intrusos. O susto foi tão grande que Mike pulou e o que conseguiu foi que nós dois caíssemos do sofá.Eu por baixo, ele por cima. Se na posição antiga já estávamos de uma maneira comprometedora, agora, então, não havia dúvidas de onde estaríamos indo, se não tivéssemos sido interrompidos. As cabeças dos dois manés apareceram acima de nós.
— Uau. É nova modalidade de UFC? — Thomas perguntou em zombaria. Mike ergueu o corpo no cotovelo e olhou para trás, encarando o amigo. — Encontrou a fugitiva e resolveu fazer uma acareação dos fatos, Mike? — Rainbow zoou. Ótimo. Os dois estavam unidos e em prol de encher o nosso saco.
— Mais ou menos isso — eu mesma respondi. — Foi apenas um esclarecimento de fatos visuais e ilusão de ótica.
— Hummm… — Rainbow murmurou. — Eles não são fofos, Thomas?
— Bom, eu não sou o tipo de cara pra falar que outro cara é fofo,Rainbow. Eu sou macho. Homens não são fofos. E não acham outros caras fofos. — Thomas coçou o queixo e colocou o braço sobre os ombros da minha irmã. Levou uma cotovelada linda nas costelas. — Ai! Por que você me bateu?
— Porque você estragou o momento lindo dos dois. E eles estão fofos, sim — ela insistiu. — Podem continuar aí, gente.
— É, podem continuar aí. Nós vamos nos embrenhar ali… no meu quarto. — Thomas lambeu os lábios e ganhou mais uma cotovelada nas costelas. — Aaai, Rainbow! Eu tive treino hoje! O Masterson aterrissou exatamente em cima dessa costela que você está tentando fraturar aí!
— Own, tadinho… quer que eu cuide de você? — ela ofereceu, fingindo ter dó. Morri de rir da cara que ele estava fazendo.
— Você cuidaria de mim, Rain? — Thomas perguntou para minha irmã. — Claro, desde que deixemos os dois pombinhos numa boa aqui. — É pra já! Por que você não falou iss
o antes? — ele perguntou e se abaixou de uma vez, erguendo Rainbow no ombro, como um saco de batatas.
— Aaaah! O que aconteceu com suas costelas feridas, seu bruto? — ela perguntou, rindo. Eu e Mike acompanhávamos toda a cena.
— As costelas estão feridas, não meu ombro, tolinha — ele disse, entrou em seu quarto e bateu a porta com o calcanhar. O som do riso pôde ser ouvido de onde estávamos, ainda no chão.
— Okay. Foi uma cena bem bonita de ser ver — falei e Mike voltou o rosto pra mim, beijando a ponta do meu nariz.
— Quer uma cena parecida? — perguntou.
— Naaan… você fez isso comigo naquela saída do baile, lembra? Achei que ia vomitar nos seus bolsos traseiros — admiti e ri com sua gargalhada.
— Sério?
— Sim. É horrível.
— Okay. Mas… onde estávamos? — ele perguntou.
— Estávamos em uma parte muito interessante de aprendizado.
— Que seria? — perguntou, mas seu sorriso safado indicava que ele sabia exatamente do que eu estava falando. — Você sabe muito bem.
— Mas eu adoraria ouvi-la repetir.
— Bem, estávamos trocando aqueles beijos arrebatadores que arrepiam os cabelinhos da nuca, fazem com que os dedos dos pés se curvem, mesmo dentro dos calçados, e isso dói pra cacete, sabia? — brinquei e levei um beijo seguido de uma mordida no queixo. — Daí, esses beijos fazem com que certas partes do nosso corpo se acendam como uma árvore de Natal, igual àquela lindona do Rockfeller Center…
— Uau… foi um beijo e tanto, então ele disse.
— Foi. Um beijo e tanto mesmo.
— Quer continuar para ver se os efeitos são verdadeiros? — perguntou com um sorriso malicioso no rosto. Enlacei seu pescoço e, dessa vez, eu o beijei para tentar acender as lâmpadas emocionais e hormonais que eu havia alegado estarem acesas em mim.MIKE
Quando consegui contato com Thomas, assim que pus os pés de volta no apartamento, já estava em um estado de nervos extremos.
— Mike? E aí?
— Thomas, posso falar com a Rainbow? — perguntei, sem disfarçar a ansiedade.
— Okay. Ainda bem que ele não veio com seis milhões de perguntas. Eu nem teria tempo ou paciência para respondê-las mesmo.
— Oi, Mike — Rainbow disse do outro lado da linha.
— Rain, será que você saberia me dizer para onde sua irmã iria, aqui em Princeton? — perguntei de pronto.
