Capítulo 10

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ACORDEI COM UM TAPINHA SUAVE NO MEU ROSTO . Quando abri os olhos, deparei com um par de olhos azuis que conhecia muito bem.Fechei os meus de novo, porque, se eu estava sonhando, queria continuar sonhando com aquele dono do par de olhos que acabei de ver. Abri os meus olhos rapidamente quando percebi que Mike estava à minha frente. Ou melhor, acima de mim, já que eu estava deitada. Onde, eu não me lembrava. Espera... sacudi um pouco a cabeça, tentando me recordar dos eventos anteriores à minha posição horizontal. Okay... antes, eu estava na posição vertical. Se não me engano, agitando meu corpo estático. Mike me olhava completamente irritado.Sentei e olhei ao redor. Estava no seu quarto. O quê? No quarto dele? Como assim? Poderia um corpo ser teletransportado pela força do pensamento? Será que eu havia desejado aquilo e misteriosamente aquilo acontecera? Será que uma operação zumbi aconteceu e fui caminhando para a casa dele? Como? De onde? Passei as mãos pelos meus cabelos bagunçados e peguei um pedaço de grama. O que um pedaço de grama estava fazendo ali? Meu Deus! Onde estava minha memória? Para onde havia ido? O que eu havia feito? Que merda fora aquela que Tayllie me deu para beber, porra?
- Está bem acordada agora? - ele perguntou e seus braços estavam cruzados. Seu corpo mostrava como estava seu humor. Recostado na parede, como se estivesse tentando se controlar.
- Oookay... ainda estou na fase das perguntas internas... tipo... onde estou? - brinquei.
- Espera... isso eu sei. Acho que este é seu quarto. Quero saber: como cheguei aqui? E, na verdade, veja o tom com que falei, hein? É uma pergunta mesmo. Eu quero saber o que aconteceu e por que não me lembro?
- Não sei, Sunny. Me diga você. Me diga exatamente do que se lembra - Mike falou entre dentes. Olhei para o meu corpo e percebi que minhas roupas estavam alinhadas, então eu não tinha feito nenhum striptease . Graças a Deus. Opa, eu estava vestindo uma camiseta do Mike?Havia marcas de grama e umidade na minha calça, como se eu tivesse deitado no chão, mas não me recordo a razão. Eita... será que bebi tanto que sequer me dei conta dos eventos posteriores? Sim. Positivo. Rainbow ia me matar. Comecei a rir porque nem pensei em meus pais brigando, e sim em minha irmã mais velha. Merda ao cubo e raiz quadrada elevada a dez.
- Okay. Vamos lá, Mike. Esclareça quais merdas fiz para que eu possa avaliar o estrago e fazer um controle de danos.
- Não. Me diga do início. Vamos lá. Sentei na cama e puxei os joelhos contra o peito, abraçando-os fortemente, como se aquilo fosse me proteger da ira que Mike demonstrava em seus olhos.
- Eu fiquei magoada com você. Mais cedo. Na nossa conversa, ao celular. Inclusive, nem imaginei que voltaria hoje - admiti. - Tayllie me avisou que haveria uma festa na casa da Samantha, e como estamos tentando entrar para a equipe de líderes de torcida... Quando disse aquilo, vi que Mike fechou os olhos fortemente, bufou como se estivesse mais irritado e bateu a cabeça na parede, além de exclamar um audível "pooorra".
- Então fomos à festa. Eu estava magoada com você.
- Essa parte já entendi, Sunny.
- Certo. Era só pra frisar mesmo. Daí estava olhando a pista de dança e Tayllie me deu algo para beber. Ela disse que era Coca-Cola com vodka.
- Caralho, Sunny - Mike falou e passou a mão no rosto. - Você não tem idade pra beber, droga.
- Eu sei, Mike. E foi sem querer. Quero dizer, não foi assim sem querer, porque ela não me obrigou, mas acabei optando por experimentar. E achei até gostoso, tenho que admitir - falei.- Daí, fomos para a pista de dança. E dançamos muito. Você sabe o tanto que gosto de dançar, certo? Como ele não respondeu, apenas acenou afirmativamente com a cabeça, prossegui meu relato. - Certo. Daí, dançamos muito. E só me lembro até aí, Mike. Juro. Não me lembro de mais nada. Oh, meu Deus... Eu fiz alguma coisa horrível? Sério... pode me dizer. Estou preparada. Mentira. Eu não estava preparada coisa nenhuma. Se ele me falasse que me pegara na cama com algum garoto da escola, eu seria capaz de morrer ali na hora. Estava me esforçando para recordar os eventos depois, mas não conseguia de forma alguma. Mike se afastou da parede e veio para a cama onde eu estava sentada. Sua cama, na verdade. Quando se sentou ali,encarou-me por alguns segundos que mais se pareceram minutos. Já falei que Mike era um cara de poucas palavras? Que sua expressão facial revelava muito mais do que qualquer sequência frasal poderia fazer? Ele era. Colocou a mão no meu rosto e afastou uma mecha do meu cabelo.
- Você desmaiou logo depois. Tayllie garantiu que aquele idiota do tal Maxwell, um amigo de vocês, a levasse para o sofá, e cuidou de você até que telefonasse para sua irmã - Mike falou. Seu tom era irritado, mas cuidadoso.
- Tem noção do perigo que passou? Se qualquer garoto mal-intencionado resolvesse tirar vantagem de você, Sunny, ninguém poderia fazer nada. E você estaria indefesa. Engoli em seco porque realmente aquela era uma possibilidade assustadora.
- Quando Rainbow recebeu a ligação, eu estava deixando o Thomas na casa dela, já que o carro dele está na revisão esta semana e não ficou pronto a tempo - ele informou.
- Eu pedi a Rainbow que fosse eu que viesse buscá-la. - Oh...
- Isso mesmo. Oh . Coloquei um pouco do meu cabelo atrás da orelha, e olhei atentamente para ele. - Me desculpe, Mike. Realmente. Só quero que saiba que não estava fazendo nada demais.
- Eu sei, Sunny. Quanto a isso não tenho nenhuma dúvida. Eu confio em você, como gostaria que você confiasse em mim. O que parece que não acontece e que ocasionou o desentendimento que a deixou chateada - ele falou e inclinou o corpo para olhar dentro dos meus olhos, agora que eu havia abaixado minha cabeça. - Eu sei que gosta de dançar e nunca
a impedi de sair para se divertir. Só acho que fazer isso como uma forma de afronta é meio infantil. Ergui a cabeça rapidamente como se tivesse levado uma chicotada. - Eu não fiz como uma afronta, Mike!
- Mas pareceu, porra.
- Mas não foi o que aconteceu. Eu simplesmente saí. Estava chateada. Quis dançar e esquecer que estava chateada. Ponto. Só isso. O meio aí dentro dos eventos é que atrapalhou tudo. Eu não devia ter bebido aquela droga de coisa lá que a Tay me deu para experimentar. - Exatamente, Sunny. E você sabe por quê? Porque qualquer pessoa, especialmente um cara, pode ter preparado aquilo ali para as duas até, e simplesmente poderia ter feito o que quisesse com vocês. Parece que não vê esses casos na TV, certo? Sacudi minha cabeça, completamente embaraçada. Estava me sentindo estúpida. Mike estava fazendo com que me sentisse mais ainda. Nível de Maturidade Sunny: 2. Nível de Maturidade Mike: 20.
- Por que não me levou direto pra minha casa, Mike? - perguntei, cansada. Passei as mãos nos cabelos novamente. Fechei os olhos e recostei o queixo nos braços, assim que os cruzei acima dos joelhos.
- Porque eu a queria pra mim. Como sempre quero. Todas as vezes que venho pra casa.
- Seu pai e sua avó o viram me carregar desse jeito pra cá? E cadê sua irmã? - perguntei sem graça.
- Não. Eles estão fora. Meu pai está na cabana de caça com minha avó. Clarice está com uma amiga. Engoli em seco. Estávamos sozinhos ali.A consciência daquele fato ficou evidente no brilho dos olhos de Mike. Ele levantou da cama e retirou a camiseta. Arregalei meus olhos, completamente pega de surpresa. Chutando os sapatos de qualquer maneira no quarto, quase deixei cair meu queixo quando ele abriu o botão da calça jeans e a retirou. Fechei os olhos e os cobri com as mãos. Ouvi o som de seu riso diante da minha vergonha óbvia. - Estou de shorts de pijamas, Sunny. Relaxa - disse e senti a cama se abaixar com o peso do seu corpo. Logo em seguida, senti seus braços ao meu redor. Meus olhos ainda estavam firmemente cerrados. - Venha aqui, Sunny. Fui sem hesitar ou até mesmo falar nada. Meu rosto se recostou ao peito quente dele, completamente desnudo, e senti meu coração acelerar. Okay, eu não era tão pudica, mas talvez fosse a primeira vez que estivesse tão em contato imediato com o corpo nu de um garoto. Tirando aquele dia longínquo do lago. Mas, veja bem, ali era um lugar público, à luz do dia, em área totalmente aberta. Agora estávamos no quarto dele, na penumbra. Eu podia jurar que era muito excitante. E assustador. Meus livros não alertavam para aquela sensação estranha de vômito súbito que subia à garganta. Eu sabia da sensação sinistra que revirava as entranhas, muito parecida com a vez em que eu e meus irmãos fomos ao Parque de Diversões, o Six Flags, de Nova Jérsei, e descemos uma cacetada de montanhas-russas lá até Rainbow vomitar todo o cachorro-quente que comeu o dia inteiro, em cima do Storm. Foi hilário. Bem, a sensação prazerosa era aquela. Provavelmente era a tal adrenalina que corria nas veias, não é? Mike pegou uma das minhas mãos e colocou sobre seu peito e segurou firmemente. Como se quisesse garantir que eu não iria sair correndo dali. Okay, Mike. Eu podia ter ficado chapada, mas não era louca de querer sair daquele casulo de amor tão convidativo e quentinho. Sua outra mão afagava carinhosamente minhas costas. Vez ou outra ele retirava um fiapo de grama. Ainda tentava descobrir de onde a grama tinha saído. Depois de alguns minutos, meu coração já conseguiu adquirir um ritmo sinusal mais tranquilo e, pelo amor de Deus, eu podia me dar os parabéns e teria que dizer ao professor Seymour, de Biologia aplicada, que estava muito familiarizada com todo o funcionamento do sistema cardiovascular. Merecia um A+ na próxima prova. Só acho.
- Você não faz ideia de como sinto saudades e como sinto vontade de tê-la assim, entre meus braços todas as noites, Sunny - ele disse e beijou o topo da minha cabeça que estava acomodada logo abaixo do seu queixo. Suspirei deliciada com suas palavras e com as sensações que meu corpo estava experimentando naquele momento. Embora fosse difícil admitir em voz alta todas as vezes em que estávamos juntos, eu também sentia falta daquela proximidade tão carnal. Aquilo era embaraçoso para mim? Um pouco.
- Eu também, Mike - sussurrei baixinho e meus dedos o acariciaram suavemente. A mão que se mantinha em meu cabelo nunca cessava a carícia. Em dado momento, ele riu e ergui meu rosto para o dele.
- O que foi?
- Cada vez que enfio a mão dentro do seu cabelo eu retiro tufos e tufos. Veja - falou e ergueu mais gramíneas enxeridas, que queriam morar dentro dos meus cabelos.
- Meu Deus... qual é o mistério desse capim aí? Você vai ou não me falar? - perguntei. Mike riu um pouco mais e seus olhos tinham um brilho divertido.
- Quando estava chegando em casa contigo, você meio que vomitou nas flores da minha avó - falou rindo. - Ah, não... - Coloquei uma mão sobre meu rosto completamente chocada e com vergonha.
- E não foi só isso. Você ainda pediu para fazer um anjo de grama. Já vi anjo de neve, mas de grama nunca tinha visto. Confesso que foi uma visão interessante - disse e beijou minha testa. - Foi meio difícil conter seu entusiasmo.
- Credo. Que cena dantesca eu devo ter produzido - falei e acompanhei seu riso, mesmo embaraçada.
- Senti uma vontade de filmar para posteridade, mas achei que não era seguro com essas merdas de coisas que vazam o tempo todo na internet - confessou. - Mas você faz um anjo de grama lindo, Sunny. Mike beijou minha testa, depois depositou beijos suaves em meu rosto. Eu tentei escapar de seu ataque de beijos porque estava com a impressão de que poderia estar com bafo de vômito, já que havia o relato, mesmo que a memória não fosse nítida, logo eu não queria compartilhar daquela vergonha também.
- Não... sério, Mike. - Virei o rosto. - Deixa de ser boba,Sunshine - ele disse e segurou meu rosto.
- Eu carreguei você coberta de vômito e te limpei. Quer algo mais íntimo do que isso? - perguntou, adivinhando minha ressalva aos seus beijos.
