Capítulo 39

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UMA SEMANA JÁ HAVIA SE PASSADO . TODOS OS DIAS MIKE TENTAVA fazer contato, mas eu simplesmente bloqueei suas mensagens e me recusei a atender aos seus telefonemas. A semana de provas chegou com intensidade e meu silêncio foi sentido por todos. Tayllie e Jamylle ficaram com medo de Max ter conseguido concretizar o ato do estupro, pelo meu comportamento recluso e introspectivo, mas eu apenas estava ferida e destruída por dentro. Precisaria me reconstruir. Bom, nós, adolescentes, temos a tendência de intensificar tudo à máxima potência. Não poderia ser diferente nesse caso. Mike fora meu primeiro namorado sério. Meu primeiro amor. Meu primeiro tudo. E, óbvio, por que não, minha primeira desilusão.Consegui passar em tudo e estava sentindo as vibrações de alegria preenchendo meu ser. Eu me inscrevi em duas universidades, sendo que uma delas era em Princeton, esperando ser aceita na conceituada instituição, através do programa de bolsas para a equipe de Cheerleaders , associado ao meu gradiente escolar que era até bacana para os padrões. Mas esses planos estavam agendados para quando meu namoro com Mike ainda era uma realidade. Joguei os papéis no fundo da bolsa, sem nem ao menos olhar. Cheguei em casa e subi correndo para o meu quarto,ignorando a família que estava na cozinha. Minha nossa… eu estava muito Edge … se pudesse, me enfiava dentro de um agasalho de moletom preto, colocava as mãos nos bolsos e sentava num buraco, com meus fones de ouvidos lindos na potência máxima. Mascaria um chiclete ou dois, só para ter o que fazer, além de olhar o vazio. Droga, me lembrei de que os fones seriam os mesmos que Mike me dera de aniversário… Eu estava com saudade de Mike. Isso era um fato. Não tinha nem o que contestar. Mas não podia dizer que a mágoa ainda não ardia no meu peito, porque eu estaria mentindo. Maxwell estava sofrendo um processo disciplinar, fora expulso da escola e estava sendo acusado, formalmente, pela família de Clarice Crawford, além de mais outras duas meninas, que admitiram terem sido drogadas por ele em festas no passado. A família dele estava decepcionada, alegando que nunca soubera daquilo, mas eu duvidava. Alguém conseguia a droga Rohypnol pra ele. Enfim,depois de algum tempo, foi que Clarice me procurou para agradecer pela interferência providencial durante a festa. Também pediu desculpas por não ter falado a verdade a tempo para Mike e ainda pediu que eu lhe desse uma chance.
— Sunshine? — Clarice Crawford sentou-se ao meu lado, no refeitório. Eu já estava quase de saída, Tayllie e Jamylle me aguardavam do lado de fora.
— Oi, Clarice. — Evitei olhar muito em seus olhos. Eram tão parecidos aos de Mike. Como ainda estava dolorida a mágoa em meu coração, preferi manter distância emocional das lembranças.
— Será que posso conversar com você? — perguntou. Ué. Já não estávamos conversando? — Ahn, sim… — Olhei pra fora e sinalizei para as duas paspalhas que me aguardavam para que fossem embora. — Diga, Clarice.
— Eu queria pedir desculpas a você — pediu, sem jeito, remexendo nos cabelos loiros.
— Desculpas? A mim? Pelo quê?
— Eu não estava entendendo a necessidade daquele pedido.
— Na verdade, eu primeiro tenho que te agradecer — falou e pegou minha mão. A dela estava fria, de tão nervosa que estava. — Por ter me salvado naquela festa. Por ter ido em meu socorro… — Sua voz falhou ao final.
— O que é isso, Clarice. Qualquer pessoa faria aquilo no meu lugar. — Tentei argumentar.
— Não, Sunny. Qualquer pessoa, não. Muitos fingiriam que não estavam vendo nada. Não acredito que iriam me ajudar.
— Eu gosto de pensar que as pessoas são boas, Clary. — Usei o apelido pelo qual Mike a chamava.
— Não consigo aceitar que alguém fingiria não ver nada. — Se você não tivesse visto o Max me levando, ninguém teria percebido — ela disse baixinho.
