VOLTEI PARA CASA COMPLETAMENTE ESGOTADA . Aquele dia foi estresante em muito sentidos. Estava louca pra chegar logo e contar a novidade para o Mike.Quando subi as escadas, Storm estava pendurado na barra que ficava no corredor dos quartos. Sem camisa, obviamente, exibindo os abdominais que amava mostrar em 3D para o mundo ver.
— E aí? É gostoso ficar pendurado como um macaco? — perguntei e cruzei os braços.
— Você devia testar. Alonga até os fios dos cabelos, garanto que seus capilares vão curtir — disse, e revirei os olhos. Ele desceu de um pulo e parou à minha frente.
— Quero saber que porra foi aquela no corredor com Maxwell. Eu sabia que o pentelho não deixaria pra lá.
— Pode ser depois do banho? — Claro, você está fedendo como um gambá mesmo — disse e belisquei sua barriga. Quase quebrei minha unha no processo.
— Merda, Storm! Que barriga dura! — Eu disse que malho seriamente, maninha. Isso aqui é um tanque — disse e piscou.
— Agora eu vou comer.
— Sério? Você só pensa em malhar e comer? Storm parou a descida da escada e virou para trás.
— Nope… mas seus ouvidos são puros para a resposta apropriada a essa pergunta estúpida —declarou, piscou e desceu rindo. — Idiota. Tomei um banho rápido, coloquei a roupa mais confortável do planeta,que consiste de uma velha camiseta do Mike – que eu roubei – e uma calça de moletom, e subi na minha cama, com o celular em mãos. Roí a unha por um momento, pensando se ligava ou mandava mensagem. Optei pelo segundo.Ei... como estão as aulas e os treinos.
Fiquei roendo os cantos enquanto esperava, como uma stalker total.
Cansativos, os dois. Odeio física, da mesma forma que odiava na escola, é o treinador é um carrasco. Talvez seja algum descendente de Hitler.
Acabei me recostando na cama, enquanto digitava o texto.
Aqui também. Mas pelo menos eu tirei um B+ em matemática. Já estou feliz. Ah, entrei para a equipe de cheerleaders! Yaaaaay! De 23 candidatas,somente 10 caíram dentro. Eu fui uma delas! Só estou preocupa...
Elas querem um número aéreo... que diabos era um número aéreo? Okay, sei que é um número aéreo, isso foi uma pergunta retórica e uma zombaria Kay?Mike era tão certinho que às vezes eu tinha que explicar minhas próprias piadas pra ele. Não deu bem nem um segundo que a mensagem sinalizou que havia sido lida e meu celular tocou na minha mão.
— Oi! — eu disse alegremente.
— Oi… — ele respondeu com a voz cansada do outro lado. — Então você agora é uma cheerleader do WestBears?
— Siiim! Isso não é superlegal? Mike ficou silencioso do outro lado.
— É. Muito bacana.
Sua resposta não foi convincente.
— Mike?
— Yeap?
— Por que será que acho que você não achou bacana coisa nenhuma? Ouvi o som de um suspiro e coisas sendo remexidas do lado de lá.
— Acho que talvez porque eu tenha que admitir abertamente que a ideia me deixa com ciúme? — disse num tom que mais parecia uma pergunta. — Isso é uma afirmativa ou uma pergunta?
— Uma afirmativa, Sunny.
— Então você está dizendo que não ficou feliz coisa nenhuma que eu entrei na equipe, porque você está com ciúme? — confirmei.
— Yeap. —
E por quê?
— Não é meio óbvio, Sunshine? — Seu tom era meio irritado.
— Não. Não é, não. Esclareça aí pra mim.Mike bufou do outro lado da linha.
— Você é linda, gostosa e vai usar um uniforme que povoa a fantasia dos garotos. Os caras do time de futebol miram os olhos nas cheerleaders como raios lasers do caralho, respondi sua pergunta? — falou. — Fui claro o suficiente? Uau. Bem claro. Tão claro quanto a água que agora caía e batia em pequenas gotinhas na janela do quarto.