- Como você sabia que não queria te beijar por isso? - perguntei, chocada com sua sagacidade.
- Porque te conheço um pouquinho, Sunshine. E porque suas emoções ficam expostas no fundo desses olhos lindos que você tem - disse e colou a boca à minha. Quando ele me posicionou acima de seu corpo, ajeitando o meu próprio para estar à sua mercê, simplesmente aceitei o ataque dos seus lábios e sua língua quente. Naquele momento eu queria apenas ser acalentada e ninguém melhor do que Mike, aquele que mexia com meu coração de maneira tão intensa, para dar o que eu precisava. Suas mãos passeavam pelo meu corpo, aquecendo lugares a que nunca dei atenção até que Mike os fizesse vibrar em ânsia e desejo.Quando eu senti que estava esquentando e chegando a um ardor inimaginável a ponto de doer agudamente, Mike parou e encostou a testa à minha.
- Melhor pararmos por aqui - disse respirando entre ofegos.
- Por quê? - perguntei refletindo seu ritmo respiratório. Estávamos ambos desesperados em sensações proibidas.
- Porque não tenho como parar se passarmos daqui, Sunny. E não acho que você esteja 100% pronta para o passo que quero que dê comigo - ele falou e beijou cada pedacinho do meu rosto. - Você não sabe o quanto eu quero que aconteça... mas quero que seja de maneira perfeita pra você. Não sob a névoa de um despertar alcoólico, entende? Onde as alegações poderão sempre recair nisso e os arrependimentos poderão chegar - falou e seus olhos trancaram com os meus. - Quero que seja mais do que consciente. Mais como um despertar, um entrelaçar de almas, entende? Eu sei que é piegas pra caralho falar essas merdas, mas você extrai isso de mim. Entendi o que ele queria dizer. E agradeci internamente por Mike ser aquele cara tão atencioso que se ligava a um detalhe como aquele para preservar uma memória futura. Que outro cara faria aquilo? Com a oportunidade dada de bandeja? Nenhum em quem eu pudesse pensar. Talvez Thomas, pelos relatos e os sentimentos que Rainbow exalava pelos poros. Eles dois pareciam ter sido moldados na mesma forma, quase.
- Peço desculpas, Mike. Ele beijou minha testa e passou as mãos pelo meu cabelo.
- Mais precisamente pelo quê? - Pelo ciúme desmedido que tenho sentido de você e não demonstrando minha confiança. Não é que eu não confie em você. É que não acredito que eu seja suficiente para fazer com que você simplesmente só me quei... Ele cobriu minha boca com sua mão.
- Nem sequer complete a porra dessa sequência, Sunshine. Ou eu vou ficar puto, porra. Eu já deixei, em algum momento,qualquer dúvida sobre a forma como me sinto sobre você? Eu tinha que admitir que não. As dúvidas vinham da minha própria cabeça mesmo. Ou dos milhares de livros que eu lia e relatavam histórias de amor sem fim, com dramas épicos e traições entre os pares. Ainda tinha as amigas e os bochichos da escola, que davam certo como um namoro malfadado, já que muitos garantiam que Mike estaria participando da esbórnia que transcorria no campus da Universidade. Para aquilo, eles acreditavam que Thomas também não duraria muito tempo como o namorado perfeito de Rainbow, e era um saco lidar com essa onda de inveja sinistra.
- Desculpa.
- Pare de se desculpar.
- Okay, parei - falei e aspirei o cheiro gostoso que ele exalava.
- Desculpa.
- Você se desculpou de novo.
- É só porque estou cheirando você, daí me desculpei para o caso de você achar isso muito estranho - admiti e comecei a rir. Mike acompanhou meu riso e o clima acabou arrefecendo no quarto.Se eu fosse uma pessoa concentrada, coisa que não era, poderia focar nos ruídos ao redor e ouvir o som dos grilos. Mas tudo o que eu podia pensar era no som das batidas do coração de Mike, no som de sua respiração, que agitava os fios do meu cabelo. Eu só podia me concentrar na sensação das suas mãos passeando despretensiosamente pelo meu corpo, como uma carícia doce e suave, tão leve quanto uma pluma.
- Eu vou cheirar o seu cabelo, daí ficaremos quites, que tal? - ele disse e executou o gesto, conforme o prometido.