— Agora você sabe que não deve aceitar nenhuma bebida de ninguém, certo? Mesmo que o Max seja seu amigo…
— Max não era meu amigo — admitiu, sem graça. — Mas eu sempre tive uma queda por ele. E, quando ele me entregou o copo de bebida, eu, de repente, me senti a garota mais bonita da festa… como você. Opa. O quê?
— Como assim?
— Você. Eu sempre quis ser parecida com você. Tão descolada, tão extasiante. Você irradia energia por onde passa, Sunshine. Os garotos babam atrás de você, desmaiam ao seu redor. Nossa… Clarice ainda estava chapada da festa? Desde aquele dia?
— Está louca, Clarice? — perguntei, rindo. Mas era um riso de nervoso.
— Os garotos não fazem isso.
— Fazem, sim. E as meninas querem ser todas como você. Ter ao menos uma fagulha do que você tem. E, quando Max me ofereceu aquele copo de bebida, eu me senti descolada, me senti… você. Por um momento. E dançamos juntos, por poucos segundos… até que ele me chamou pelo seu nome. O quê? O cretino ainda fez aquilo?
— E a realidade se confundiu toda na minha cabeça. Tentei falar que não era você, mas ele começou a me levar pelas escadas — ela disse e afastou uma lágrima que escorria pelo rosto. — Quando ele me deitou no sofá, e começou a me beijar, eu já nem sentia muita coisa, só podia ouvi-lo - chamando por você. E daí, você chegou. Como uma salvadora. E eu sinto tanto, Sunny. Por não ter feito nada, ou não ter falado nada, logo depois.
— Você diz, depois, para o Mike? — confirmei.
— Sim.
Ele chegou em casa, depois da briga que teve com você. E eu fiquei com tanta vergonha, porque eu deveria ter falado com ele antes, esclarecido tudo, assim que acordei daquela merda batizada lá… Mas me calei. Porque estava com vergonha de admitir que deixei Max se aproximar, por eu curtir uma paixonite por ele, que deixei, por um segundo, que ele pensasse que eu era você, e aí ele continuou a me beijar com intensidade — ela disse. Uau.
— Quando realmente contei ao Mike, ele ficou revoltado. Mas mais dolorido foi ver a mágoa e a dor nos olhos do meu irmão. Porque eu sei que ele está sofrendo, agora, por minha causa.
— Não é por sua causa, Clary. É por causa dele. Ele quem escolheu agir da forma que agiu. Ele que preferiu me acusar e me julgar, antes de qualquer coisa — eu disse, sentindo meu peito apertado.
— Eu só queria que você me desculpasse, Sunny. Que pudesse realmente me perdoar pelo meu silêncio. Eu não deveria ter permitido que o Mike sequer imaginasse que você estava envolvida com nada daquilo — ela disse e apertou minha mão. — Só queria pedir que você dê uma chance a ele. Aceite meu irmão de volta… Hum-hum. Quando o Cometa Halley passasse outra vez. Tá. Eu estava sendo exagerada. Mas ainda estava com o coração dolorido, então, por favor, não me julguem por manter a pose de dama ferida.
— Que vestido você vai usar no baile? — Tay interrompeu meus pensamentos tortuosos.
— Nem sei se quero ir.
— O quê? Tá louca? Sunshine! Você é a alma da festa! — Quem é a alma da festa é o Storm. Eu sou o arroz da festa — brinquei.
— Você não pode faltar, Sunny — Jamylle completou. — O que será de nós?
— Vocês irão com algum gatinho fabuloso, tenho certeza. Eu vou ficar em casa, assistindo uma temporada ultra de Netflix — falei e risquei o caderno. Tinha acabado de escrever o nome do Mike. Jamylle e Tayllie espiaram meu caderno e fizeram o som de hummmmm…
— Viraram vacas mugideiras? — perguntei.
— Quando você vai aceitar falar com ele, de novo? — Tay perguntou.
— Não sei. E eu não sabia mesmo. Honestamente.
— Vocês terminaram?
— Creio que sim. Ao menos eu internalizei aquilo, para não criar brotos de esperança.
— Cara, ele não está tentando se desculpar?
