NO DIA SEGUINTE , ACORDEI PARECENDO UMA PILHA COM RECARGA MÁXIMA. A noite fora fantástica, povoada de sonhos mirabolantes e cheios de ação, em um dado momento, cheguei a pensar que estava em um episódio de Teen Wolf, de repente, apareci em Outlander, mas meu Jamie Fraser não era ninguém mais, ninguém menos que Mike Crawford. Acho que desmaiei, no sonho, quando ele me chamou de Sassenach. Sério, eu tinha que parar de assistir seriados na TV. Estava tumultuando minha cabeça. Corri para o banho, antes que Storm se enfiasse no banheiro e passasse três horas lá dentro. Me arrumei o melhor que pude, ajeitei uma trouxa de roupa, com um pijama confortável, porém bonitinho e sexy, e guardei tudo na mochila avulsa que levaria para a escola. Na verdade, eu deixaria aquela mochila no carro de Mike. Mas precisava sair sem que Storm percebesse a presença dela. Desci e entrei na cozinha, tentando me livrar de Storm, que estava comendo sua panqueca, perturbando a mãe, ao mesmo tempo.
— Sério, mãe? Você simplesmente deixou a Rainbow dormir em Princeton com o Thomas? Assim? Do nada? Sem nem ser aniversário, Natal, Halloween ou coisa e tal? Apocalipse? Essas merdas? — perguntou, com a boca cheia.
— O que isso tem a ver, Storm? — mamãe perguntou, virando-se de lado na pia.
— Sua irmã já é muito crescidinha pra você ficar pentelhando e monitorando seus passos.
— Mama! Ela vai fazer uma festa do pijama! A senhora não percebe? Coisas vão acontecer! Coisas indizíveis! — Quase gritou. — Sinto até arrepios esquisitos quando imagino…
— Então não imagine, seu tosco — falei e tomei o copo de suco de uma vez.
— Isso mesmo, Torm. Deixe suas irmãs viverem suas vidas, como eu e seu pai deixamos você viver a sua, okay? Aqui nessa casa não há diferenciação de sexos — mamãe falou e Storm quase cuspiu a panqueca.
— Aaaargh! Não fale essa palavra perto de mim, mãe! Essa palavra não pode sair da sua boca pura!
— Que palavra? — ela perguntou sem entender.
— Sexo, mãe. Storm tem dificuldade em lidar com essa parte importante da fisiologia humana.
— Mas eu estava falando de gênero — mamãe respondeu, rindo.
— E a palavra usada é a mesma. São quatro letras que, quando saem da sua boca, ou das bocas das minhas irmãs, quase me causam uma convulsão — Storm disse, limpando a boca na toalha de mesa. Nojento.
— Storm, você precisa de terapia, meu filho — a mãe disse. — Viu? Eu e Rainbow sabíamos disso o tempo todo, mama — falei e ganhei uma olhada mortal do meu gêmeo.
— Não preciso de terapia. Preciso que a senhora trancafie essas duas em alguma comunidade doida, onde elas possam virar monjas — Storm disse e eu quase cuspi o resto do suco que bebia.
— Existe isso, certo? Mulheres monges? São monjas? Elas são sagradas? Não fazem… essas coisas, certo?
— Storm… você quer uma monja pra você, meu filho? — mamãe questionou, e sua sobrancelha arqueada falava muito mais do que qualquer palavra eloquente. Ele coçou a cabeça.
— Hummm… não…
— Então pare de achar que suas irmãs merecem o mesmo destino. Eu só espero que elas sejam tratadas com o mesmo respeito que tenho certeza que será ofertado à sua garota, no momento em que você bater os olhos nela — ela disse sabiamente.
— Mama… por favor, pense em mim como algo assim… eu estou na pista, e estou pegando carona com os carros… logo, não estou pensando tão cedo em estacionar, valeu? — Storm disse e piscou para nós duas.
— Seu ridículo — eu disse e revirei meus olhos.
— Storm, quando você se apaixonar, eu praticamente vou ver flores espalhadas pela casa, vai ser lindo — mama disse e saiu cantando uma música dos anos 1970. — If you’re going to San Francisco… be sure to wear, some flowers in your hair…
— Afff… a mãe tá locona, é? — Storm perguntou, depois de olhar se mamãe estava por perto.