- Cuidado para não aspirar nenhuma grama. Começamos a rir de novo e acho que adormeci. Só muito mais tarde foi que Mike me acordou, com um beijo delicado na testa, dizendo que precisava me levar de volta para casa, ou correria sério risco de morrer sob as ameaças de Storm.

MIKE
As sensações perturbadoras que senti quando soube da merda onde Sunshine havia se enfiado ficarão registradas no meu subconsciente por muito tempo ainda. Quando deixei Thomas na casa de Rainbow, desci na esperança de encontrar Sunny em casa. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que ela tinha ido a uma festa de sexta-feira, pós-jogo, da escola. Até ali tudo bem. Eu sabia como funcionava o esquema das festividades no mundinho do colégio. E sabia também que Sunshine era um ser exuberante e radiante na mais viva expressão da palavra, então a palavra festa estaria atrelada ao seu nome, como pacato estaria ao meu. A amiga, Tayllie, ligou para Rainbow, que se prontificou a ir buscar a irmã na hora, claro que já ameaçando cortar todo o cabelo da cabeça de Sunshine, o que eu faria de tudo para impedir, já que eu amava seus cabelos.
- Deixe-me ir buscá-la, Rainbow. Depois que eu garantir que ela está bem, trarei Sunny pra casa - falei, tremendo de puro nervosismo.
- Tem certeza? Thomas pode ir lá comigo resgatar a delinquente - ela disse.
- Tenho. Eu a aviso assim que pegá-la na festa. Saí dali em disparada, como se estivesse com o rabo em chamas, ou melhor, como se estivesse em rumo à End Zone para completar um Touchdown e minha vida dependesse daquilo. Ao chegar à casa de Samantha Parker, ignorei as paqueras óbvias das garotas da escola, olhei feio para os machos presentes, inclusive o idiota que reconheci como o que dançou com ela no baile e colocou a mão onde não devia, e encontrei minha garota apagada no sofá, com sua amiga revoando em cima e abanando seu rosto com uma almofada.
- Mike, ai, meu Deus... que bom que você chegou! - ela disse nervosa.
- Eu não sei o que aconteceu... Eu sabia o que tinha acontecido, porra. Alguém, no mínimo, devia ter dado alguma coisa para ela beber.Abaixei meu corpo, sem trocar muitas palavras com sua amiga, e peguei Sunshine no colo, surpreendendo-me, novamente, em como ela era leve. E quente. Seu corpo era muito quente em contato ao meu. Levei-a para o meu carro, a depositei com todo o cuidado no assento e afivelei o cinto, mas não sem antes prestar atenção nas palavras balbuciadas que ela pronunciava: - Mike... Mikeeeeey... parece o carro do Mikey... eu gosto do Mikeeeey... Shhhh... Sacudi a cabeça, segurando o riso. Até meio chapada ela era fofa. Quando chegamos à minha casa, no momento em que tirei Sunny do carro, ela automaticamente fez o som inconfundível de quem iria expurgar a alma fora. Segurei seus cabelos para que pudesse vomitar nas flores adoráveis da minha avó, e uau... eu teria que jogar água ali antes que vovó Bridget deparasse com a coisa toda. Quando ela pareceu encerrar o show de horrores, Sunny começou a rir e fez o impensável. Deitou-se no imenso gramado à frente da minha casa e resolveu que ali era um ótimo lugar para fazer um anjo de grama. A cena toda seria linda e digna de um cartão postal se eu não estivesse preocupado com sua segurança e com vontade de sacudi-la, por conta da irresponsabilidade cometida, e também com vontade de abraçá-la apertado, por simplesmente ter a chance de estarmos juntos. Quando consegui carregá-la para dentro do meu quarto, limpá-la de toda a sujeira que havia ficado impregnada em sua roupa, retirei a camiseta regata que ela vestia, fechando os olhos para não usufruir muito a visão que poderia ter, e coloquei uma das minhas camisetas para cobrir sua seminudez. Eu tinha que admitir que não era forte o suficiente para retirar sua calça jeans, sem cometer um pecado mortal, então preferi deixar como estava. Dali em diante, contentei-me em passar as mãos pelos seus cabelos e admirar o rosto que atormentava meus dias e noites quando eu estava longe. E porra... eu tinha que admitir. Mesmo perto. Sunshine atormentava meus pensamentos a qualquer hora do dia, desde o momento em que coloquei meus olhos nela, tanto tempo atrás.

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