— Nossa…
— Yeap. Nossa…
— Mike? Você não precisa ficar com ciúme, você sabe disso, não é? — perguntei com um sorriso no rosto. — É difícil simplesmente comandar algo que é involuntário — ele afirmou.
— Se você fizer uma forcinha, não será involuntário. Basta você internalizar…
— Sunny, eu vou internalizar que você vai usar a saia mais curta do planeta, acenar com pompons e fazer umas coreografias com objetivo claro de atrair a atenção pra você? Okay. Agora eu estava achando a atitude fofa, mas ao mesmo tempo revoltante. Porque eu estava pensando no lado oposto. Ele jogava futebol pela universidade também. E lá também tinha a equipe de cheerleaders .
— Mike… o seu time aí também tem as mesmas animadoras de torcida — falei.
— Sim, mas eu não olho pra elas. Eu quero olhar pra você. Own…okay. Voltemos ao fofo.
— Eu queria que você me olhasse também.
— Mas eu queria olhar sozinho. Não gosto que outros vejam o mesmo que eu. Bufei e soprei a franja do cabelo pra longe dos olhos.
— Você está sendo machista agora. Mesmo sendo fofo — falei e ouvi sua risada.
— Eu sou um cara. Caras não são fofos.
— Se você é meu cara, você pode ser o que eu quiser, e eu quero que você seja meu cara fofo — teimei.
— E, Mike?
— Humm?
— Eu acho uma merda que nunca entrei no time quando você ainda estava na escola — falei baixinho. — Por quê?
— Porque aí eu seria o objeto da sua fantasia e você estaria mirando seus olhos como um raio laser na minha direção ainda naquela época… Ouvi algo cair do outro lado.
— Porra, Sunny… Comecei a rir e desliguei a ligação quando ouvi Storm chamando para o jantar.MIKE
Quando Sunny me mandou a mensagem avisando que tinha conseguindo entrar na equipe, fiquei feliz por ela pelo ponto de vista de saber que era uma realização. Uma conquista dela. Mas liguei imediatamente, porque precisava ouvir sua voz. Como um covarde de merda, eu precisava me assegurar de que aquela garota era minha. Merda. Agora eu que dormiria com graves problemas imaginando Sunshine no uniforme de cheerleader do WestBears. Nunca dei bola para nenhuma das investidas das garotas quando estava no time do colegial. Enquanto meus amigos de time pegavam todas num rodízio louco, eu me abstinha. Queria dar valor ao relacionamento que eu sonhava e almejava em ter. As meninas da minha época, ao menos, não se davam ao valor, na minha opinião. Elas queriam rodar nas mãos dos jogadores, como se aquilo fosse uma forma de troféu. Thomas só entrou nos eixos depois que conheceu Rainbow, embora ele não tivesse sido tão “galinha” quanto a maioria dos caras. Então fazíamos uma dupla engraçada de jogadores que não tinham muita fama de pegadores e garanhões. Eu tinha que admitir que era mais zoado ainda porque as meninas gostavam de espalhar que pensavam que eu era gay, pelo simples fato de eu não querer me enfiar em suas saias e me esfregar em seus pompons. Porra… eu só fui criado de uma maneira diferente. Eu queria uma garota para adorar o chão que ela pisasse. Queria venerá-la com calma, enchê-la de mimos e carinhos. Queria lhe dar o devido valor e respeitar do jeito que minha mãe, antes de morrer, ensinou e depois minha avó completou, incutindo os preceitos que garotos devem zelar pelas mulheres. Eu era um cara do sul, porra. Não um yankee . Não gostava de banalizar o que acreditava que deveria ser apreciado, mas nem por isso dizia que não curtia mulheres. Ou não sentia o tesão que agora estava corroendo minhas entranhas com força. Eu precisava de um banho gelado. Muito gelado mesmo.
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Sunshine
Teen FictionEntre as irmãs Walker, Sunshine sempre foi conhecida como a mais descolada e de personalidade expansiva. Sempre se sentindo à sombra da irmã mais velha, Rainbow, tão certinha e centrada, Sunny fazia questão de manter uma imagem de que na verdade não...