— Claro que não, bundão. Ela só tem certeza que você vai cair no amor muito forte. E eu tenho quase que a mesma certeza que ela — falei e me despedi dele, quando escutei a buzina de Mike do lado de fora.
— Tchau! Não me espere hoje, hein? Vou ter uma noite de pijama!
— O quê? — ele gritou. — Com quem? Sunshiiiiine!!! Eu, porém, saí rindo de casa, sem lhe dar chance de averiguar o que minha informação significava. Nem dei atenção ao dia em sala de aula. Juro… se alguém me perguntar que matérias tive, que professor deu aula, que roupas usavam, se eles estavam vestidos ou nus, usando tutus… nada disso foi registrado pelo meu cérebro congestionado com imagens muito gráficas do que a noite prometia. Na última aula, eu batucava com o lápis, enquanto meus olhos fitavam atentamente o relógio na parede, como se aquilo fosse fazer os ponteiros correrem mais rapidamente.
— Você está me deixando nervosa — Tayllie disse, sem levantar a cabeça do caderno, onde anotava alguma coisa aleatória.
— Eu estou nervosa. O mais justo é que você fique nervosa comigo, como uma espécie de irmandade, companheirismo — falei.
— Credo. Deus me livre. Essa coisa de ficar nervosa à toa dá rugas.
— Deixa de ser besta, sua pele está ótima. — Meus olhos continuavam conectados ao relógio.Faltavam apenas sete minutos para o sinal tocar.
— Qual é, Sunny? O que está pegando? Você está com um relacionamento sério com o relógio? — Tayllie perguntou e jogou um pedaço de papel em mim. Desembrulhei a bolinha de papel e li o recado. Você se parece com alguém que está querendo fazer merda... ou fazer coisas interessantes hoje... qual dos dois? Conte logo, sua safada! Olhei para minha amiga e mostrei a língua, amassando o papel em uma bolinha e enfiando no bolso.
— Não vou falar nada.
— Agora. Mas depois vai me contar tudo — ela zombou. O sino bateu e quase derrubei a cadeira na pressa de sair dali. Ouvi apenas o riso de Tayllie ao fundo, enquanto minhas pernas me guiavam para a porta de saída da escola.Lá estava ele. Recostado ao Jeep, Mike me aguardava, com os braços cruzados, o óculos de sol ocultando seus olhos. Um boné azul-escuro cobria seus cabelos dourados. Algumas meninas passavam se abanando e cochichando e eu sabia que estavam, obviamente, referindo-se a ele. Meu namorado era lindo mesmo. Corri os passos finais e ele abriu os braços para me esperar. Encaixei-me ali naquele espaço, como se sempre tivesse pertencido àquele lugar. Como se todos os dias da semana ele me esperasse e eu fosse recebida daquela maneira. Eu poderia me acostumar àquele tratamento…Mike abriu a porta do carro para que eu entrasse, correu pela frente e se ajeitou atrás do volante.
— Vamos passar no mercado antes e comprar algumas coisas, tudo bem? — perguntou e eu sorri, concordando com a cabeça. Passamos em um Target, passeamos pelos corredores, de mãos dadas, como um casal de namorados despretensioso, sem grandes expectativas, nada programado, apenas andando a esmo, durante uma tarde qualquer. Ao chegar à casa de Mike, meu coração estava começando a acelerar de maneira incompreensível. Ele estacionou o carro, respirou fundo, e eu segui o movimento. Nós nos olhamos e começamos a rir.Descemos e levamos as compras para a cozinha, como um casal faria normalmente.
— Você quer comer alguma coisa? — ele perguntou, enquanto guardava os congelados na geladeira.
— Não.
