§ Consequências §

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Alguns dias se passaram desde que Frigga e Sigyn entraram no cofre de Odin, vários dias de estudos sobre os pergaminhos. Frigga achou melhor ver sozinha sobre o que falava dos pais de Sif, preferiu não alarmá-la sobre nada e falar com ela apenas quando tivesse certeza de algo, apesar de suas suspeitas serem grandes, ainda não acusaria ninguém sem provas. Thor concordou com a mãe e junto com Sif passou a estudar sobre os pergaminhos de impostos, descobriram vários desvios de Odin, várias cobranças sem sentido e absurdas que o enriqueceram rapidamente. Loki continuava seu jogo duplo com Vorwing, o incitando a tomar o trono de Asgard assim que Odin cair, o manipulava psicologicamente fazendo-o crer que seria rei e que estava no caminho certo, conseguiu fazê-lo mudar de ideia sobre falar com as servas, pelo menos era o que ele achava. Sigyn estava concentrada em seus estudos nos pergaminhos, não sentiu nada após o feitiço de magia negra ser retirado, sentia na verdade seus próprios poderes estarem mais fortes, mas não contou a ninguém.

Durante esses dias Loki e Sigyn não se falaram além de alguns cumprimentos básicos e acima de tudo educados, na mesa de refeições ela não trocou de lugar, sentava-se ao lado de Loki, mas fazia sua refeição rapidamente sem trocar palavra alguma com ninguém, assim como ele, que estava mais fechado que antes, perdido em seus próprios pensamentos e em como resolveria aquela situação.

- Pronta? – Sif pediu em posição de ataque vendo Sigyn fazer o mesmo.

- Como sempre! – Sigyn respondeu num meio sorriso e partindo para cima de Sif.

Frigga não precisava de seus serviços naqueles dias e Sif estava livre de seus afazeres como Chefe da Guarda Real, então ambas decidiram que deveriam extravasar as próprias mágoas e os sentimentos que as atormentavam. Sigyn aprendeu a dominar a espada, Sif lhe ensinou alguns truques de luta e passou a treiná-la com modelos mais pesados e lâminas mais afiadas, o que Loki ensinou a ela foi de grande ajuda, mas a guerreira não tocou nesse assunto, deixaria a amiga falar sobre isso se estivesse a vontade.

Sif estava contente com os avanços diários de Sigyn, ela aprendia muito rápido e sempre queria ultrapassar seus próprios limites, algumas vezes usou seus poderes para se defender, levando broncas de Sif que a ensinava defesa apenas com corpo e armas. Sigyn conseguiu se distrair nesses dias, quando Sif não estava ela treinava sozinha, usando espada, adaga ou o que estivesse disponível. Procurava não pensar muito no que havia acontecido nos últimos dias, procurava não pensar em quem lhe deu a adaga que usava para treinar, ainda era doloroso. Por vezes sentia que estava sendo observada, seu coração acelerava pensando que Loki poderia estar ali, num misto de sentimentos que ainda eram difíceis de assimilar.

Loki ficou sabendo por Thor que Sigyn estava treinando com Sif, nunca a seguiu para saber se era verdade ou não, era o tempo dela, o espaço dela, jamais seria um perseguidor, mas ficou feliz por ela estar usando o tempo para se aperfeiçoar, ele sabia que Sigyn não era uma mulher frágil, sabia que era forte, além dos poderes que tinha. A proteção que ele sempre colocou em cima dela por vezes era desnecessária, ela saberia se defender muito bem, mas o medo de perdê-la falava sempre mais alto que qualquer coisa e por culpa dele mesmo isso tudo aconteceu.

Loki não dormia bem há dias, os olhos fechados o faziam recordar da noite da Festa ou da magia negra se apossando dela, da voz de Sigyn pedindo por Hela, de como ele faria o impossível para que ela ficasse bem, recordava dos momentos que passaram juntos, de como se preocupou com ela quando a salvou das correntes de sua própria mente, como ali ela já o afetava, recordou de quando percebeu que se importava de fato com ela, recordava dos carinhos que trocaram, das noites que tiveram. Abria os olhos e o lugar vazio ao seu lado na cama o enchia de raiva e de remorso, se odiava, sentia nojo de si mesmo por ter feito algo tão baixo. Todos os dias, sozinho em seus pensamentos apenas remoía o que aconteceu, sem falar com ninguém, sem extravasar assim como Sigyn estava fazendo, sem ter coragem de olhá-la nos olhos durante as refeições ou nos encontros na biblioteca. Sentia vergonha. Um sentimento novo que ele estava aprendendo a lidar.

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