— Ué, Mike. Ela não saiu com você? Não estou entendendo…
— Sim, nós saímos juntos, e pedi que viéssemos aqui no apartamento. Eu queria deixar umas coisas — falei. Não quis dizer abertamente que queria pegar o presente que havia comprado pra ela, ou que queria que ela conhecesse o lugar onde morávamos. Ou mais, não queria contar que queria ter a sensação de sua presença ali, para quando ela voltasse a Westwood. — Daí nós discutimos e ela saiu.
— Dirigindo? — Rainbow perguntou nervosa.
— Não. Eu tirei as chaves do carro da mão dela, mas num momento de distração, ela saiu do apartamento e simplesmente fugiu.
— Hummm… Sunshine não é muito de bibliotecas. Então risque esse lugar. Há um lugar aonde ela iria, com certeza.
— E qual seria?
— Um Starbucks. — Foi sua resposta.
Lembrei-me de que, quando entrei no carro, era exatamente pra lá que ela estava indo.
— Puta merda.
— O que foi?
— Em Princeton temos uns cinco Starbucks … — falei, enquanto coçava a cabeça, pensando por onde começar.
— Bom, se ela está sem carro, vá pelas cercanias.
— Um Uber serve para isolar essas possibilidades, Rain — brinquei.
— Conhecendo minha irmã, ela deve ter ido, desesperadamente, pelo mais próximo. Quando ela está nervosa, ela fica louca pela bebida dela… Okay. Era bom saber aquilo. Starbucks . Latte. Procurei nos dois menores e nada. Acabei percebendo que perderia mesmo o treino e avisei ao treinador. Ele riu e disse que Thomas já tinha apresentado uma desculpa qualquer, mas tinha certeza de que deveria ter algo a ver com visitantes de Westwood. O treinador era esperto. Ainda brincou dizendo que sabia ter a ver com fenômenos da natureza. Quando, por fim, olhei do lado de fora da vidraçaria do enorme estabelecimento na Nassau Street, meu coração ficou aliviado. Voltei ao carro e peguei o embrulho do presente que havia lhe comprado. Ao entrar no lugar, quase amassei o pacote na mão, já que percebi um idiota cercando minha garota, que agia toda sorridente. Bom, o cara era um atendente, e pode ser que o sorriso dela tenha sido apenas por educação e pura cortesia. Caminhei sem disfarçar minha irritação e quase esbarrei no panaca que estava todo cheio de sorrisos para minha Sunny. Esclarecer o que aconteceu e expor meu ciúme abertamente ali não seria o ideal, então meu plano de entregar seu presente deveria ser abortado. Percebi que poderia virar uma nova discussão, ainda mais quando o assunto em pauta seria a abordagem nada sutil do imbecil que tivera a coragem de colocar o número do próprio telefone no copo de latte dela. Minha vontade era ir devolver a porra do copo, diretamente pra dentro da goela do infeliz, mas era melhor que eu preservasse o espírito brando ali naquela cidade. Princeton era pequena, a universidade era conhecida, bem como os atletas que disputavam por ela. Seria meio tenso colocar o time em alguma espécie de conflito por um de seus atletas tendo sido acusado de dar uma surra num atendente abusado.Somente ao voltar para o apartamento foi que consegui compreender a razão de toda aquela bagunça. Olhando pela ótica de Sunshine, sim, talvez eu reagisse de maneira muito pior. Ela ainda tentou sair pela tangente, discretamente, quando eu, sem saber nada, a impedi. Ela me viu sair do prédio ao lado da vaca Sally. E agora eu a chamaria daquela forma, porque aquela garota criara toda aquela confusão e estragara o que poderia ter sido um dia perfeito. Se ela não tivesse aquela tara persecutória pra cima de mim, não teria saído grudada, literalmente, nas minhas mangas, e aí, sim, eu teria a surpresa que Thomas teve ao sair e deparar com sua garota à espera, recostada em seu carro e com um sorriso lindo no rosto. Eu não tive aquilo. Porque a minha garota viu uma imagem borrada e totalmente errônea de algo que obscureceu o sorriso que ela estava reservando pra mim. Ainda bem que Sunshine tinha o coração mais doce do mundo. Agora era o momento para tentar fazer com que tudo melhorasse e tentar recuperar os poucos momentos que nos restaram daquele dia especial.
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Sunshine
Teen FictionEntre as irmãs Walker, Sunshine sempre foi conhecida como a mais descolada e de personalidade expansiva. Sempre se sentindo à sombra da irmã mais velha, Rainbow, tão certinha e centrada, Sunny fazia questão de manter uma imagem de que na verdade não...