— Vou estourar uma pipoca, tudo bem? Você pode levar esses refrigerantes pra sala, por favor? — pediu. Acenei e fui para a sala de TV. Eu estava mais nervosa do que queria admitir, mas Mike tentava fazer com que parecesse um momento normal entre nós dois. Então eu encararia como um encontro Netflix, um lance cineminha. O que rolasse, rolaria. O que seria diferente de um cinema? Talvez a ausência de uma multidão ao redor. E o que a ausência de uma multidão ao redor poderia interferir? Talvez nas decisões a posteriori. Sentei-me no sofá, peguei o controle da TV, e encolhi as pernas, depois de tirar os tênis e deixar no canto. Olhei para o visor do celular e percebi que já se passava das cinco da tarde. Mike despencou ao meu lado, com o balde de pipocas nas mãos, pegou o controle e perguntou:
— Tem preferência?
— Não. Se você me deixar escolher qualquer coisa, tenho certeza de que vai se arrepender — brinquei. E ele se arrependeria. Ele não iria querer assistir aos meus seriados, ou conhecer meus crushs televisivos. — Pode escolher o que você quiser. Não, espera. Nada de muito sangue, por favor. Nem terror. Ação! Pode ser ação.
— Okay.
Acabamos assistindo a um filme qualquer com uma trama que não faço ideia de qual era, porque meu foco era na mão de Mike, que sempre resvalava no meu ombro, ou nos meus cabelos, ou num carinho no lóbulo da minha orelha. Aquilo ali fazia com que eu sentisse arrepios por todo o meu corpo.
Minha nossa… eu ia morrer entalada com a pipoca. Ou o refrigerante. Um dos dois me mataria. Certeza.
Minha vontade era jogar tudo para o alto e pular em cima do Mike naquele exato instante. Acho que em algum momento eu meio que dormi. Sei lá. Apaguei mesmo, sem dó. Culpa dos cafunés que Mike estava fazendo.
— Sunny? — ele chamou meu nome baixinho.
— Hummm?
— Vamos subir?
— Humm, hummm… — concordei e deixei que Mike me ajudasse a levantar do sofá. Meu corpo estava letárgico, mas ainda assim desperto. Poderia aquelas duas sensações coabitar em um mesmo corpo?Quando entramos no quarto de Mike, depois que ele simplesmente me “sequestrou” de casa durante aquele dia inteiro, além da sessão de filme, pipoca e cafunés, senti as mãos ficando suadas de puro nervosismo. Aquela sensação ardente na boca do estômago estava mais intensa e os pelos da minha nuca estavam arrepiados. Mike trancou a porta e se recostou, com as mãos nos bolsos.
— Por que tenho a impressão de que está nervosa? — perguntou. Detestava quando ele era espertinho e sabichão. — Hummm… eu acho que você está viajando. Eu não estou nem um pouco nervosa — menti descaradamente. Mike saiu de onde estava e chegou à minha frente. Delicadamente ele afastou meu cabelo do pescoço e liberou um espaço para que seus dedos pudessem percorrer tranquilamente por ali.
— Você mente muito mal, Sunny — disse, rindo. — Mas vou fingir que acredito em você. Embora eu possa dizer, com toda a certeza, que eu estou nervoso. Arregalei meus olhos. — Sério? E por que você estaria nervoso? — questionei. A mão de Mike tremulava contra o meu pescoço. A outra me puxou de encontro ao seu corpo.
— Talvez porque eu nunca tenha feito isso antes.
— O quê? Sequestrar uma garota e se trancar com ela em seu quarto? — Tentei brincar para amenizar o clima tenso.
— Não. — Beijou um lado do meu rosto. Depois o outro. Em seguida, beijou a ponta do meu nariz. Eu queria que beijasse minha boca. — Talvez eu nunca tenha tido a intimidade que quero ter com você com outra garota. Sério. Arregalei os olhos de novo. E juro por tudo o que é mais sagrado… senti até mesmo os cílios preenchidos por rímel se expandirem, o lápis de olho esparramar, a pupila quase pular fora da íris e, em consequência, achei que meus olhos saltariam fora do globo ocular.
— O-o-q-quê? Mike enlaçou os dedos atrás das minhas costas, fazendo com que nossos corpos ficassem mais unidos do que já estavam.
— Isso o que você ouviu.
— Eu ouvi, só acho que não entendi direito. Espera. Estou me sentindo meio burra. Juro. O que você quis dizer com… nunca fez isso antes? — insisti. Mike começou a rir baixinho e escondeu o rosto no vão do meu pescoço.
— Sunshine, Sunshine… você quer as palavras mais diretas possível? Cara. Eu entendi o que entendi? Mike era… virgem? Nunca tinha estado com uma garota?
— Você é… você… você é…
— Merda… eu não conseguia finalizar. Estava com medo de a minha voz sair num grasnido ao final. — Virgem? Intocado? Nunca transei? Sacudi a cabeça em choque.
— Sim.
— Mike… por quê? Que raio de pergunta era aquela? Por quê? Dããã… — Quero dizer, como assim?
— Como assim o quê?
— Como assim você ainda é virgem?! Você é um cara gostoso, lindo de morrer, espera, de viver, sexy, gostoso… eu já falei gostoso? — Ele riu e acenou a cabeça. — Quantas vezes eu falei gostoso?
— Quatro com essa.
— Então… você é gostoso, lindo, maravilhoso, gentil, fantástico… você é o receiver mais top que conheço, as garotas fazem fila por você, gritam seu nome nos vestiários, pedem selfie , e isso é um saco, vou ter que admitir, então… como assim? Você… você é homem! Eu estava impressionada. Mike começou a rir e se sentou na cama, puxando-me para sentar em seu colo. Bom, a parte de ele ser homem estava bem evidente. — Quanto a isso não resta dúvidas, Sunny — ele disse. — Mas quem disse que só porque eu sou homem tenho que seguir as normas que toda uma sociedade impôs? Em relação ao comportamento que os caras têm que ter, entende? Eu nunca quis galinhar por aí. Nunca quis colecionar garotas aleatórias, ou nunca quis tratá-las de maneira banal. Eu fui criado para tratar as mulheres da maneira que minha mãe gostaria que minha irmã fosse tratada por um cara. Com respeito. Suas palavras faziam tanto sentido quando comparadas a quem ele era realmente.
— Eu sempre esperei por um momento especial. Uma garota que fizesse da memória algo inesquecível, marcante. Eu nunca quis banalizar o ato sexual como tantos caras fazem hoje em dia. Mas esse sou eu. Podem me tachar de antiquado, torto, estranho, o que seja… — disse e vi que estava constrangido. — Mas eu só quis ter o poder de escolher o momento certo, com a garota que eu achasse certa. Uau. Simplesmente… uau. Quem diria, não é? Mike não era tão diferente de mim naquele sentido, então. Ele também era julgado pelas aparências! Pelo que a sociedade esperava do comportamento masculino em geral. Enquanto, por um lado, eu era julgada como uma garota selvagem, mesmo sem ser, pelo simples fato de ser atirada para a vida e para as diversões que poderia usufruir, Mike era julgado no sentido inverso. Por ele ser um jogador de futebol gostoso, homem, jovem e vistoso aos olhos de todos, as pessoas esperavam que ele fosse um verdadeiro garanhão. Um bon vivant. Um pegador total. Mas cara… ele era amigo de Thomas Reynard! E Thomas, antes de Rainbow, era pegador. Onde Mike se encaixava naquele perfil?
— Mesmo sendo amigo de Thomas, você ainda conseguiu se manter… intacto? — brinquei. Mike riu.
— Cada um tem as suas coisas, Sunny. Thomas tem sua própria cabeça, eu tenho a minha. Nunca segui os ideais dos outros. E talvez minha amizade com ele seja longínqua por ele ter sido o único que nunca quis mudar essa resolução que impus a mim mesmo, ou por nunca ter zoado disso — disse e beijou a ponta do meu nariz. — E acredite, eu já fui muito zoado. Eu bem podia imaginar. Se as pessoas me tachavam de vagabunda pervertida, no mínimo, deviam dizer que, se Mike não fosse um pegador inveterado, era gay ou padre.
— E… e… Mike passou a mão no meu rosto de maneira suave e quase reverente.
