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Duas semanas depois...

Era sexta à noite e Alonso estava viajando com um cliente podre de rico – que ele achava ser o novo amor de sua vida – (lê-se aqui olhos revirando). Meu amigo não tomava jeito.

E, para completar, fazia cinco dias que João estava viajando a trabalho e pouco nos falávamos. Eu estava realmente morrendo de saudades. Já havia me acostumado com suas aparições na hora do almoço e do jeito como ele sempre me olhava quando eu contava uma piada ruim. Era difícil ficar longe de alguém assim e isso começava a me deixar pensativa.
Será que eu estava me apaixonando?

Ai meu Deus.

Eu ainda não conseguia esquecer Ruggero.

Sentei no sofá e mergulhei as mãos nos cabelos úmidos.

Puta merda!

Desde o dia que nos encontramos na agência e ele me beijou, não nos vimos mais. Ele também não havia ligado.
Aparentemente Ruggero tinha entendido o que eu disse.

Era melhor assim, mesmo que por dentro as lembranças dele me deixassem totalmente saudosa.

Peguei meu telefone pensando em mandar uma mensagem para João, mas já passava das onze e ele provavelmente estava dormindo.
Bufei e voltei a me sentar no sofá.

Eu não gostava de ficar sozinha.

Massageei o peito e tentei expulsar para longe a sensação ruim que criava raízes em mim. Eu sentia uma angustia inexplicável e tentava a todo custo colocá-la de lado, mas ela ficava cada vez mais forte e mais insistente.

Decidi então que nada melhor para esquecer alguém e – ao mesmo tempo – aliviar todo o tesão que eu sentia pelos dias que estava sem sexo do que uma boa taça de vinho. Ou a garrafa toda.
Eu precisava espairecer com a minha melhor amiga. A amiga, no caso, é a garrafa. A garrafa cara que eu ganhei de um dos clientes.

Meu plano era ir até a cozinha, mas a campanhia começou a berrar. Quem quer que estivesse do outro lado da porta estava com muita pressa ou agonia, pois sequer tirava o dedo do botão que ficava próximo ao batente da porta.
Corri para abrir, pois provavelmente era Alonso, porque talvez o novo cliente fosse um imbecil, mas antes de girar a maçaneta, me lembrei que Alonso tinha as chaves.

João?

Será?

Destranquei a porta e a abri, mas tamanha foi a minha surpresa ao ver Ruggero cambaleando para frente e para trás, com o dedo colado na campanhia.
Ele demorou um pouco para assimilar que eu já tinha aberto a porta, então quando finalmente percebeu, parou de acionar aquela coisa barulhenta.

Ele me encarou, mas não parecia ele mesmo.

Estava podre de bêbado. O fedor de cachaça devia estar cobrindo o corredor.

Ele mal ficava de pé.

─ Mas que diabo é isso? – Guinchei, assustada e brava.

Ruggero conseguiu ficar parado.

─ Eu queriiiiiiiiia ver vooooooocê. – E então riu, mas em seguida estava chorando. Tudo junto.

Balancei a cabeça sem entender nada, mas àquela altura da minha vida eu estava acostumada com bebedeiras. Já havia tido diversos clientes que se empanturravam de bebidas caras e depois mal sabiam como andar.
Sem contar que eu adorava uns porres, mas ver Ruggero daquela forma...Aquilo só fez meu coração diminuir.

A que ponto aquele homem tão elegante e famoso havia chegado?

Por isso entrei no corredor e contornei sua cintura com meu braço, segurando-o e ajudando-o a entrar.
Fechei a porta e levei-o até o sofá. Quando ele finalmente se sentou, me ajoelhei na sua frente e o encarei.

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