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Ruggero estava fora de si, nem de longe me remetia ao homem que estava me presenteando com aquele belo vestido minutos antes.
Parecia um menino assustado e, sinceramente, eu não sabia o que fazer.

Por isso me ajoelhei ao lado dele e tentei tocá-lo, mas ele se retraia, fugindo do meu toque.

─ Ruggero, você precisa respirar. Calma. – Pedi, já desesperada.

Ele caiu sentado no chão e logo se encolheu no canto da parede, escondendo o rosto entre os joelhos e choramingando.

O que estava acontecendo?

─ Sai daqui! – Ordenou.

Tentei tocar em sua perna, mas ele não permitiu.

─ Deixa eu te ajudar. O que está acontecendo? Fala comigo, por favor!

─ Não toque em mim! Sai daqui! Sai daqui!

Fui para trás, dando-lhe o espaço que pedia, mesmo sem entender nada.

─ Olha só Ruggero, se for mais uma daquelas suas brincadeiras...

─ Sai daqui! Eu já pedi, sai! – Gritou, assustando-me.

Me endireitei em cima do salto agulha que usava e me apoiei no batente da porta.

Ruggero ergueu a cabeça e seus olhos mergulharam nos meus; em seu olhar vi uma torrente de emoções adversas que iam e vinham provocando tanta dor que eu poderia cortar com uma faca de tão sólida que se tornava entre nós.

Ele estava mal, mas eu não tinha nada haver com isso e ele deixava isso bem claro.

─ Eu vou embora. – Falei.

─ Vá.

Fiquei mais alguns segundos parada, encarando-o, mas ele desviou o olhar, como se eu não estivesse ali.

Balancei a cabeça, dei a meia volta, levantei a barra do vestido e sai o mais depressa que pude.

Ele não era problema meu.

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Seria muito mais fácil se pudéssemos colocar o passado numa caixinha e escondê-la no fundo do mar onde ninguém pudesse encontrá-la, muito menos trazê-la à tona, mas infelizmente a vida tinha essa terrível mania de ser cruel

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Seria muito mais fácil se pudéssemos colocar o passado numa caixinha e escondê-la no fundo do mar onde ninguém pudesse encontrá-la, muito menos trazê-la à tona, mas infelizmente a vida tinha essa terrível mania de ser cruel.

Depois que Karol se foi, consegui reunir forças para sair daquele quarto e, só quando cheguei ao meu quarto foi que percebi o que tinha de fato acontecido.
Ela tinha visto demais e, provavelmente, me encheria de perguntas e sairia espalhando por ai.

Acabou.

Os meus traumas venceram mais uma vez.

Tirei o smoking e desabotoei a camisa branca que usava por baixo, puxei-a para fora da calça e desafivelei o cinto.
Me sentia preso dentro do meu próprio corpo.

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