— Daí, a garota especial que sempre esperei apareceu. Entrou na escola, como um raio de Sol num dia de chuva… — disse e prosseguiu: — e comecei a desejar essa garota com uma intensidade bem doentia mesmo. Foi a minha vez de esconder o rosto no vão do seu pescoço. — E eu quis viver com essa garota aquilo que sempre ouço ao redor. E continuo querendo — Mike percorria minhas costas com suas mãos fortes —, porque você despertou não somente meu corpo em sua forma mais hormonal, Sunny, mas despertou o desejo intenso de viver isso ao seu lado. Oh, minha nossa. Acho que, se eu estava ouvindo as batidas do meu coração, de onde eu estava, era bem capaz que Mike também estivesse ouvindo de onde estava.Ergui meu rosto e dessa vez eu encapsulei seu rosto com minhas mãos pequenas em comparação.
— Seremos dois manés descobrindo as coisas? — perguntei. — Porque, veja… eu não sei nada disso. E eu achava que você era entendido das paradas e tal. — Mike começou a rir. — Eu sou virgem, Sunny, não burro ou inocente. Pode deixar que as paradas eu vou saber guiar perfeitamente — disse e fez um movimento ninja, quase no estilo de Matrix , em câmera lenta, muito doido, fazendo com que meu corpo flutuasse repentinamente, caindo na cama macia. O corpo dele ficou por cima. E me senti protegida imediatamente.
— Oh… entendi. Okay. Eu nem sabia para o que eu estava dando o meu okay, mas estava dando de todo jeito. Ooookay, digo. Mike abaixou o rosto e seus lábios deslizaram com suavidade pelo meu rosto, até chegarem à boca. Aí, eu é que fiquei meio possuída e agarrei os cabelos da sua nuca e o puxei para um beijo mais ardente. Sério. Meus hormônios estavam gritando havia dias ali dentro. Meses, até. Mike me fez ferver em fogo brando. A situação já estava quase insustentável. Graças aos céus, ele correspondeu em pé de igualdade e mostrou que o arroubo selvagem não era somente meu. Suas mãos iam arrastando os tecidos que encontravam pelo caminho e acho que as minhas também estavam seguindo o mesmo destino. Eu espelhava o que ele fazia. Bem, não necessariamente os mesmos movimentos, já que, quando as mãos de Mike englobaram meus seios, por baixo da camiseta, eu não tinha os dele para devolver o cumprimento, mas pude me refestelar com seus peitorais. Daí eu comecei a rir.
— O que foi? — ele perguntou, sem parar de me beijar ou amassar o que estava amassando em suas mãos fortes.
— Nada…
— Diga, Sunshine…
— Estou tentando imitar o que você faz… daí, percebi que você meio que não tem… humm… seios… então, meu movimento foi meio falho agora. — Mike parou o que estava fazendo e olhou para mim com cara de choque. Eu acho que posso ter cometido uma gafe sexual. Existia aquilo? Minha nossa… eu era uma tapada mesmo. Logo em seguida, no entanto, ele começou a rir.
— Faça o que tiver vontade de fazer comigo, Sunny.
Uau. Não diga isso, Mike… você não faz ideia do que se passa na minha mente… Suas mãos continuaram a lenta exploração, enquanto as minhas deslizavam por baixo de sua camiseta. Num impulso súbito, Mike parou o que estava fazendo e puxou a peça que me atrapalhava o percurso. Daquele jeito que sempre achei sexy os caras fazendo. Por trás da nuca. Nada de agarrar a camiseta pela borda inferior. Não, senhor. Era um simples esticar a mão por trás da cabeça e pluft! Puxar a maldita peça fora do corpo. E voilà , toda a glória corporal estava diante dos meus olhos. Calhou que ele quis que eu fizesse o mesmo, claro. Mas eu não repetiria o movimento másculo, então optei por fazer o modelo mocinha mesmo. Ergui pela barra inferior e puxei. Obviamente a camiseta engastalhou no meu cabelo e
Mike teve que dar uma ajuda rápida. Quando o corpo dele entrou em contato com o meu, pele contra pele, ainda que eu conservasse meu sutiã superfofo de coraçõezinhos rosa, senti um calafrio muito doido percorrer minhas fibras.
— Uau… — sussurrei.
— Uau.
