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O dia seguinte chegou rápido demais e junto dele veio também o momento de decisão.

Logo cedo eu havia falado com a minha mãe e, mesmo sem saber pelo que eu estava passando, ela foi amorosa como sempre e me disse que me amava, foi muito bom ouvir aquilo.
Quando desliguei a ligação, estava mais forte, mas ainda me sentia um pouco nervosa.

Eu ia falar com a Safira. Já era a hora.

Peguei um táxi até a agência – não conseguia dirigir ─ e cabulei as primeiras aulas da faculdade. Quando passei pelo saguão, a recepcionista avisou que Safira já estava me esperando – eu tinha ligado para marcar horário. Quando entrei na sala dela, minha chefa sorriu e me recebeu muito bem. Talvez estivesse contente porque eu tinha levado para a Fênix Model seu melhor contrato, mas para o azar deles, eu iria cancelar aquilo.

Sentei de frente para ela, no lado oposto de sua elegante mesa, e sorri timidamente.

Ela nunca pareceu tão tenebrosa como naquele dia. Podia até imaginar seus gritos.

─ Então querida, o que você quer? Por acaso Ruggero deseja... Aumentar o tempo de contrato?

Mordi o lado de dentro da bochecha.

Como eu iria dizer aquilo e ainda sair dali viva? Parecia impossível.

Me ajeitei melhor naquela cadeira cara e olhei ao redor. Respirei fundo e busquei forças nas péssimas lembranças que tinha de Ruggero.
Nunca ninguém havia me magoado e me desprezado tanto. Ele tinha me quebrado em todos os pedaços possíveis e sequer tinha parado para pensar nos meus sentimentos, mas pudera, ele me via apenas como "a garota que vendia o corpo". Eu valia tão pouco para ele.

Me aprumei e pigarreei.

Safira podia dar todo o chilique que quisesse. Eu não voltaria atrás.

Umedeci os lábios e depois as palavras pularam da minha boca.

Minha voz firme me surpreendeu.

─ Quero cancelar esse contrato que tenho com Ruggero. Não quero mais ser a acompanhante dele.

Safira piscou os olhos algumas vezes e um sorriso estranho se formou em seus lábios.

─ O que disse?

Engoli em seco, mas mantive o queixo erguido e a postura ereta.

─ Safira, você me ouviu muito bem. Eu não quero mais ter nenhum vínculo com aquele homem.

Ela estreitou os olhos e depois seus traços faciais ficaram mais suaves.

─ Ele te violentou ou algo assim? Por acaso te bateu? Se foi isso, podemos denunciá-lo e vamos tirar uma boa grana e...

─ Não, não, não! – Neguei veementemente. Ruggero podia ser tudo, mas ele jamais faria algo assim. ─ Ele não fez nada disso. Só não quero ter mais nada haver com ele.

Foi só então que ela entendeu e, em questão de segundos, a ferocidade de seu olhar ganhou proporções estratosféricas.
Ela ficou de pé e empurrou a cadeira para trás.

─ Karol, você se ouviu? Esse homem é um homem muito importante! Você não pode simplesmente dar um fora. Não pode mesmo! Tem muita coisa envolvida.

Eu ri, mas não havia humor.

─ Safira, eu sou humana, tenho sentimentos. Não vou ser uma mera peça desse seu jogo de ambição! Eu já disse que não quero mais.

─ E desde quando você tem escolha, garota? Por acaso tem dinheiro para pagar a rescisão do contrato?

Balancei a cabeça negando.

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