O pedaço que falta em mim

Um gato na varanda

Chat não sabia bem o que fazer.

Ele estava em choque e continuava ali parado que nem um poste, olhando para o corpo desnudo da mestiça desfilar pelo quarto enquanto a mesma começava a colocar um vestido rosa.

Por Deus... onde Marinette tinha se "escondido" aquele tempo todo? Por quanto tempo guardou aquela beleza para si mesma? Pois ele poderia jurar que não sabia, que nunca tinha a visto assim tão... tão linda, tão atraente! E não somente pelas suas curvas mas, ela possuía um conjunto que consistia em cabelos lisos e sedosos como um manto preto-azulado reluzente, com seu sorriso encantador... que sorria, agradava... outro homem naquele momento.

- Que isso Mari, assim você me tira o fôlego, dá uma voltinha vai...!

Puta que pariu. Ela estava com o Luka, o que tornava a situação mais errada ainda para Chat/Adrien.

Pois ele não deveria estar ali. Estava sobrando, atrapalhando um momento intimo de um casal.

Sendo que... simplesmente, não conseguia se mover! Seu corpo havia petrificado pois seus olhos continuavam pedindo por mais, ele queria ver mais, queria ver tudo... queria entrar naquele quarto e fazer Marinette arrancar as poucas peças de roupa que lhe faltavam, ver seu corpo completamente nu e depois...

"Merda!! Mas que porra estou pensando?" - O cérebro questionou algo que seu próprio coração já não conseguia. O que ele estava pensando? O que ele estava FAZENDO??!!

Ficando ali como uma sombra, espreitando a intimidade de Marinette não somente era errado com a mesma, mas também com Kagami. - O que ela iria pensar se soubesse disso? - Era muito feio, muito errado mesmo!

Mas...

Ainda assim, por Deus, ainda sim!

Que delícia, que corpo, que delicadeza...

Marinette parecia uma visão de um sonho maravilhoso, com seus movimentos graciosos, ela sorria, instigando Luka com aquele ar de menina travessa e rosto de boneca, tudo misturado a uma forma de mulher que tirava ambos os homens do sério. Luka na Alemanha e Chat na sua varanda.

Ahh se ela soubesse...

E de fato, ainda que fosse impossível, era como se tivesse ciência sim de estar sendo observada por duas pessoas. Parecia que algo dentro do seu coração a estimulava ser mais sensual, a provocar Luka, sorrindo para ele, colocando seu vestido de forma lenta, enquanto arrastava o tecido pelo corpo, virando-se de perfil apenas para fazê-lo pedir, implorar por mais.

Não somente ele estava pedindo por isso.

Chat já estava no seu limite e por conta de não conseguir mais se controlar em manter-se somente nas sombras, deu um passo um pouco mais sonoro, o que fez  a mestiça ouvir um barulho estranho vindo da varanda.

- Só um pouquinho Luka, eu ouvi alguma coisa aqui...

- Sério...? – O Couffaine indagou curioso também enquanto assistia Marinette colocando um hobby de seda azul claro.

- Sim...

Aos poucos, ela foi caminhando até o grande portal de vidro onde abriu, jogando uma das bandas para a direita e por fim, entrou na sacada.  Deu uma boa olhada ao redor. Não viu ninguém... e nem teria como haver alguém ali, pois morava no décimo quarto andar de um grande prédio.

Ela sorriu de lado, sentindo a doce brisa da noite acalentar seus cabelos e virou-se para voltar ao interior do apartamento.

- Era alguma coisa? – Luka perguntou.

- Não, não era nada... acho que foi só impressão. Quem sabe o vento...

- ...Ou um gato, seu vizinho de baixo não tem um gato preto?

- Sim,ele tem, mas o bichinho não costuma fazer isso, não que eu saiba. Pelo menos nunca vi. – disse simplesmente, sentando-se na cama.

- Bom, se fosse, ele teria te visto daquele jeito de antes... uma lindeza Mari, não vai continuar não?

- Uhnn... não sei, e se for mesmo um gato? Vai querer que ele me veja assim...? – Marinette voltou a sorrir de canto enquanto começava retirar o hobby o puxando por um dos ombros.

- Ele pode até ver, até porque tudo o que é bonito é pra ser apreciado, mas só eu posso tocar... não é?

Luka a ouviu rindo satisfeita do outro lado da linha. Os dois permaneceram conversando assim, mas não por muito tempo, pois ele teve que sair do quarto pois estavam o chamando.

Por fim Marinette resolveu ir descansar já que precisaria estar bem para o dia seguinte, teria muito trabalho a fazer. E assim, foi deitar-se tranquila, mal sabendo que realmente na sua sacada havia mesmo um gato preto naquela hora.

Um gato preto no qual já tinha se decidido que teria que ter uma longa conversa com ela mesma.