Mike despejou beijos por cada parte exposta do meu corpo, e eu tentava retribuir em igual medida. Olha… vou dizer uma coisa muito séria. Quando esse tipo de evento acontece na vida de uma garota, é algo muito surreal. Parece como se uma cena de filme estivesse se projetando na mente, ao mesmo tempo em que uma névoa densa assumia o lugar. Luxúria era um lance perturbador. Eu perdi a total capacidade de pensar com razão. Deixei apenas meu corpo assumir. Nem vi quando as peças foram sendo reduzidas a quase nada e depois a… nada. Quando vi, estava sendo total e completamente engolfada por Mike e as sensações que ele me fazia sentir. E eu esperava, de todo o meu coração, que os sons de prazer que ele também estava fazendo significassem que ambos estávamos num caminho muito tortuoso de prazer intenso.
— Ahh… minha nossa, Mike… acho que vou morrer — falei e senti uma onda poderosa de algo incerto tentar me submergir.
— Se você morrer, então eu vou morrer junto — Mike disse, sem fôlego. Eu podia ver que sua testa estava tomada de gotas de suor. Eu achava que o momento da dor seria algo terrível e sinistro, daqueles momentos onde eu faria um relato longo e cheio de drama e trauma mexicano no meu diário, mas sei lá… talvez pelo fato de estarmos os dois no mesmo barco, o Navio das Descobertas, o momento da fisgada dolorosa passou tão rápido quanto um piscar de olhos quando entra um cisco atrevido dentro do olho. Foi preciso apenas um minuto para que eu me recuperasse, para que Mike pudesse assumir os comandos que nenhum dos dois conhecia, mas que o instinto sabia comandar como ninguém. Quando a avalanche de sensações prazerosas chegou com tudo e nos jogou de cara na parede – não literalmente, claro –, Mike desabou meio que uma parte em cima de mim e outra ao meu lado. Estávamos plugados, suados e exaustos. Uau. Eu nunca poderia imaginar que veria estrelinhas mesmo. Fogos de artifício ou essas coisas. Achava que era apenas fruto de criação literária ou cinematográfica para dar efeito e fazer as meninas sonharem acordadas. Mas Mike me fizera quase revirar os olhos. E, pensando na cena, deve ter sido até meio esquisito. Ainda bem que o quarto estava na penumbra. Apenas uma luz parcamente iluminava o local. Obrigada pelas pequenas coisas. — Juro que acho que morri por um momento. Isso acontece? — perguntei depois de um tempo. — Não sei. Nunca fiz isso antes também — respondeu, sem erguer a cabeça de onde estava.Começamos a rir.
— Sabe o que eu pensei na hora? — perguntei, ainda rindo.
— Não. Mas tenho certeza que você vai me dizer.estávamos enrolados e ainda emaranhados nos lençóis, nossas roupas estavam espalhadas por sabe-se Deus lá onde, e eu estava com os braços ao redor de Mike, cantando em seu ouvido. Havia algo mais espontâneo do que isso? Ou inesquecível? Se Mike queria uma memória, garanto que aquela estaria eternizada. Poderia até mesmo nem ter sido épica ou um dez na categoria desempenho sobrenatural, mas tenho certeza de que valeu muito pela empolgação final e os sentimentos de emoção compartilhados.
— Eu te amo, Sunshine.
