A agonia da verdade

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Assim que soube do acontecido Felix também se juntou a Adrien e Marinette que foram direto para o hospital onde haviam encaminhado  Gabriel.

Era Felix que dirigia, pois Adrien não tinha a mínima condição por se encontrar aflito demais nos braços de Marinette que procurava tranquiliza-lo, afastando seus cabelos, lhe fazendo um carinho, dizendo que tudo ficaria bem, dando todo o apoio.

Sabiam que provavelmente, Felix não deveria estar entendendo nada daquela situação, mas não havia espaço para explicações naquele momento. O foco era chegar o quanto antes ao hospital antes que fosse tarde demais.

Sendo assim, o trio adentrou rapidamente pela recepção sendo logo encaminhados para a emergência. Foi informado que o corpo do Agreste mais velho já estava praticamente parando de funcionar, ele não teria muito tempo de vida, e não havia mais nada do que poderiam fazer para ajudá-lo. Estavam apenas tentando manter estabilizada o pouco que restava da sua consciência, pois o mesmo a todo momento exigia falar com Adrien.

Dessa forma, tanto ele quanto Marinette e Felix tiveram que aguardar até que os chamassem novamente. 

Completamente desolado, mas ao mesmo tempo conformado, Adrien estava sentado ao lado da mestiça de mãos dadas até que ouviram passos apressados vindo pelo corredor e quando olharam na direção, era Kagami que surgia dentre as pessoas, aflita indo direto ao encontro deles.

A mesma logo se pôs na frente de Adrien assim que ele se levantou, porém, antes que lhe falasse algo, ela o tomou em um abraço e o beijou.

Marinette teve que  virar o rosto no mesmo momento enquanto que Felix colocava as mãos na cintura e se afastava. Ele sabia que pelo jeito, aquela situação não iria terminar nada bem, principalmente para a Tsurugi.

- Eu vim correndo assim que soube, pedi para que a Annie me avisasse caso acontecesse alguma coisa com o seu pai, e como já tinha voltado pra Paris hoje mais cedo,  desculpa eu nem consegui te mandar uma mensagem, foi tudo tão corrido...! – ela falava sem pausa, ainda sem fôlego, quando se deu conta que Marinette estava ao lado dos dois. - Mari...

- Oi Kagami. – a mestiça respondeu brevemente, sentindo-se terrível por dentro.  Parecia que o sonho que estava vivendo ao lado de Adrien havia se quebrado como o espelho da sua penteadeira. Por um momento, havia se esquecido de certas complicações que ainda precisavam ser resolvidas, mas assim que seus olhos se encontraram com Kagami, foi arrastada à amarga realidade na qual ainda estavam presos. 

E agora?  Como resolver tudo isso? Sem contar que a hora não poderia ser a pior! 
 

Como Adrien teria estruturas? Como ele iria romper um relacionamento sabendo que seu pai estava praticamente morto?

Infelizmente, esse era um preço que deveria pagar por ter demorado tanto e por sua vez, ele já havia se decidido, mesmo que fosse um momento totalmente inapropriado, era hora de resolver as pendências de uma vez por todas. 

Pois mais do que nunca, precisava ter Marinette definitivamente ao seu lado. 

- Não precisa se desculpar Kagami e eu te agradeço por ter vindo.

Na verdade, ele nem precisava dizer muita coisa. Pelo seu jeito, a maneira que se comportava e pelo fato de Marinette estar ao seu lado, tão próxima... Kagami já podia sentir. Ela já entendia. 

Foi se afastando com os olhos vagos, tentando não desmoronar. Não havia mais necessidade de sofrer por algo que a muito tempo deixou de existir. O relacionamento dos dois. 

- Kagami, acho que eu e você, precisamos... 

- Adrien, eu preciso ir.  – Marinette sussurrou o interrompendo ao mesmo tempo que se afastava também.

Por mais que não quisesse, Adrien compreendia que realmente, ela precisava ir embora então ele confirmou com a cabeça, friccionando o maxilar. – Tudo bem Mari. Depois nos falamos.

A mestiça fez o mesmo sinal, olhando depois para o rosto entristecido de Kagami que se abraçava, mirando outro lado. Não conseguiu se quer lhe falar alguma palavra, saindo dali o mais depressa possível. 

Quando ficaram sozinhos, Adrien respirou fundo, limpando os lábios, antes de começar a falar. - Kagami. Sei que o momento não é mas adequado, mas sobre o que eu queria falar com você...

- Quer saber Adrien? Esquece. Você não precisa concluir sua frase. Eu já sei muito bem o que vai me dizer.

Os olhos do loiro se estreitaram ao analisarem a expressão fria na qual o rosto da japonesa tinha. Ela lhe falava com o mesmo tom. – Já faz um tempo que eu venho suspeitando e entendendo,que as coisas entre nós haviam mudado.  Agora, eu só queria te dizer, aliás, te perguntar...  por que não foi sincero comigo?

- Eu não sei te responder essa pergunta. 

- Não sabe? Como não sabe?

- Não é que eu não saiba, mas é que, eu  mesmo estava muito confuso Kagami, eu não sabia exatamente o que eu sentia e as coisas foram acontecendo... fiquei com medo de te perder e ver que tinha feito algo errado, mas depois, eu fui vendo que.. eu... e você, quero dizer, você-

- Que você nunca me amou como achava que amava não é? Não é isso? – ela o mirava nos olhos obtendo infelizmente, a resposta positiva por parte dele, o que fez seu coração se machucar mais um pouco.  - Certo...

- Kagami a culpa não foi sua.  A culpa disso tudo é unicamente minha! 

- É... é exatamente isso.  Poderíamos ter conversado, exposto nossas diferenças, pra eu tentar te entender e quem sabe, se nós fossemos terminar mesmo no fim, fosse algo mais digno... não em um hospital, eu tendo que te ver... ao lado dela...

- Eu não queria que fosse assim, tenta entender.
Ela sorriu de lado com desprezo. – Mas não fez nada pra que não fosse diferente.

- Com licença, o senhor Agreste já está pronto. – uma enfermeira apareceu interrompendo a conversa dos dois, que se afastaram mais ainda, onde Kagami ajeitou melhor a bolsa sobre os ombros mantendo o olhar extremamente frio e decepcionado sobre Adrien. 

- Certo, obrigado, eu já estou indo – ele respondeu para à enfermeira e antes que deixasse Kagami e Felix que havia se distanciado o bastante para não ouvi-los, se aproximou dela apenas para lhe dar um beijo na testa que fechou os olhos com o toque.

- Eu não tenho nada a te pedir a não ser perdão Kagami. Você é uma mulher maravilhosa, incrível, eu sempre te disse isso... e espero que um dia possa me perdoar. Mas eu não posso ser o homem que espera que eu seja. Não posso.

Novamente ele suspirou, virando-se por fim até seguir a enfermeira que o aguardava. Quando as portas se fecharam, Kagami as mirava com os olhos atônitos e extremamente tristes.  Não poderia dizer que estava com raiva, ou com ódio, rancor... qualquer desses sentimentos ruins dos quais deveria sentir por ele. 

Na verdade o que sentia era uma profunda e cortante mágoa de ter de encarar a angustia de uma verdade na qual ela sempre soube que chegaria o momento de entender e assumir. A deixando sem nada naquela lugar, ao lado de Adrien, pois ele já havia achado o seu verdadeiro amor e à ela, só restava o caminho de volta para casa e o esquecimento.  

O pedaço que falta em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora