Marinette despertou um pouco mais tarde do que de costume. Vagarosamente, ela olhou ao redor e confirmou estar sozinha mais uma vez. Mirou sua mão enfaixada. Havia ainda um resquício de dor no qual a fez gemer baixo assim que se ajeitou melhor na cama, mas quando olhou para o seu lado, viu algo que chamou sua atenção. Em contraste ao travesseiro branco onde Chat Noir havia se deitado, uma rosa vermelha repousava ao perto um bilhete.
Ela deu um meio sorriso carregado de sono ao pegar os dois itens com as mãos, preferindo abrir primeiro o bilhete:
"Espero que tenha dormido bem minha princesa e que esteja melhor. Eu vou voltar hoje a noite para conversarmos. Por favor, me espere."
Suspirou satisfeita ao mesmo tempo em que sentiu um calafrio súbito ouriçar seus pelos. Na outra mão, mirou a rosa que exalava um delicioso perfume, mesclada a beleza das suas pétalas vermelhas. Não poderia se enganar dizendo que noite passada, não havia desejado fazer amor com Chat.
No momento em que sentiu suas garras grandes apertando sua pele, juntamente com seus lábios lambendo sua ferida, seu dorso, fazendo com que mergulhasse em ondas de prazer misturadas a dor física, seu corpo inteiro clamou pelo dele.
Se entregaria àquele homem, sem mesmo saber quem ele era. Apenas pela busca de descarregar todo o desejo que estava acumulado por Adrien naquele tempo todo. Da mesma forma que faria com Luka, ou com qualquer homem que se deitasse na sua cama.
E por isso, novamente pensamentos ruins vieram incomodá-la, assim que se levantou da cama e mirou parte do seu reflexo mediante ao espalho quebrado.
Era a mais pura representação de como se sentia, completamente quebrada e destruída por um amor não correspondido. Vulnerável o bastante para querer se entregar a outro superficialmente.
- Você é uma vadia. – voltou a se xingar, sussurrando o insulto para si mesma antes que pudesse se virar e ir direto para o banheiro. Tomou um banho rápido, sem delongas e um café puro sem açúcar. Assim que estava pronta, lembrou-se de verificar o celular logo estranhando por vê-lo desligado, ligando rapidamente o aparelho que reiniciou recebendo uma tonelada de notificações, todas estas avisando das recorrentes chamadas não respondidas de Luka.
Ela então se apressou para retorna-lo, agradecendo internamente que já no segundo toque da chamada, Luka a atendeu com a voz carregada de preocupação.
Agora, teria que arranjar alguma desculpa boa o suficiente para não dizer a ele que havia dormido ao lado de outro homem e que este mesmo homem - sem nome e sem identidade - havia praticamente feito amor com ela noite passada.
(...)
Dessa forma, passou-se um tempo depois que Adrien tinha saído de casa. Ele já se encontrava bem próximo a empresa e dirigia sério, pensativo, relembrando sobre as coisas que havia acontecido na noite anterior.
Não importando como, iria dar um ponto final naquela situação. Não poderia mais enganar Kagami, nem Marinette muito menos a si mesmo. Por tanto, assim que chegou em casa depois de sair do apartamento da mestiça, mandou uma mensagem para Kagami dizendo que precisavam conversar. Ela somente o respondeu na manhã seguinte lhe dizendo que não poderia encontrá-lo pois estava em outra cidade, visto que teve que se ausentar às pressas por alguma demanda familiar, mas quando retornasse à Paris, viria ao seu encontro.
Por sua vez, Adrien já estava esperando que a conversa dos dois não seria nada boa e ele se encontrava um pouco aflito pela expectativa, mas não tinha jeito de fugir disso. Não mais. Era agora ou nunca. E já tinha optado pela primeira opção.
Iria abrir todos os caminhos para ter Marinette de uma vez por todas, e se ela não o aceitasse de primeiro momento, iria fazê-la de apaixonar aos poucos. Luka que o perdoa-se, ele era um bom homem, mas não tinha como deixar que ele tivesse Marinette para si. Pois essa mulher, já tinha a mais completa certeza qie havia nascido para ser sua.
