E U E M IKE PASSAMOS UM FINAL DE SEMANA MARAVILHOSO . Mesmo que ele ainda estivesse tenso por conta da história de Max, consegui que esquecesse, ou ao menos ele deu a entender que deixou o assunto de lado, e aproveitamos o pedaço do sábado e o domingo que passamos juntos. Aquela semana seria uma porcaria porque eu teria duas provas: Inglês e Geografia, e ainda seria o grande teste da primeira vez que teria jogo e eu estaria integrada na equipe de cheerleaders . Mas passaria como um borrão, já que pediria a Mike que me levasse a um festival no próximo final de semana. Então, somente a perspectiva daquele evento já me deixou emocionada. Quando a segunda-feira chegou, e com ela as aulas específicas que eu odiava, bem como a presença ingrata de Max em uma delas, tive que respirar fundo.
— Olá, belezura — disse ao sentar ao meu lado.
— Dá o fora, Max — falei. — Escuta, nós tínhamos uma espécie de amizade confortável, mas, na boa, depois do que você fez, não estou nem um pouco a fim de manter qualquer contato com você. Maxwell ignorou o que falei e pegou uma mecha do meu cabelo.
— Ah, não seja assim, Sunshine… Você é tão florida e divertida. Tão dada — falou com deboche.
— Estou louco para vê-la no uniforme sexy e apertado da equipe de torcida, e estamos fazendo uma aposta de que serei o primeiro a abanar os seus pompons. Argh. Que nojento.
— Você poderia ser mais nojento? — falei irritada.
— Vaza, Max — Tayllie ralhou quando chegou por trás.Jamylle chegou logo depois e deu um olhar mortal a Max. — Eu e Sunny estávamos apenas nos entendendo — ele falou.
— Sério? Quer que chamemos Storm pra você se entender com ele também? — Tayllie retrucou.
— O quê? Agora você precisa do irmãozinho pra te defender? — zombou.
— Eu não preciso, porque poderia chutar o seu traseiro daqui de onde estou, Max, mas adoro ver meu irmão em ação — admiti.— Ele fica muito bacana, como aquele dia no corredor, quando você amarelou. O idiota ficou vermelho de vergonha quando os outros ao redor riram.
— Qual é, Sunny? Achei que éramos amigos… Abaixei meu rosto ao nível do dele.
— Não sou amiga de gente cretina, entendeu? Max saiu dali emburrado, e Jamylle ergueu a sobrancelha para mim, sem entender. Tayllie deu um sorriso.
— Ela já sabe, Jamylle — Tay falou. Jamylle corou, embaraçada.
— Ei, relaxa. A culpa não foi sua, okay? — falei para tranquilizá-la.
— Nem todo mundo pensa assim, Sunny.
— Foda-se todo mundo, Jamylle. O que ele fez foi errado. Acabou a história. Você deveria ser dona das decisões que toma e pronto. Não um idiota que acha que pode decidir por você. — Minha raiva estava fervilhando. Minha vontade era esmagar as bolas de Maxwell. Ah, o Ensino Médio e seus dramas épicos. O que seria de nós sem ele? As aulas acabaram e Storm me encontrou quando eu estava indo em direção ao carro. Sim, eu agora tinha um carro muito legal que me levava direto para a escola.
— Vou voltar com você hoje — disse rapidamente.
— Por quê? — perguntei desconfiada. — Porque estou a fim. Porque o pneu da minha bike furou. Porque estou com preguiça pra caralho. Tantas variáveis, Sunshine. Revirei os olhos. — Fala logo, seu mané.
— Quero que você me fale direitinho que merda foi essa do Max — ele disse assim que se instalou no banco do passageiro. Merda. Merda. Merda. — Quem te falou? Eu esperava que não tivesse sido Mike. Ou eu chutaria a bunda dele.
— Conversas voam rapidamente, já ouviu falar?
— Ah, qual é, Storm…
— Ah, qual é digo eu, Sunshine… Quando você ia me dizer? Que eu e Rainbow sabíamos que alguém havia colocado alguma coisa na sua bebida era fato. Mas você descobrir que foi um amigo teu, e que esse mesmo amigo é reincidente, que já fez merda grave no passado, quando você nem estava aqui… porra… e você não ia contar isso pra gente? Okay. Agora eu estava me sentindo culpada.Tá. Vamos lá. Rainbow também não contou pra nenhum de nós dois que estava sendo ameaçada pela vaca cadela da prima psicótica do Thomas no ano passado. E aquilo foi quase mortal.
— Eu falei para o Mike no final de semana. Ele meio que me apertou e descobriu — admiti.
— Certo. Depois vou ter uma conversa com ele e esmagar seu crânio por não ter nos contado. Dei-lhe um tapa assim que parei o carro no sinal vermelho.
— Escuta, foi uma coisa que passou. Graças a Deus não aconteceu nada.
— Mas poderia ter acontecido, Sunny.
— Sim, eu sei, Storm.
— Isso é sério. Esse merda tem que ser parado.
— O que podemos fazer? Não tem como provar nada.
— Não sei. Mas vamos pensar em algo. Ou ao menos ficar atentos e tentar evitar que ele faça isso com mais alguém — Storm disse seriamente.
— Estou contigo, mano. Batemos os punhos num cumprimento ridiculamente infantil e másculo, embora eu fosse totalmente feminina, mas funcionou. Quando chegamos em casa, o carro de Rainbow já estava lá. Nós a encontramos na cozinha, cozinhando com a mãe. Ver aquele lado doméstico da nossa irmã mais velha era tão… enternecedor.
— Ai, que fofo. Você cozinhando? — brinquei. Ganhei um pedaço de cenoura voando na minha direção.
— Sunny, cate essa cenoura e jogue no lixo — minha mãe disse, de costas.
— Mas, mãe! Foi a Rain que jogou! — reclamei.
— Não quero saber quem começou. E você e Storm vão lavar a louça. Droga. Por isso aquela cretina estava fazendo o jantar. Para se livrar da parte da limpeza. Rainbow deu uma piscada por cima do ombro. Eu devolvi com o dedo médio.
— Eu vi isso, Sunny — a mãe falou. Arregalei os olhos.
— Como?
— Pelo reflexo da tampa da panela que estou enxaguando neste momento. Merda.
— Okay. Vou fazer o dever de Inglês e desço, tá?
— Ceeeerto… antes ou depois de passar mensagem para o Mike? — Storm disse da mesa. Olhei de rabo de olho pra ele. Quando vi a cara que ele estava fazendo, eu já gritei logo:
— Se você falar aquela frase de merda de novo do palhaço, Storm, eu juro que vou dar na sua cara com essa frigideira! — gritei e saí correndo cobrindo meus ouvidos.
MIKE
Eu e Thomas estávamos empenhados em assumir o posto de titulares do time de Princeton. Em poucos meses aquela poderia ser nossa realidade. Já tínhamos jogado duas vezes quando os jogadores oficiais haviam se machucado na temporada.
— Ei, Mike! — Olhei para trás e vi uma das garotas da minha turma de Inglês avançado correr em minha direção.
— Escuta, você tem um tempinho para conversar? Eu não queria ser indelicado, dizer que não queria conversar, mas o que devia falar?
— Claro, o que você precisa?
— Estamos fazendo um clube de discussão do trabalho do professor Stein, e queríamos saber se você está a fim de entrar… — perguntou, tentando correr para acompanhar meus passos. Ela era uma garota bonita. Loira, com olhos azuis e um sorriso fácil. Vestia-se bem. Devia ser um ano mais velha que eu, ou ao menos parecia mais experiente. Mas era aquilo. Eu era um cara. Meus olhos eram acostumados a escanear automaticamente, mas o cérebro processava imediatamente num comparativo que aquelas garotas nunca se comparariam à minha Sunny.
— Ah, desculpa… — Porra, eu não me lembrava o nome da garota.
— Sally.
— Sally. Desculpa. Eu agradeço o convite, mas, realmente, eu não tenho como entrar nesse clube aí — falei de uma vez. Primeiro: eu não estava a fim. Segundo: eu não tinha tempo. — Eu tenho treinos em horários que nunca me permitem participar de atividades sociais. Eu sabia que era uma mentira de merda. Noventa por cento do time vadiava pra caralho e se embrenhava mais na vida social da universidade do que tudo, mas eu e Thomas usávamos outra abordagem. — Mas e os trabalhos em grupo? O que você vai fazer quando precisar fazê-los? — perguntou. Boa pergunta. — Eu vou enviar uma solicitação à reitoria. Sei lá — falei calmamente. Thomas já me esperava recostado em seu carro. Os braços cruzados à frente do corpo. Vi quando sua sobrancelha subiu numa pergunta muda. A minha subiu por igual, numa resposta em conjunto.
— Ah… okay, então. Mas… então… se você mudar de ideia, aqui está o meu telefone — ela disse e entregou um papel com o número do telefone anotado. Acenou e se afastou, não sem antes olhar para trás algumas vezes.
— O que foi aquilo? — Thomas perguntou.
— E eu que sei? Eu sabia, obviamente. Era uma paquera óbvia.
— Deixa de ser obtuso, Mike. Abre a boca. — A garota queria saber se eu queria participar de um grupo de leitura, sei lá.
— Hum-hum…
— Exatamente… hum-hum. Estávamos conhecendo os mecanismos do funcionamento de uma universidade. Era muito diferente do que havíamos vivido no Ensino Médio. Se antes achávamos que o colegial era uma selva, era porque não tínhamos conhecimento do ambiente dos universitários. Aquilo ali era uma floresta, porra.
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Sunshine
Teen FictionEntre as irmãs Walker, Sunshine sempre foi conhecida como a mais descolada e de personalidade expansiva. Sempre se sentindo à sombra da irmã mais velha, Rainbow, tão certinha e centrada, Sunny fazia questão de manter uma imagem de que na verdade não...