— E eu perdoei. De verdade. Todo mundo tem o direito de errar. Mike é uma pessoa maravilhosa e fantástica. — E o amor da minha vida.— Mas agora, ele está livre para seguir a carreira dele. Eu? Eu vou seguir o que tiver que seguir.
— Sunshine… você não está sendo muito dura? — Jamylle perguntou.
— O que você sentiria ao ter seu namorado te acusando de armar um esquema do mal, ignorando o fato de você ter quase se estropiado no processo? — Mordi a caneta. — Ele mal olhou na minha direção. Ele sequer veio averiguar se eu tinha sido ferida ou não. Vocês não viram o olhar sinistro que ele me lançou naquela noite. Era um olhar que eu queria esquecer.
— Mas então, dê a volta por cima, Sunny, e vá ao baile! Arranje um par! — Eu não vou arranjar outra pessoa, só por causa disso, Tay! — falei, indignada. E não ia mesmo. Combinei que iria com Rainbow, se fosse o caso. Não pediria para ir com Storm, porque o idiota convidaria alguma garota para poder dar uns pegas depois. Certeza. Ou eu iria sozinha. Eu era segura o suficiente para ir ao baile de formatura por minha própria conta e risco. E fodam-se as convenções sociais.
— Mas seria uma ideia excelente…
— Uma ideia imatura — falei.
— Imatura é você dando um gelo nele — Jamylle resmungou. Elas eram do team Mike.
— Eu não estou dando um gelo nele. Quer dizer, eu estou. Mas porque assumi que estamos congelados.Terminados.
— Porque você não quer dar uma chance pra ele se desculpar adequadamente — Tay argumentou. — Tay, vamos mudar de assunto? — pedi.
— Okay, vaca. Mas só porque te amamos. Comecei a rir. O amor ali era lindo.
— Okay, você vai deixar de criancice e vai levantar essa bunda daí agora! — Rain falou pra mim, que não queria sair de forma alguma do meu casulo embaixo das cobertas, escondida no sofá. Eu estava muito feliz assistindo uma temporada de Teen Wolf .
— Não vou, não. Não vou, meeeeeesmo — resmunguei. Consegui me afundar mais ainda nas cobertas. — Conseguiu tirar ela daí? Está mais parecendo uma tartaruga enrugada pra dentro do casco — Storm falou e espiou por cima do encosto do sofá. — Sunshine Walker!
— Rainbow Walker! — devolvi o cumprimento. — Vá à merda. Me deixe em paz.
— Levanta a bunda gorda daí! — Uuuoaaa… apelou, irmã! Ofendeu forte! Vou pegar a pipoca porque vai ter cat fight agora! — Storm disse rindo. Idiota.
— Escuta, eu não posso ir sozinha ao ginásio. Eu tenho medo — Rainbow disse e fez uma voz de pavor. Eu não entendia o que a louca queria no ginásio àquela hora.
— Cara, pega o Storm. Ele tem músculos potentes. Vai te proteger.
— Eu não posso. Fiquei de bater um papo com a Anastacia… se é que vocês me entendem… Ah, que nojo. Ele estava pegando a minha amiga das cheerleaders ?
— Está pegando a Anastacia, Torm? — Rain perguntou e riu.
— Vou passar o rodo. E, se deixar, faço rodízio com a equipe toda, só para conferir os pompons.
— Você é nojento, Storm.
— Seu galinha.
— Só estou usufruindo e servindo de modelo para essas mulheres.
— Modelo?
— É! Elas pensam que eu sou uma espécie de massinha de modelar e gostam de ficar alisando essa estrutura perfeita que Deus me deu. Revirei meus olhos.
— Cara, algum dia, você vai se afogar com seu próprio sebo. Juro.
— Eu sou um cara que reconhece o próprio poder. Apenas isso.
— Babaca.
— Vamos comigo, Sunny! Por favor. Aaaahhh… que ódio.
— Que saco, Rain! Essa temporada estava quase acabando!
— Pra isso existe o botão de pausa. Sabe esses dois pauzinhos juntinhos aqui?Você aperta e voilà o episódio congela, e olha! Minha nossa! Que gostosa! Quem é? Congelou bem nos peitos! — Storm começou a rir. Eu estraguei sua diversão e desliguei a TV. — Ei! Estraga-prazeres!