Depois de dirigir mais alguma distancia, estacionou o carro na sua vaga do estacionamento, e caminhou até a entrada olhando ao redor para verificar se ela havia chegado. Pensava que não iria aparecer tão cedo, ou se quer iria trabalhar visto que havia se cortado feio na noite anterior, mas felizmente, quando entrou na sala onde trabalhavam, viu Marinette sentada junto com dois integrantes da equipe, já adiantando o serviço.
Inevitavelmente um sorriso apareceu em seus lábios quando seus olhos bateram sobre ela. Ela parecia muito mais linda, muito mais radiante naquela manhã. Mas isso não importava, céus, isso não fazia a menor diferença! Estivesse limpa, ou suja com seu sangue, chorando, sorrindo, com os cabelos penteados e presos ou soltos e desgrenhados. Vestida, ou completamente nua. Ela era linda. Era a fonte do seu amor e desejo.
As pessoas o cumprimentaram a medida que ele adentrava a sala. Caminhou mais alguns passos até ficar próximo o suficiente de Marinette e dar a desculpa de sem querer, ter notado seu ferimento.
- Se machucou?
- Ah isso? – ela sorriu sem graça, segurando a mão feriada na outra. – Eu me cortei sem querer ontem, fui pegar um pote de vidro sobre a minha penteadeira e ele caiu no chão e no susto, você sabe...
- Sei. – Adrien respondeu seco, com sede. Ele se recordava de cada gosto dela, de todos os sabores que sentiu na sua boca quando a beijou, chupou, lambeu tudo. Seu corpo todo era uma droga viciante na qual ele se tornou dependente assim que seus lábios a tocaram. E estava na abstinência, precisando desesperadamente por mais. - Toma cuidado. Não quero te ver machucada. – deu um sorriso fechado, colocando uma das mãos dentro da calça.
Marinette piscou algumas vezes, confirmando com a cabeça vendo-o se afastar para pegar um café mais adiante. Ela respirou fundo e voltou a falar com as pessoas que estavam próximas e alheias a conversa dos dois.
Dessa maneira a manhã passou rápido e todos foram almoçar. Quando Marinette regressou do almoço descobriu que Adrien havia se ausentado novamente, o que a fez ficar um pouco desapontada, já que de certa forma, gostava de vê-lo ao redor. Ainda mais quando ele se demonstrou tão preocupado ao ver seu ferimento. Sua preocupação a aqueceu, mesmo que fosse só um pouquinho.
Sorriu conformada indo escovar os dentes, e assim que regressou para sua mesa de trabalho, estranhou ao ver que sua gaveta estava parcialmente aberta. Ela então fez menção em fechá-la, mas parou vendo de relance algo que capturou a atenção dos seus olhos.
Dentro da gaveta havia uma rosa.
Uma rosa vermelha.
Logo sua expressão mudou, espantando-se em pensar o que aquela flor estava fazendo ali. Olhou desnorteada para os cantos, tentando entender, quando de repente... a sombra de um pensamento a fez parar e pensar em algo no qual causou ao seu coração palpitações aceleradas.
Será que havia sido Chat Noir... que tinha deixado aquela- Não, impossível! - Como ele poderia ter entrado na empresa...?
A menos, que ele já estivesse por ali.
- A menos que ele já trabalhe aqui. – Marinette sussurrou para si mesma, deixando o corpo todo ir de encontro ao encosto da cadeira. E justamente, esse era o plano de Adrien.
Fazê-la ligar os pontos por si só e se dar conta que a todo momento esteve com ele. A partir de agora iria deixar bem claro seus reais sentimentos e intenções, seja como Chat, ou como Adrien Agreste.
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O pedaço que falta em mim
RomanceAdrien já namora Kagami há algum tempo. Porém, ele não sabe ao certo, mas não se encontra feliz com o relacionamento. Nem um pouco. Para aguçar a confusão em seus pensamentos, começa a sentir ciume de Marinette com Luka. E em uma determinada noite...