Encontros e desencontros

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Desde aquela noite então, Marinette passou a se encontrar com Chat Noir em sua varanda.

Os dois meio que começaram a se ver esporadicamente, sem marcar horários ou compromissos. O que para Marinette era muito natural, mas para Adrien, na condição de Chat Noir... aaah, ele na verdade contava os minutos para vê-la.

Era muito bom poder ser outro na presença dela e não ter que ficar fingindo (ainda que estivesse usando uma mascara sobre seu rosto, tudo bem. Sem contar que a própria mestiça parecia mais solta, mais tranquila quando conversavam desse jeito.

Pois da ultima vez que se viram na festa de Kagami, ela parecia uma pedra e muito indiferente. Talvez porque naquela noite estivesse pensando tanto em Luka que nem se quer tinha espaço para se afetar com o reencontro dos dois.

Adrien morria de ciúmes. Ele queimava por dentro quando ela lhe falava sobre Luka, das fotos que lhe mandava dos shows, dos lugares que estava visitando na Alemanha. E ele na realidade se sentia péssimo por isso, pois Marinette apenas lhe confidenciava essas coisas, por que estava conversando com um amigo. Ela o encarava assim.

Da mesma maneira que sempre o encarou como Ladybug, o que ainda permanecia totalmente desconhecido para o próprio Adrien.

Marinette sentia-se feliz por ele ter reaparecido de certa forma. Era um bom amigo mesmo, era um companheiro, sempre com seu humor único que a fazia revirar os olhos de vez em quando, sentia saudades do tempo em que estavam na ativa.

Aqueles dias eram bons e ruins, pois ser Ladybug era de fato o maior feito da sua vida, a maior realização, a coisa mais inédita e incrível que lhe aconteceu, mas como Marinette, ela apenas era uma adolescente boba e desastrada, que vivia se metendo em furadas por conta do seu amor que sentia, alias, que ainda estava presente – infelizmente – no coração pela mesma e única pessoa.

Se houvesse uma forma de voltar ao passado e refazer certas coisas, quem sabe sua vida não estaria diferente...? Até mesmo com relação ao próprio Chat Noir, pois ela sabia que ele amava Ladybug incondicionalmente e não fazia o mínimo esforço para esconder esses sentimentos.

E se, por um acaso, tivesse dado uma chance para ele, ao invés de Luka? Será que Chat Noir seria capaz de fazê-la se esquecer de Adrien no final das contas?

Outra questão que começou a surgir identre seus pensamentos, era o inusitado sonho que tivera a algumas noites atrás. Toda vez que olhava o rosto mascarado de Chat, subitamente a imagem de Adrien surgia em sua mente, fazendo com que ela voltasse a comparar os dois, como já havia feito no tempo que julgava a possibilidade de ambos serem a mesma pessoa. O que não havia mudado em nada pois eram muito diferente, nada parecidos.

Então... por que havia tido aquele sonho...? Isso não fazia sentido...

Por fim, mais uma vez os dois se encontravam em sua varanda conversando. Dessa vez a noite estava mais fria, o que fez Marientte usar um casaco de moletom preto e calças da mesma cor, tendo seus cabelos soltos jogados pelos ombros. Estavam sentados no chão enquanto que ela recostava as costas contra as grades de ferro, e Chat recostava as suas contra a porta de vidro.

Comiam salgadinho e bebiam coca cola, como se fossem amigos do segundo grau "trocando figurinhas".

- Que saco, amanhã vou ter que acordar muito cedo! Não quero... – a mestiça resmungou enquanto mastigava mais um pouco do salgadinho em sua mão.

- Por que?

- Vou ter que ir ao meu ateliê primeiro e depois vou me encontrar com uma possível parceria de trabalho. – revelou orgulhosa. – É bom porque é trabalho de fato, mas é ruim porque vou ter que estar de pé às 6 da manhã!

- Bem vinda ao meu mundo. Eu acordo praticamente todos os dias nessa hora, por que acha que eu ando de mascara? É esconder as olheiras!

Ela riu – Até parece. E nem me fale em olheiras porque eu tenho várias e são horrorosas!

- Não é nada, você é linda...

Marinette que já estava pegando outro punhado de salgadinhos, parou e olhou na direção de Chat ao ouvir o elogio. Ela sorriu e agradeceu apenas balançando a cabeça o que fez Chat morder os lábios e se repreender em pensamento.

Não deveria falar essas coisas, não deveria deixar o seu lado "Adrien" aparecer, pois ela poderia se sentir confusa e repeli-lo, já que estava namorando outro homem.

Se bem que ficar ali na varanda conversando os dois sozinhos, talvez, para muitos namorados isso já não seria um bom sinal.

- Posso te perguntar uma coisa? – o jeito era saber se Luka tinha ciência das suas visitas.

- Claro.

- Você, contou pra alguém sobre a gente ta se encontrando assim?

A pergunta emudeceu Marinette por um breve segundo. Na verdade, não havia contado a ninguém sobre aqueles encontros, e no caso, quando pensava nesse "ninguém" era realmente alguém em específico.

- Não. Acho que não devo comentar sobre nada disso, não concorda?

- Eu concordo, mas não quero te trazer problemas.

- Problemas...? Por que você me traria problemas?

Chat não percebeu, mas aos poucos foi se movendo até se encontrar com o rosto bem próximo ao de Marinette que ficou atônita com sua investida. Ele sorriu de lado, mirando fixamente seus olhos azuis. – Não traria nenhum, mas quem sabe, outras pessoas poderiam nos julgar mal.

- E elas teriam motivos para isso? – Já Marinette não piscava.

- Não. – e finalmente, ele se afastou, mas não o bastante para pegar uma das suas mãos e depositar um beijo. – Jamais.

Marinette permaneceu no mesmo lugar enquanto via o herói ficar de pé.

- Posso voltar amanhã?

"Não tenho certeza." – Pode.

Chat sorriu lindamente e se jogou para fora da varanda, sumindo dentre os prédios no meio da noite.

Com isso, Marinette voltou a se recostar nas grades de ferro, tendo seu olhar perdido. Mas depois de alguns segundos, mirou a mesma mão na qual Chat havia beijado, aproximando-a do seu rosto.

Estranho... ele havia deixado uma marca ali. A marca de um cheiro no qual ela já havia sentido.

"Adrien..."

Ao fundo, no seu quarto, o celular tocava. Do outro lado da linha, Luka esperava que a mesma atendesse, mas ele julgou que pela sua demora, poderia estar no banho ou talvez, dormindo.

Assim como Kagami, que aguardava em seu quarto, alguma resposta das mensagens que havia mandado para Adrien. A japonesa olhava o celular um pouco ansiosa, sentindo um incomodo no seu coração, pois estranhamente, naquele período da noite, parecia que Adrien sumia sempre.

Mas enfim... era alguma coisa para se preocupar?

O pedaço que falta em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora