Choices

§ Cavalheiro §

O boato de que Loki estava livre da masmorra era o assunto mais comentado em Asgard, mas não era para menos, o príncipe criminoso estava livre. Alguns apoiavam a decisão da rainha, visto que leis devem ser cumpridas, enquanto outros a questionavam e diziam que ela estava agindo com a emoção e não vê como Loki é perigoso. Indiferente de opiniões o fato é que ele estava finalmente fora da masmorra e com todo o seu poder de volta.

Em seu quarto Loki imaginava a repercussão que estar fora da prisão causaria, ele nunca fora o mais amado entre os reinos e sabia disso, mas agora ele deveria ter cautela em seus atos, Thanos estava à solta pelo universo, não queria nem imaginar ter mais um encontro com o titã cor de berinjela. Passou tanto tempo pensando que nem se deu conta que o dia estava prestes a amanhecer, não dormira por alguns fatores, sua mente não permitia que ele descansasse, pensava em coisas demais, pensava no que fazer daqui para frente, pensava em como ajudar Frigga, pensava no que Sigyn encontrou nos pergaminhos e pensava no que havia acontecido com ela na noite anterior, além do mais dormir na poltrona não era seu hobby favorito. Sigyn estava deitada em sua cama, ele mesmo a colocara ali, dormia num sono profundo e ele não queria acordá-la, preferiu aguardar o amanhecer, se lembrara de que ela acordava extremamente cedo, então iria esperar.

Pegou algumas roupas limpas e foi para o seu banheiro, mesmo não conseguindo dormir o cansaço iria ser maçante durante o resto do dia, precisava de um banho. Acionou a água que enchia a banheira devagar enquanto se despia, riu com a constatação de Sigyn de que poderia fazer tudo isso por magia e de fato poderia, mas ele gostava do modo tradicional. Ao se olhar no espelho o que vira era completamente diferente do Loki que se lembrava, os cabelos estavam armados e sujos, no rosto a barba mal feita dava a impressão de que ele tinha uns 150 anos a mais (ele a odiava, preferia o rosto liso), no peito e costas muito bem definidos estavam as marcas da tortura de Thanos e da batalha em Midgard.

Loki sempre fora vaidoso em sua aparência, cuidava muito bem de si e se ver desta forma foi como um soco no estômago. Jamais quisera ser parecido com a maioria dos habitantes de Asgard, barbas enormes, cabelos extremamente longos e barrigas cheias de hidromel não faziam o seu estilo, se orgulhava por ser diferente e chamava a atenção por isto. Ao se despir por completo pode ter mais noção dos estragos que as últimas lutas deixaram em seu corpo.

- Criatura ridícula... – Murmurou enquanto olhava em suas costas as marcas que Hulk lhe deixara.

Passou os dedos em algumas feridas, lembrou-se de como foram feitas e preferiu deixá-las ali por enquanto, logo faria algumas poções de cicatrização e todas sumiriam em instantes. Com a banheira cheia e percebendo a temperatura fria da água entrou de uma vez, a água entrando em contato com a pele machucada o fez fazer algumas caretas de desconforto, mas aos poucos relaxou.

Desde criança preferia banhos frios, a água morna lhe dava sensação de sufocamento e ele sempre a evitava. Frigga sempre dizia que a água fria faz as pessoas despertarem, talvez fosse por isso que ele a apreciava tanto. Por alguns instantes não pensou em nada, apenas deixou o corpo liberar a energia desses últimos tempos e se permitiu descansar.

De banho tomado, passou a analisar seu rosto, a barba por fazer poderia até dar um charme a mais, mas ele sentia falta de um rosto mais leve, através de magia passou a mão de um lado para o outro em sua face e a barba sumiu, sorriu ao ver no espelho o Loki de que se lembrava. O cabelo molhado fazia gotas de água escorrer por suas costas, mas ele não se incomodava, estava na altura dos ombros e ele gostou, sempre o aparava para que ficasse na altura da nuca, mas poderia se acostumar com ele dessa forma.

Com roupa limpa e barba devidamente feita foi até o quarto e viu Sigyn ainda na mesma posição de horas atrás, abriu levemente a cortina que dava acesso à sacada e ficou parado observando Asgard. Gostava de ver o sol nascer dali, de como os raios claros reluziam no reino inteiro, suspirou mais uma vez, podendo respirar o ar mais puro que podia.