— Vou colocar um moletom — resmunguei.
— Um menos mulambo, por favor.
— Vai à merda, Rainbow — retruquei de volta. Ouvi apenas o riso como retorno. Troquei a camiseta rasgada por um moletom do Mickey. Não tô nem aí. Eu gosto do Mickey. E o moletom era lindo e estiloso. Coloquei uma calça jeans e minhas botas da Doctor Martens, pretas. Podia ir de chinelos, só pra irritar a Rainbow, mas preferi não apelar. Prendi o cabelo num rabo de cavalo e desci. Bufando.
— Nossa, quanta empolgação.
— Belo horário pra você ir a um ginásio — falei e a segui quando ela abriu a porta de casa.— Afinal, o que você vai fazer lá?
— Ahn… Thomas pediu que eu tirasse uma foto de um troféu antigo. Algo assim.
— O quê? Estamos indo pra você tirar uma foto para o Thomas? Ele não poderia arranjar isso depois? — perguntei. 
— Parece que não. O treinador deles está precisando. Quando ela disse “deles”, lembrou-me do outro ser que sempre estava junto de Thomas Reynard. O meu Mike. Quer dizer, que costumava ser o meu Mike Crawford. Suspirei e deixei a saudade levar a amargura embora.
— Cada coisa que você arranja. Oito da noite e vai tirar foto de um troféu. — Pois é… que coisa, né? Seguimos no carro de Rainbow até o ginásio da escola. Estava tudo meio deserto. Meio, não. Interiamente deserto.
— Credo, Rain. Isso aqui está parecendo cenário de The Walking Dead .
— Aff, Sunny. Deixa de ser medrosa. — Rainbow pegou o celular e ligou para Thomas.
— Oiiii… — Revirei os olhos. — Vem cá, onde no ginásio? O quê? Não é no ginásio, ginásio? É no estádio? Mas vai estar aberto?
Respirei fundo e futuquei as estações do rádio. Achei uma música legal e embalei o ritmo, cantarolando. — Tá bom, amor. — Revirei os olhos de novo. Onde eu imaginaria Rainbow chamando o namorado dela de amor . — Também te amo. Mais que você.
— Argh. Que açúçar. Quase morri agora. A insulina está escorrendo pelo carro… me deixe saltar daqui! Minha glicose subiu! — zoei e levei um tapa. Chegamos ao estádio e Rainbow estacionou o carro próximo ao portão A. Desci rapidamente, colocando as mãos dentro dos bolsos do casaco, e seguindo Rainbow muito a contragosto.
— Eu ainda acho que era o Storm que tinha que ter vindo. Ou então devia vir de guarda-costas.
— Deixa de ser bundona, Sunny. Olha a noite como está enluarada, está lindo.
— Noites assim são ótimas para aparições de vampiros e lobisomens. — Isso é o que dá assistir essas merdas de seriados, sua anta. Fica viajando na maionese depois.
— Tá bom. Onde é essa coisa aí que vamos?
— Portão A, acesso 2.
— E onde tem troféus por lá? — perguntei. Quando chegamos ao local, Rainbow abriu a enorme porta de ferro e me fez passar na frente. Ela me deu um empurrão e disse:
— Vai, Sunny! E deixa de ser burra, pelo amor de Deus! Abri a boca para gritar, assustada, porque pensei logo em uma armadilha de vampiro, filme de terror, algo assim, mas, quando me virei para o campo, só o que vi foi o Mike, de pé, com as mãos nos bolsos do casaco. As luzes do estádio estavam todas acesas, iluminando a figura solitária, que me esperava com ansiedade. Ou assim eu imaginava, já que sua postura denotava nitidamente seu estado. Pensei em bater à porta para Rainbow abrir, mas eu não era covarde. Desci as escadas que me levariam até onde ele estava.Meus olhos observaram tudo e captaram que ao seu redor, no chão, ele formara um coração com um montão de pétalas de rosas de todas as cores. Minha nossa! Quantas rosas ele precisou destruir para fazer aquele gesto romântico e fofo? Se a mamãe visse, ela teria um treco. Ao chegar mais perto, vi que Mike mordia os lábios. Estava nervoso. Arrastei meus pés pelo gramado. Estava me sentindo uma idiota, ridícula, mas caminhei estoicamente. Parei exatamente à sua frente. Ele inclinou a cabeça de lado e me deu um sorriso triste.
— Oi.
— Oi.
Ficamos em silêncio, apenas nos encarando por alguns segundos preciosos. Acho que pigarreei, com o intuito de chamar sua atenção e acabar com o desconforto da situação. Minha postura refletia a dele. Ambos estávamos com as mãos nos bolsos dos casacos.
— Você veio.
— Ahn… na verdade, isso foi uma cilada, porque eu não fazia ideia, então, teoricamente, eu não vim. Eu fui arrastada — brinquei.
— Mas o que importa é o produto final — ele disse.
— Hummm. Eu estava tão sem graça.
Minha vontade era abraçá-lo, beijá-lo, pular no seu pescoço, dar uns tapas por ele ter sido tão injusto e ter me magoado. Mas eu estava congelada. Petrificada no lugar. Até minha língua estava com a musculatura esgotada. Mike se abaixou e pegou algo no chão. Ele segurava um buquê delicado e singelo das flores que eu mais amava no mundo inteiro, talvez pela simplicidade que sempre representaram na natureza, mas pela beleza que conferiam à paisagem: margaridas. Eu simplesmente amava margaridas.
— Me perdoa, Sunshine.
Uma frase tão curtinha. Duas palavrinhas, seguidas do meu nome. Algo tão simplório, mas que teve um significado tão importante pra mim. Naquele momento, senti como se uma camada de gelo estivesse se desfazendo ao meu redor. Mike estendeu a mão, como se estivesse me puxando para dentro do coração de pétalas. Eu aceitei e entrei. De bom grado. Quando nossos dedos se tocaram, a saudade deu um grito visceral e suplantou a mágoa. Com minha outra mão livre, peguei o buquê que ele me ofertava e cheirei, tentando camuflar as lágrimas que brotavam. Bem, se elas saltassem, poderiam até regar as flores… seria ótimo. Mike era meu amigo. Era minha alma gêmea. Aquele que me entendia mais do que muitos ao meu redor. Fomos praticamente moldados sob a mesma influência do peso do julgamento errôneo dos outros. Dois seres tão distintos e, por vezes, tão iguais. Eu, um ser esfuziante. Ele, um ser recluso e caladão. Opostos atraídos como um ímã. E, quando nossas mãos se tocaram, foi como se a lei da atração tivesse feito sua mágica naquele instante. Nossos corpos se moveram em uníssono. Um em direção ao outro.
— Eu já não sei o que é viver sem você, Sunny — ele disse, com os braços enlaçando meu corpo. — Meus dias só refletem chuva, há muito já não vejo o Sol. Está tudo encoberto por nuvens escuras, porque eu simplesmente afastei o brilho que iluminava todo o meu caminho. Nossa… ele tinha estudado Teoria dos Poemas? Era alguma disciplina que tivera que fazer na faculdade?
— Se eu tiver que pedir perdão pra você, todos os dias, pelo tempo que você determinar, eu vou fazer. Bom, aquilo era um pouco de exagero, não é? — Me aceite de volta na sua vida… me traga de novo o seu calor… Eita… aquilo ali me deu calor em outras partes negligenciadas.
— Mike…
— Não, Sunny. É sério… eu só quero que você escute isso aqui comigo — disse e pegou o iPod de dentro do bolso. Puxou os fones de ouvido e preparou para colocar um em mim, outro nele. — Eu queria que o som passasse no alto-falante, mas o Joe não conseguiu abrir a sala de som — ele se desculpou. Posicionou um fone no meu ouvido direito e um no seu ouvido esquerdo. — Apenas escute, Sunny. Quando ele acionou o play, seus braços imediatamente apertaram ao meu redor e, de uma maneira suave, Mike começou a balançar nossos corpos, como se estivéssemos dançando no meio do campo. Oh, meu Deus… Coloquei uma mão sobre a boca, para tentar conter um soluço que queria escapar. Blake Shelton começou a cantar, com aquele timbre gostoso e romântico. A música? God Gave me you … Minha nossa… Mike queria me esfacelar naquele campo de futebol, era isso!

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