Capítulo 33

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NAQUELA NOITE , FOMOS A UM RESTAURANTE SUPERBADALADO EM Princeton, para comemorar meu aniversário. Ainda ganhei um bolo de chocolate miniatura, lindo, e tive que esconder de Thomas, que queria comer, mesmo à frente de Mike, o único com quem eu queria dividir o doce.Tudo bem, Rainbow também queria roubar um pequeno pedaço da guloseima, mas aleguei que era tão minúscula que minhas lombrigas ficariam órfãs, o que causou certo grau de condoimento no par intruso. Na hora de ir embora, a supresa. Mike tinha adiantado a entrega de um trabalho, então já tinha programado ir embora para Westwood mais cedo, matando a aula da sexta-feira, o dia seguinte, e seus planos incluíam passar a noite do meu aniversário comigo, ou programando algo especial para o final de semana. Rainbow, de uma forma espantosa, simplesmente disse que ficaria na companhia de Thomas, em Princeton, e iria embora com ele no dia seguinte, quando ele partisse para nossa cidade. O quê? A pequena safada estava com planos mirabolantes na cabeça? Será que Storm sabia daquilo? Comecei a rir sozinha, imaginando o desespero de nosso irmão ao tentar rastrear o GPS de cada uma naquele momento. Ou no instante em que nós duas nos separássemos. Bom, Rainbow avisou nossos pais, que era o que importava. Storm ligaria em questão de minutos, assim que descobrisse, ou se percebesse, o que eu achava difícil, já que, no mínimo, também estava comemorando nosso aniversário com alguém.Ou os amigos, ou alguma garota. Eu só esperava que não fosse com a vagabunda da Jully. Ao chegarmos ao apartamento dos garotos, novamente, Mike arrumou sua mochila rapidamente, enquanto Rainbow e eu ficamos jogando conversa fora na sala.
— Você vai fazer coisas ilícitas? — perguntei baixinho. Rainbow ficou vermelha.
— Cala a boca, tapada! Claro que não! — Hummm… você ficou vermelha. Além do mais, negou muito rápido. Ela revirou os olhos, enfastiada com minha investigação. Tudo bem que conversávamos bastante e tínhamos liberdade de falar sobre vários assuntos, mas estávamos fora de nosso elemento ali. Conversar em nossa casa, longe de ouvidos alheios era uma coisa, conversar na casa dos objetos de debate era outra.
— Ssssh… Sunny!
— Tá bom! Tá bom! Mas é só porque eu fiquei surpresa com sua decisão… — insisti no argumento.
— Bom, eu avisei a mamãe que vou ficar aqui. Não é como se eu e Thomas nunca tivéssemos dormido juntos, né? — perguntou com timidez. Aquilo era verdade. Quando nossos pais saíram naquele passeio turístico de autoconhecimento hippie, quem ficou por nossa conta foi Rainbow. Thomas meio que… humm… montou acampamento, de maneira insidiosa, lá em casa. Acabamos nos acostumando com a presença dele.
— Bem, estou contigo, mana. Mike chegou naquele momento, seguido de Thomas.
— Vamos?
— Claro. — Abracei Rainbow e dei um beijinho na bochecha de Thomas, só pra passar raiva em Mike e perturbar a irmã que eu tanto amava.
— Comportem-se, crianças. Saímos dali rindo. No caminho de casa, Mike ficou em silêncio por um tempo curto. — Okay, eu não ia perguntar, mas decidi fazer de todo jeito — começou dizendo, mas se interrompeu.
— O quê? — Abaixei o volume do rádio.Ele parecia um pouco nervoso. Limpou a testa, como se estivesse suando, depois de um treino intenso. — Será que… será… — pigarreou para continuar —, já que sua irmã vai ficar com Thomas, será que sua mãe vai se importar se você pedir uma espécie de carta de alforria? Comecei a rir com a forma preocupada e o termo que ele escolheu usar.
— Você está me pedindo o quê, Mike? Ele passou a mão nervosamente pelos cabelos, ajeitou-se no assento, como se estivesse incomodado.
— Queria que você fosse pra minha casa. Que passasse a noite lá, comigo — pediu.
— Hummm… não teria sido mais fácil então, se tivéssemos ficado em Princeton? — questionei.
— Eu queria você só pra mim. Não uma noite do pijama — respondeu e deu um sorriso tímido.
— Meu pai e a vovó foram para um final de semana de pescaria em Maryland, e Clarice vai ficar na casa de uma amiga. Ah… entendi.
— Mas eu tenho aula amanhã…
— Droga. Eu sabia o que Mike estava me pedindo. Honestamente. Não com todas as palavras ditas, mas com gestos sutis e aquela fome nos olhos. — E se eu for amanhã? Que tal? Logo depois da aula? — perguntei e percebi que seu semblante era resignado.
Bom eu já tinha matado aula daquela quinta-feira, com a extravagância e justificativa do meu dia especial de aniversário.
— Tudo bem. Mas então eu te levo na escola de manhã, e te busco na hora que acabar a aula, pode ser? — pediu com um sorriso fofo.
— Pode ser. Nós nos despedimos à porta de casa, com mais beijos apaixonados que podíamos contar, e paramos antes que entrássemos em combustão, ou Storm aparecesse repentinamente. Mike foi pra casa e eu subi para um encontro secreto com meu confidente: meu diário fofo.

Querido diário fofo, A coisa está ficando tensa. Tenebrosamente tensa. Juro que estou tentando manter as mãos longe de Mike, mas a música da Selena Gomez fica se repetindo de maneira infernal na minha mente, e, quando vejo, estou ali… sentindo a impossibilidade louca de manter minhas mãos afastadas daquele corpo gostoso, sexy. Sabe o famoso jargão de “a tentação está batendo à porta”?
Pois bem… já bateu, tocou a campainha, arrebentou a soleira, arrancou os batentes e tudo o que tinha direito. Como um furacão desses com nomes femininos que chegam para devastar. Só que aqui, no caso, o furacão tem nome e sobrenome e se chama Mike Crawford. Estou muito tentada, muito tentada mesmo a seguir o caminho e ir bater à porta do quarto dele. Tipo, com aquela fala típica de: “Oi, estava passando pelas redondezas…”. Agora que já completei dezoito anos estou me sentindo uma mulher completa. Espera, completa não. Meio completa. Eu tenho todas as ferramentas para ostentar um corpo completamente operante.Falta colocá-lo em uso. E, agora que estou velha , opa… vamos riscar isso… estou madura , madura? Que raio de palavra é essa? Por acaso eu sou uma fruta? Enfim, diário fofo, estou achando que amanhã será um dia diferente de tudo o que já posso ter vivido. Hoje foi épico já. Tivemos nossa primeira briga supercósmica. Eu sei, acabei de criar essa palavra estranha, mas foi muito doida. Acabei fazendo as cenas de livros, onde as mocinhas saem meio que fora de si e enxergam apenas vermelho diante de seus olhos. Embora eu não tenha agido como uma mocinha típica… se tivesse agido, teria dado uns sopapos na loira peituda e com o cabelo necessitando de uma hidratação urgente… Como eu sei que ela precisava de uma hidratação da distância de onde eu estava? Por favor, eu tenho olhos. E como eu sei que era peituda? Digamos que a vadia não fazia muita questão de disfarçar. Será que estou sendo maldosa? Vou pedir perdão pelos meus pecados. Espera. Perdão, Senhor. Amém. Pronto. Ele já me perdoou. Estou pilhada até agora com o tanto de Latte que tomei. O tal Dylan estava tentando me embriagar com minha própria bebida inofensiva? Achei fofo o ciúme de Mike, embora eu não tenha agido de vontade própria. Na verdade, nem tinha percebido o interesse do rapaz, porque eu ainda estava fervilhando de ódio. Bem, diário… foi um dia de muitas emoções. Amanhã promete ser mais intenso. Preciso resguardar sua segurança e mantê-lo bem acomodado para que Storm nunca coloque as mãos em você, ou eu serei apenas uma história. Serei apenas a lenda de Sunshine, já que Storm vai me matar. Ou eu vou matar meu irmão primeiro. Dê-me sonhos lindos, diário. Quero reportá-los todos a você. Quero que o astro principal seja meu Mike.

Sunny.

Fechei o caderno e apertei contra o meu peito. Suspirei e sorri emocionada. Com todos os eventos que aconteceram, ainda assim, aquele dia realmente entrara para a história. Meus dezoito anos nunca mais seriam esquecidos.

                              MIKE

Cheguei em casa e tomei um banho rapidamente. Tranquei todas as portas e, como estava amargando um caso grave de ansiedade e angústia, porque queria a companhia de Sunshine naquela noite, mas não havia conseguido, resolvi dar uma ajeitada na casa, no que precisava, claro, para o dia seguinte. Fui fazer uma análise minuciosa do meu quarto, ver se precisava de uma faxina mais ostensiva, algo mais brutal. Não dava pra pensar em colocar velas e rosa, porque seria muito escancarado e não era aquela a minha intenção. Eu partiria do princípio de que talvez Sunshine estivesse na mesma página que eu. Se não, tudo bem, continuaríamos como estávamos, vivendo um dia de cada vez. Eu estava nervoso, da mesma forma que imaginava que talvez ela poderia estar, mas faria de tudo para que fosse o mais especial possível. Aqueles poucos dias no acampamento colocaram meu corpo em um estado vegetativo de vício e necessidade pelo contato físico com Sunny. Se fosse apenas para dormir com ela enrodilhada nos meus braços novamente, já seria maravilhoso e eu estaria no paraíso.

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