— Também te amo de montão, Mike — respondi, antes que meus olhos acabassem cedendo ao sono arrebatador.MIKE
Eu juro que, quando peguei Sunshine mais cedo naquele dia, na escola, não foi com intenções obscuras de levá-la para o meu covil e arrebatar seu corpo de maneira selvagem. Eu a queria pra mim. Isso era fato. Já estava cansado de desejá-la intensamente e achava que nunca poderia obter tudo o que queria dela. Os sentimentos eram algo muito estranho. Quanto mais tempo eu passava com Sunshine, mais dependente eu me tornava de sua presença, de sentir o toque de sua pele, de sentir seus beijos ou degustar do prazer de sua companhia. A cada vez que nos encontrávamos, quando meus dedos ganhavam vida e começavam a percorrer a pele perfeita que ela tinha, eu achava que poderia estar ficando louco ou obcecado demais. Eu não queria forçar Sunshine a nenhum tipo de decisão que ela não estivesse preparada. Nunca antes tínhamos conversado, ou ela nunca tinha sido abertamente contra um contato mais íntimo entre nós dois. Eu sabia pelo que esperei todos aqueles anos. Uma garota especial que fizesse as memórias da minha primeira vez algo extremamente fantástico. O que dizer de uma garota pela qual meu corpo ardeu por tanto tempo? Uma menina-mulher que fez com que cada fibra do meu ser, cada grama de hormônio fosse despertado como um vulcão em erupção, cada momento eu ansiasse e tivesse que ranger os dentes, pela simples lembrança de seu rosto? Somente aquele conjunto de fatores já me mostrava que Sunshine era a garota pela qual esperei por tanto tempo. Tantos garotos sentiam um tesão absurdo por qualquer mulher, faziam questão de perder sua virgindade de maneira aleatória, com qualquer garota bem disposta que lhes ensinasse as artimanhas do amor. Eu não era como a maioria dos garotos. Eu já havia sentido desejo por outras meninas antes? Claro. Já até havia chegado a sair com algumas, mas nunca deixei passar do ponto dos beijos ardentes. Nunca deixei que meu corpo comandasse minha cabeça. Nunca deixei que meus hormônios dominassem meus sentimentos ou as resoluções e princípios aos quais fui ensinado. E não, eu não havia sido criado em nenhuma seita ou conceito ultrarreligioso que condenasse o sexo de maneira enfática. Eu apenas fui criado para lidar com ele de maneira comedida e sabendo valorizar a contraparte. Sabendo respeitar as garotas que estivessem diante de mim. Tantos garotos sequer se atentavam para o detalhe de que a menina com quem estavam deveria ser tratada como se fosse algo precioso. Ou ao menos, que as tratassem como gostariam que tratassem suas irmãs ou primas, ou até mesmo amigas.A maioria dos caras optava por, dado o início de suas vidas sexuais, começar então a colecionar os variados sabores das mulheres espalhadas ao redor. Muitos sequer prezavam pela qualidade, valorizando a quantidade. Quanto mais, melhor. Preferiam construir uma história de contos e se gabarem para os amigos, lendas épicas, o tão famoso caderninho preto… Eu pensava de forma muito diferente. Por que eu ia querer construir um passado recheado de mulheres, se eu poderia ter um presente ou um futuro com apenas uma mulher especial? Nunca revelei esses pensamentos abertamente nem mesmo a Thomas. Talvez ele apenas pensasse que eu era tímido e não soubesse me aproximar adequadamente de uma mulher. Enfim… O que sei é que Sunshine destruiu toda e qualquer resistência que eu pudesse ter para a espera. Era hora de findar aquilo na minha vida, e eu esperava que ela fosse a parceira que seguiria o caminho das descobertas junto comigo. Confessar todos os meus segredos a Sunny foi libertador. Expor o que eu guardava em meu coração, não como uma forma de convencê-la a embarcar comigo, mas como uma maneira de ela compreender a essência de quem eu sempre quis ser, foi o melhor momento do meu dia. Eu só não esperava que pudesse ficar ainda melhor. Sunshine era espontânea por si só. Ela não fazia as coisas programadas. Simplesmente se deixava levar pelos sentimentos que a guiassem no momento. E calhou que, naquele momento, o que prevaleceu foi exatamente aquilo que a guiou diretamente para os meus braços. Puta merda… era muito instintivo para um homem assumir o que fazer durante o ato sexual, mas eu não contava que Sunshine seria tão responsiva e ardente. E a combustão foi simultânea. Explosiva. Acho que tive uma pequena morte. Daquelas que os franceses relatam. Morri e voltei ao meu corpo. Eu queria uma memória inesquecível. Temia que Sunshine tivesse me estragado para toda e qualquer imagem dali por diante.
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Sunshine
Teen FictionEntre as irmãs Walker, Sunshine sempre foi conhecida como a mais descolada e de personalidade expansiva. Sempre se sentindo à sombra da irmã mais velha, Rainbow, tão certinha e centrada, Sunny fazia questão de manter uma imagem de que na verdade não...