Capítulo 15

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MEU CORAÇÃO ESTAVA PALPITANDO LOUCAMENTE . Corri para casa , logo
depois da escola, depois do treino cansativo e quase mortal, onde quase me esborrachei, porque sabia que era uma sexta-feira e Mike estaria chegando em breve. Ele havia me passado uma mensagem mais cedo.

Espere por mim, iremos ao cinema. Escolha o filme. Menos filme de mulherzinha. Okay... pode escolher o que quiser. Eu só quero segurar sua mão mesmo...

Já havia se passado uma semana desde que eu entrara para o time e meus músculos todos doíam mais do que minha alma quando menti para minha mãe na sexta série e fiz uma assinatura falsa na agenda por ter tirado uma nota baixa. E estou dizendo aquilo porque minha alma doeu pra caramba depois. O peso na consciência foi uma droga total.
Enfim, no final eu chorei como uma condenada e confessei o pecado. Aí minha mãe disse que já sabia, porque a escola ligou, avisando que a assinatura estava uma bosta e totalmente fake , então, senti a culpa à toa. Mas valeu a pena. Nunca mais tive coragem de mentir descaradamente daquele jeito outra vez. Entrei como um tornado, quase derrubei Storm e Rainbow no meio do caminho, e entrei no banheiro. Eu me arrumei em tempo recorde, coloquei minha melhor calça jeans justa, daquelas que valorizavam o traseiro bem elaborado que eu tinha,escolhi um suéter vermelho, que acentuava minhas curvas e dava vida à minha cor, e sim, eu era uma garota da moda e acompanhava essas tendências, então sabia tudo sobre nuances e cores adequadas a cada tom de pele. Apliquei o perfume discreto atrás das orelhas e nos pulsos, coloquei uns brincos delicados, mas totalmente minha cara, e uns braceletes estilosos, bem como meus milhares de anéis. Desci quase num passo de Fred Astaire pela escada.
— Eita, tem gente hoje bem alegre e feliz aqui — Storm disse da sala, sem largar o controle do videogame.
— Vou sair — respondi simplesmente. Meu pai e minha mãe tinham ido a um camping em Maryland, para um final de semana só deles e as estrelas. — Nós percebemos — Rainbow disse, ao sair da cozinha.
— Você também vai? — perguntei. — Thomas vem me buscar, mas não sei se vamos sair para algum lugar — ela disse, enquanto bebericava um copo de suco.
— E você, Torm? Nada de balada? — perguntei.
— Cara, eu saio quando vocês dormem, queridas. — Continuou jogando, mordendo o lábio inferior
Eu e Rainbow começamos a rir. — Hum-hum…
— Vocês apenas fiquem atentas ao horário, okay?
— Quem controla o horário sou eu, Torm — Rainbow disse.
— Estou pouco me lixando. Eu sou o homem da casa quando o pai não está — Storm disse e se virou bruscamente para nós duas, quase nos fazendo pular de susto.
— E se você vier com aquela merda de novo de que Thomas vai assumir o posto, eu vou dar na sua cara. Espera… na cara não, porque as evidências são muito incriminatórias… Eu vou descobrir um lugar pra te espancar e não deixar marcas, entendeu? — ele disse pra Rainbow, que arrancou o controle da sua mão.Storm saltou do sofá e correu atrás de Rainbow. Quando Thomas e Mike entraram em casa, Storm estava agarrando Rainbow por trás, tentando alcançar o controle, que agora ela tinha arremessado na minha direção. Peguei sem hesitação e corri para trás de Mike.
— Touchdown ! — gritei. Storm parou o ataque, ainda agarrado com Rainbow.
— Você é tão ridícula — ele disse.
— Larga a minha garota, Storm. Só não te desço a porrada, porque você é irmão dela — Thomas falou.
— Nossa, estou congelando de medo — zombou.
— Uuuuuh! Rainbow lhe deu uma cotovelada antes de ir para os braços do namorado. Eu abracei Mike por trás, ainda protegendo o controle. Storm não ousaria atacar Mike.
— Será que você poderia me devolver? — ele pediu educadamente. — Isso? — perguntei, erguendo o trequinho. Storm me olhou irritado. Entreguei e fui para frente do meu irmão.
— É tão fácil te irritar, Torm. — Panaca.
— Bundão.
— Okay, se forem sair, vão logo de vez. Me deixem em paz para conquistar a próxima fase, por favor — ele disse e voltou a se sentar. — E deixem o celular ligado, para que o GPS ainda esteja ativado no caso de eu querer rastrear suas bundas. Rainbow subiu com Thomas em seu encalço. Aqueles dois amavam o quarto dela. Não que fizessem muita coisa ali. Apenas criaram um casulo só deles naquele local. Mike pegou minha mão e me puxou pra fora de casa.
Entrei no carro dele e imediatamente liguei o rádio. Eu adorava provocar meu namorado. Seguimos direto para o cinema da cidade. Resolvi que daria uma trégua a Mike e acabei escolhendo um filme de ação.
— Tem certeza? — ele perguntou.
— Eu falei sério quando disse que você poderia escolher o que quisesse.
— Sério. Eu gosto de ação — respondi e pisquei.Quando chegamos à fila do cinema, tive a surpresa desagradável de dar de cara com Maxwell e sua turma. Algumas garotas que eu não conhecia estavam os acompanhando. — Hey, Sunny — ele falou e tentou me abraçar. Mike impediu, colocando o braço sobre meus ombros e o corpo à frente.
— Que surpresa… — É… não é? Quando na cidade só existe essa opção de cinema, é uma possibilidade nos esbarrarmos por aí… — falei entre dentes.
— Esbarrar em você é algo muito agradável — ele disse e riu. Mike se retesou ao meu lado. Agarrei sua camisa quando senti que ele ia em direção a Max, que saiu rindo.
— O que ele quis dizer com aquilo? — ele perguntou.
— Depois te conto.
— Sunshine…
— Sério… eu te conto… depois do filme. Assistimos à primeira parte num clima muito legal. Quero dizer, quem nunca foi ao cinema com um namoradinho não sabe a emoção que nos corrói as entranhas quando a mão do seu objeto de afeto simplesmente agarra a sua com força e os dedos começam a acariciar e fazer círculos nos pulsos… O estômago começa a querer expulsar a pipoca que foi consumida e quando ele vira para o lado, ignorando a tela de cinema à frente, você não dá uma pulga de atenção ao fato de que pode estar com alguma pipoquinha presa num dente, porque, graças a Deus, está tudo escuro e porque, uau… as emoções tomam conta. O cérebro para de funcionar. Juro. É algo surreal. O meu coração parecia querer saltar pelo decote canoa do meu suéter.Meus olhos ficaram enevoados e só olhavam para a boca de Mike, que vinha em câmera lenta na minha direção. A cena à minha frente tomou a forma de uma cena digna de filme, então, foda-se a tela de cinema, o que eu tinha na minha frente era o máximo dos máximos, e estava concorrendo ao prêmio anual do Teens Choice Awards , como a perspectiva de beijo mais sexy do ano. Eu esqueci de conferir se tinha vizinhos do meu lado, se Mike tinha, se havia curiosos na fileira de trás ou da frente. Com os da frente eu nem me importava, a não ser que eles se virassem para conferir a performance. Mike agarrou minha nuca e puxou minha boca rumo à dele e pairou com seus lábios a milímetros dos meus. Ai, meu Deus. Eu estava morrendo.
— Que cena do filme está rolando? — perguntou baixinho.
— Não faço a menor ideia.
— O que você se lembra por último? — perguntou com um sorriso. Eu sei que ele estava sorrindo, porque seus dentes brilharam quando a tela se iluminou com uma explosão.
— Um carro explodiu numa ponte e acho que outro explodiu agora, porque a tela acabou de iluminar seu rosto — falei mais baixinho ainda.
— Bom…
— Mike?
— O quê?
— Você vai me beijar ou não?
— Vou. Só estou conferindo se vou ter controle suficiente pra parar — respondeu. Dali ele simplesmente abaixou a cabeça e completou o ato. Minha nossa. Eu é que não teria controle algum. Controle de quê mesmo? Mike Crawford sabia beijar. Eu vi estrelinhas. Podia jurar que vi todas as que ostentavam a calçada da fama em Hollywood.

                           MIKE
Beijar Sunshine era algo surreal e fora de qualquer coisa que eu pudesse definir. Eu já tinha ficado com outras garotas, mas só posso dizer que aquela ali era a única que me fazia ver estrelas cadentes por trás das pálpebras fechadas. Eu só tinha uma palavra para definir o momento em que meus lábios tocavam os dela: sublime. Meu Deus. Estava cada dia mais difícil me conter e não implorar para que Sunshine simplesmente me aceitasse por inteiro.

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