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Eu não conseguia encontrar Ruggero, muito menos conseguia pensar direito ou pelo menos imaginar o motivo daquela briga terrível.
Eu só queria falar com ele, cuidar daqueles machucados e mostrar que estava ao seu lado. Havíamos tido uma noite tão bonita e os girassóis...

No entanto, mais uma vez ele estava se fechando. Batendo a porta e me deixando de fora.

Eu estava cansando disso.

Optei então por ir até o quarto de João, mesmo que Luciana tenha dito que ele queria ficar sozinho.
Eu não me importava, eu só queria entender.

O quarto de João ficava no fim do corredor; bati na porta duas vezes e ele disse que não queria ver ninguém, mas eu continuei insistindo, e então ele mandou entrar, mesmo que seu tom não fosse dos melhores.

Quando abri a porta, me deparei com aquela figura musculosa parada no meio do quarto, com uma toalha pendendo da cintura, mostrando que ele tinha acabado de sair do banho; a água ainda escorria por sua pele e era tão sexy... Porém, quando levantei os olhos para seu rosto, percebi o tamanho do estrago.

Seus lábios estavam inchados e começando a ficar arroxeados, no canto do olho morava um grande hematoma e sem contar na bochecha... Parecia surreal que tudo isso tivesse acontecido depois da tarde maravilhosa que tivemos nós três.

Continuei segurando a maçaneta, em dúvida se entrava ou não.

João abriu um sorriso vacilante e acenou para que eu entrasse. Obedeci.

Fechei a porta e fiquei encostada à ela, com as mãos entrelaçadas na frente do corpo, domando minha curiosidade e nervosismo.

As malas dele estavam abertas sobre a cama e havia roupa espalhada por todos os lados.

─ Então você vai embora mesmo...

João assentiu, pousando as mãos na cintura.

A luz que entrava no quarto fazia parecer que uma áurea amarela contornava seu corpo e isso o deixava ainda mais irreal, como se fosse uma miragem.

─ Não posso permanecer no mesmo lugar que o Ruggero. Me desculpa, eu sei que vocês estão juntos, mas o meu primo acabou de perder o resto de noção que ainda tinha.

Cruzei os braços.

─ O que aconteceu, João? Por que vocês brigaram?

─ Isso não importa mais... – Ele balançou a cabeça e depois apanhou uma camisa branca que estava em cima da cama. ─ Só o que precisa saber é que se espera algum retorno sentimental dele, está perdendo seu tempo.

Eu não podia negar que aquelas palavras me atingiram como um soco.

Lá no fundo, em alguma parte minha, eu havia plantado esperanças... Por mais absurdo que parecesse e, ouvi-lo falar aquilo, me irritou profundamente.

─ Ruggero não é como você pensa, João. – defendi. ─ Eu sei que vocês têm seus problemas, mas ele é um bom homem.

─ Eu espero que sim. – Murmurou, enfiando a camisa pela cabeça e cobrindo seu peitoral com o tecido. ─ Por que vai ser muito burrice da parte dele perder uma mulher como você.

Fiquei momentaneamente muda.

Ele havia mesmo dito aquilo?

Pisquei os olhos algumas vezes e, quando dei por mim, ele estava contornando a cama e, com aquela camisa e aquela toalha me dando a certeza que não havia nada por baixo – a deduzir pelos contornos do pano – eu fiquei desorientada e precisei dar um passo para trás, mas eu já estava quase atravessando a porta.

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