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Eu sentia a cama balançar, como se alguém estivesse tremendo e, ao abrir os olhos, era exatamente o que acontecia.

Ruggero estava segurando minha mão, deitado de peito pra cima e suava muito; ele estava tremendo demais e falava coisas que eu não conseguia entender.
Esfreguei os olhos e me apoiei no cotovelo para conseguir vê-lo melhor.

As luzes estavam acesas e isso foi bom, por que se não, não teria notado que ele estava chorando.

Toquei em sua testa e ele estava extremamente quente, se mexia para um lado e para o outro, os olhos apertados e os lábios brancos, brancos demais.

─ Ruggero? Ruggero, acorda!

Sacudi seu corpo com força, usando meu desespero como combustível para ter mais força, já que ele nem parecia se afetar com meus empurrões e chamados.

─ Não! – Gritou, abrindo os olhos em seguida e sentando na cama. ─ não, não, não...

Me sentei também e o abracei por trás, colocando o queixo em seu ombro.

─ Está tudo bem... Tudo bem... – Acariciei seu peito, tentando amenizar os batimentos acelerados do seu coração. ─ Foi só um pesadelo, Rugge... Só um pesadelo.

A cabeça dele pendeu pra frente e seus ombros estremeceram com o choro forte que seu corpo produzia; permaneci em silêncio, abraçada à ele, acariciando seu peito e respirando devagar.

Por fim, ele se desvencilhou de mim e escorregou para fora da cama, secando o rosto e se afastando.

─ Eu não devia ter dormido... Desculpa. – Pediu, às pressas. ─ Pode voltar a dormir. Eu vou... Vou sair um pouco.

Afastei os lençóis que estavam enroscados nas minhas pernas e me levantei, fui até ele e tentei tocá-lo, mas ele não deixou.

─ Rugge, todo mundo tem pesadelo. Se acalma. Volta pra cama, está muito tarde...

Ele negou com um movimento rápido de cabeça.

Estava fora de si. Tremia muito.

─ Não estou mais com sono. – Argumentou, abrindo a porta. ─ Pode dormir.

Fiz que não.

─ Não vou te deixar sozinho. Não mesmo. Espera que eu vou com você...

─ NÃO! – Gritou, me assustando. ─ Não quero que venha comigo, não quero... Só preciso ficar sozinho.

Dei um passo involuntário para trás.

─ Mas Rugge...

─ Não somos um casal, Karol. Eu não amo você e você não me ama. Não somos nada um do outro, não tem motivo para agir assim. Você é apenas uma garota que usa o corpo pra ganhar dinheiro e eu sou o cara que paga. É só isso. Não venha atrás de mim. – E então bateu a porta.

Levei as mãos até a boca e a cobri, abafando o choro idiota que me acometia.

Nunca na vida palavras me doeram tanto, ainda mais ditas com tanto nojo.

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Eu não havia conseguido dormir mais.

Então, quando o dia amanheceu, tomei um banho rápido, vesti uma calça jeans e uma blusa de alcinhas, pois fazia muito calor, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e passei um pouco de corretivo embaixo dos olhos para disfarçar as olheiras, coloquei um pouco de batom e desci.

Não encontrei muitas pessoas à mesa, estavam apenas a Senhora Maria e a tia Luciana, elas conversavam animadamente sobre uma festa que estava acontecendo no povoado ali perto e, quando me viram entrar, logo me chamaram para se juntar a elas.

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