Tudo vai ficar bem mon chaton, eu prometo

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- Um gatinho no telhado, sozinho sem sua dama...

- Não é tão mais "gatinho" assim...

Chat Noir virou-se para finalmente ver Ladybug atrás de si. Foi instantâneo, no momento que os dois se viram, imediatamente um sorriso apareceu no rosto de ambos e logo se encontraram em um abraço cheio de saudades.

- My lady, a quanto tempo...

- Eu sei... - Ladybug fechou os olhos apertando os braços envolta da nuca de Chat Noir. Mesmo sabendo que com relação à ela mesma, não fazia tanto tempo desde o encontro dos dois, era como se realmente o estivesse abraçando depois de um longo período.

Era uma saudade diferente, pois ela o havia encontrado com Marinette não como Ladybug, de certa forma, o tratamento era distinto, ainda que Adrien e Chat Noir fossem a mesma pessoa.

Esse era outro ponto no qual ele precisava saber urgentemente, as coisas deveriam ser claras para ambos de agora em diante.

- Chaton, sei que precisa muito me contar algo, mas antes você precisa saber que-

- Desculpa te interromper Ladybug. Mas o que eu tenho pra te dizer é algo muito sério e tem haver com Hawk Moth.

No mesmo instante os lábios da heroína se calaram, e ela apenas consentiu em silencio.

- Teremos muito tempo para conversar depois de resolvermos isso, ok? - dando um sorriso de lado, Chat retirou o bastão da cintura.

Ladybug sorriu também ajeitando seu ioiô. – Teremos tempo de sobra.

Os dois então seguiram por Paris, pulando de prédio em prédio até se aproximarem da mansão dos Agrestes, o que causou automaticamente estranheza à Ladybug que olhava Chat Noir seguir mais adiante.

Finalmente desceram em frente às portas negras que davam entrada à mansão, das quais foram abertas por Chat que adentrou junto à Ladybug um pouco mais recuada. O local estava completamente vazio, dando apenas para ouvir seus passos em conjunto.

- Mandei que isolassem completamente a casa assim que foi confirmada a morte de Gabriel, e demiti todos os funcionários, pagando-lhes uma boa quantia para que pudessem ter uma vida estável até arranjarem um novo emprego.

Ladybug ouvia atenta às palavras ditas por Chat de maneira calma, mas ao mesmo tempo, carregada. Aos poucos ela começava a entender a causa de estarem ali, o que fazia seu coração relutar em acreditar que desde sempre suas suspeitas eram reais. Mas não havia dúvidas.

Depois dele abrir mais uma porta, adentraram a um local que parecia ser o ateliê pessoal de Gabriel. Cruzaram o cômodo até o gigantesco quadro de Emilie em uma das paredes. Chat então suspirou fundo, ajeitou seus dedos em determinados pontos da pintura e os apertou, fazendo com que se abrisse no chão atrás deles uma espécie de entrada.

Nesse momento ele voltou seu olhar para Ladybug que encarava séria os acontecimentos ao redor.

- Não preciso nem te dizer mais nada não é?

- Não... – ela sussurrou fria. – Mas eu preciso ver com os meus próprios olhos.

Desse modo, seguiu em frente com o caminhar firme até ficar em cima do compartimento aberto no chão, sendo logo acompanhada por Chat. Ele deu o comando e os dois sumiram, aparecendo novamente no local no qual haviam procurado por todos aqueles anos e que por ironia do destino estava ali, literalmente, debaixo de seus pés.

Chat deixou que ela desse o primeiro passo fazendo com que no mesmo momento, diversas borboletas brancas revoassem em várias direções. Ambos olhavam em volta no mais completo e ensurdecedor silencio.

Dentro da mente de Ladybug, havia apenas um questionamento – Como deveria estar o coração de Adrien naquele instante? Se mesmo para ela, que apenas conhecia Gabriel, mal convivia com ele, deparar-se com aquela verdade tão triste e tão terrível já fazia o seu próprio coração sangrar...! O que diria então, o coração de seu único filho?

Virou-se para encará-lo tendo o olhar triste, porém no rosto de Chat havia um sorriso conformado. Ele foi se aproximando até por fim ficarem de frente um ao outro.

- My lady, não sabe o quanto é bom pra mim estar com você agora... olhando o seu belo rosto no meio desse lugar horrível. – ele sussurrou enquanto a acariciava com os dedos as linhas da face. - Acho que se estivesse sozinho, não sei se seria forte o suficiente.

Deixou um suspiro mais forte sair do peito acompanhado de uma lágrima que inevitavelmente escorreu de seus olhos. Ladybug assistia a cena sentindo se abater também por toda a dor na qual seu amor deveria estar sentido. Ela se aproximou pondo-se na ponta dos pés e o beijou onde a lágrima escorria.

Os dois então se apertaram em um abraço urgente. Pôde senti-lo soluçar em um dos seus ombros, o que a fez fechar os olhos e deixar as lágrimas escorrem da mesma forma.

- Pode chorar mon chaton... tudo vai ficar bem de agora em diante, eu prometo.

ele sussurrou. - Eu sei my lady... obrigado por estar aqui comigo.

- Eu vou sempre estar com você... meu amor...

"Meu amor..."

Devagar, Chat elevou a cabeça apenas o bastante para encarar os olhos azuis molhados pelas lágrimas de Ladybug. Ela sorriu e finalmente sussurrou.

- Transformar.

O pedaço que falta em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora